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Jornada simples: integração e o novo ensino superior digital  

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Se você nasceu no século passado, provavelmente se lembra de Os Jetsons. Se não, vamos refrescar a memória. 

Lançada em 1962, essa clássica série de animação traz as aventuras de uma família que vive no (hoje nem tão) distante ano de 2062. Muitas das tecnologias imaginadas por seus criadores, William Hanna e Joseph Barbera, pareciam coisa de outro mundo, mas acabaram incorporadas ao nosso dia a dia. 

Em um dos episódios, Elroy, o caçula da família Jetson, tem aulas com um tutor robô, enquanto um colega assiste a Os Flintstones na tela do relógio de pulso — praticamente um smartwatch!. Em outra ocasião, o menino tenta utilizar uma geringonça chamada Homework Helper para ajudá-lo com suas tarefas escolares. Parece familiar, não? 

A sua maneira, a série acenava para um futuro que já chegou: o da educação digital. As tecnologias se tornaram parte do nosso cotidiano e, assim como em Os Jetsons, contamos com salas de aula virtuais, chamadas de vídeo e um ambiente de aprendizagem que pode ser acessado de praticamente qualquer lugar.  

Mas dá para fazer ainda mais. O uso aprimorado desses recursos pode oferecer uma experiência de aprendizagem única, especialmente no ensino superior. Para isso, é preciso simplificar a jornada do estudante, o que passa pela integração equilibrada entre tecnologia, conteúdo e metodologias educacionais.

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1.1 O novo ensino superior digital 

Mesmo um desenho tão imaginativo como Os Jetsons não poderia prever a vasta oferta de soluções tecnológicas voltadas para a educação que temos hoje. A cada dia, surgem novas ferramentas com a proposta de tornar a experiência dos alunos mais acessível, flexível e personalizada.  

As mudanças no ensino superior têm sido motivadas, em grande parte, pelo crescente protagonismo dos estudantes. Esse conceito reflete uma reorganização do paradigma educacional, que historicamente se baseava em um modelo de transmissão de conhecimento unidirecional — do professor para o aluno.  

Os jovens não se sentem motivados por uma educação que não os instigue e que não dialogue diretamente com eles. Remetendo novamente à ficção, o próprio Elroy Jetson seria um exemplo: ele nasceu em um mundo totalmente tecnológico, por isso prefere aprender de forma personalizada. Nesse sentido, não é diferente de um jovem da Geração Z ou de uma criança da Geração Alfa. 

Além disso, o mercado de trabalho atual exige que os profissionais tenham a capacidade de aprender de forma contínua e adaptativa. No entanto, é responsabilidade das instituições de ensino preparar os estudantes para enfrentar tal realidade. Felizmente, a tecnologia emergiu como um expediente para facilitar essa preparação. 

“Estamos vivendo um salto significativo, desenvolvendo ferramentas que ajudam docentes e instituições a estarem mais próximas da realidade dos alunos”, afirma a gerente de Conteúdo da +A Educação, Daiana Rocha. Para ela, a possibilidade de customizar conteúdos e utilizar um portfólio diversificado oferece aos alunos uma experiência alinhada às suas vivências profissionais.  

O grande desafio é saber como utilizá-las com eficiência e tornar a jornada de aprendizagem mais simples, tanto do ponto vista acadêmico como operacional. Parece algo óbvio, mas não é. Basta lembrarmos da pandemia, quando muitas universidades precisaram encarar essa disrupção “na marra”, nem sempre trazendo soluções que contemplassem as necessidades dos alunos. 

Em um mercado tão competitivo e com ticket médio em queda, a conexão entre tecnologia e conteúdo deixa de ser apenas um diferencial, tornando-se uma questão de sobrevivência. É por isso que um novo modelo de ensino superior passa pela integração da jornada dos alunos dentro do campus virtual.  

1.2 Quais são os pilares desse ensino superior? 

A existência de um novo ensino superior pressupõe uma ruptura significativa com o modelo tradicional de educação universitária. Essa mudança já vem acontecendo de forma gradativa, com a incorporação de tecnologias para diferentes funcionalidades no ambiente de aprendizagem.  

Mas não basta fornecer as ferramentas; é preciso que elas atendam a um propósito e se conectem com três pilares. Cabe destacar que os eixos de sustentação do conhecimento acadêmico seguem os mesmos — ensino, pesquisa e extensão. Ou seja, os pilares aqui referidos são elementos para a construção de um sistema educacional eficaz e inclusivo: flexibilidade, acessibilidade e personalização. 

⭐A flexibilidade dá aos estudantes o poder de escolha sobre onde e quando aprender, adaptando o curso ao seu ritmo e às suas necessidades. Dessa forma, os alunos podem estudar em horários que se encaixam melhor em suas rotinas.

⭐A acessibilidade é uma forma de derrubar barreiras geográficas, sociais e econômicas e levar educação de qualidade a um público mais amplo. Muito da popularização da EaD na última década se deve ao fato de possibilitar que alunos de diferentes localidades, inclusive as mais remotas, tenham acesso ao ensino superior. Além disso, os custos mais baixos permitem que estudantes com menores condições financeiras tenham a oportunidade de estudar.

⭐A personalização coloca o estudante como protagonista do próprio aprendizado. A diversidade de recursos, conteúdos e metodologias pode ser ajustada conforme o perfil de cada um, fazendo, assim, com que todos tenham uma experiência educacional estimulante. 

Gerente executivo de Tecnologia e Inovação da +A Educação, Jackson Fernandes destaca que esses fatores valorizam a experiência do usuário não só do aluno, mas também de professores e coordenadores. “Quando falamos nessa experiência, temos que conectá-la com as palavras ‘fácil de usar’. O que é fácil de usar automaticamente se tornará uma boa experiência para o usuário. Se ele não tiver que utilizar nenhum vídeo ou manual para acessar a plataforma de aprendizagem, é porque ela é realmente intuitiva”, afirma. 

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Contemplar esses três pilares é a única forma de oferecer uma educação dinâmica, inclusiva e alinhada com as demandas do mundo contemporâneo. Para atendê-los, o ensino superior digital se vale de outros aspectos igualmente importantes: 

  • Tecnologia – Uma das principais características do ensino superior digital é o uso de plataformas de aprendizagem, videoconferências, aplicativos móveis, ferramentas de inteligência artificial (IA) e recursos multimídia.
  • Pedagogia inovadora – A tecnologia deve ser acompanhada de metodologias ativas que envolvam os alunos, como Aprendizagem Baseada em Projetos, gamificação, sala de aula invertida etc.
  • Preparação para o trabalho – Cada vez mais, os currículos precisam valorizar o desenvolvimento de habilidades essenciais para o mercado de trabalho. As IES devem promover parcerias com empresas, por meio de programas de estágio e capacitação, gerando oportunidades para o estudante aplicar seu conhecimento na prática.

2. Principais tecnologias e tendências

2.1 Plataformas de aprendizagem online  

Do design ao conteúdo, a tecnologia está presente em toda a jornada do aluno no ensino superior. Mas há uma grande diferença no que se refere ao formato, a começar pelas plataformas de aprendizagem. 

 O Learning Management Systems (LMS) continua tendo adesão pelas IES, embora seja um modelo de transmissão de conteúdo vertical. Os gestores são os responsáveis por definir e compartilhar os conteúdos com os demais profissionais.

Já o Learning Experience Platform (LXP) oferece uma experiência mais customizada, utilizando inteligência artificial para recomendar conteúdos e trilhas de aprendizagem. Com sua abordagem centrada no usuário e o uso de ferramentas de análise de dados, o formato melhora a experiência dos estudantes e até mesmo o desempenho organizacional da IES. 

2.2 Conteúdo 

Além das plataformas, há vários recursos disponíveis para personalizar o ensino. Por meio deles, os educadores podem escolher sua abordagem pedagógica e criar um conteúdo capaz de engajar diferentes perfis de alunos. Entre os principais recursos estão: 

Objetos imersivos e laboratórios virtuais – Vídeos 360° (realidade virtual), objetos 3D (realidade aumentada) e laboratórios virtuais ajudam a criar experiências práticas imersivas mais próximas da realidade e em ambientes controlados.   

Objetos de aprendizagem – Aqui entra uma enorme gama de recursos, como e-books, infográficos, podcasts, quizzes, simuladores, textos e vídeos curtos ou interativos. Quanto mais alternativas, maiores as chances de o aluno se envolver com o conteúdo. 

Jornada simples: integração e o novo ensino superior digital

Gamificação – A utilização de elementos de jogos, como pontuação, níveis e testes de conhecimento, ajuda a aumentar o engajamento e a motivação dos alunos. 

Inteligência artificial – A IA desempenha diversos papéis no processo educacional — busca de conteúdo com base na ementa das disciplinas e tutor personalizado para os alunos. Também serve para automatizar processos, analisar grandes volumes de dados acadêmicos e administrativos e ajudar os professores na curadoria de um conteúdo alinhado com o direcionamento da IES. 

2.3 Tendências 

Em qualquer área, existem tendências que vêm para ficar, enquanto outras se revelam modismos e desaparecem. Quando o assunto é digitalização do ensino superior, a maioria se confirmou e hoje faz parte da rotina dos estudantes.  

A aprendizagem personalizada, por exemplo, é uma delas. Com a utilização de IA e análise de dados, ficou mais fácil criar experiências de aprendizagem sob medida para cada aluno. Outra tendência que vem crescendo bastante no ensino superior é o formato híbrido 

Falaremos sobre ambas mais adiante, mas, de forma pontual, também podemos citar o uso de:  

  • Mobile learning: consiste na otimização de conteúdos para dispositivos móveis; 
  • Realidade estendida: é a combinação de realidade virtual, realidade aumentada e outros objetos, para criar ambientes de aprendizagem ainda mais imersivos e interativos; 
  • Microcredenciais: certificações específicas que reconhecem a aquisição de habilidades e competências particulares são cada vez mais comuns, não apenas em cursos rápidos; 
  • Análise de dados: o uso de big data ajuda a analisar o comportamento dos alunos, identificar padrões e melhorar as estratégias de ensino; 
  • Educação baseada em competências: esse modelo é focado em habilidades e competências específicas, com avaliações contínuas para medir o progresso dos alunos. 

Para Rafael Alonso Silva, gerente de produtos da +A Educação, o desenvolvimento dessas competências é um terreno a ser explorado cada vez mais no ensino superior.  

“No mundo em que vivemos hoje, usamos o digital para potencializar tudo. Por que não utilizar isso também na educação?”, questiona. “Estimular o aprendizado contínuo, ou lifelong learning, é fundamental. Se não estivermos sempre estudando, nos reciclando ficamos desatualizados.” 

3. Resultados e impacto

3.1 Engajamento e motivação dos alunos  

A integração de todos esses elementos tem como principal impacto o engajamento dos estudantes. A possibilidade de aprender em seu próprio ritmo e tempo permite que eles equilibrem suas responsabilidades pessoais, profissionais e acadêmicas, reduzindo o estresse e aumentando a satisfação. 

Alguns estímulos contribuem para que o aluno se mantenha interessado nas aulas. Reconhecimentos como badges e certificações menores, por exemplo, incentivam o progresso contínuo, enquanto um feedback personalizado ajuda a mostrar se eles estão no caminho certo ou corrigir o rumo. 

Para as IES, esse engajamento se traduz em um maior nível de retenção e aumento do Net Promoter Score (NPS), uma métrica que mede a lealdade e a satisfação dos estudantes em relação à instituição de ensino. E, como se sabe, uma coisa leva a outra: um alto índice de engajamento diminui as chances de evasão, o que por sua vez ajuda a garantir uma receita contínua e maior previsibilidade financeira. 

3.2 Modelo híbrido integrado 

O ensino híbrido é um modelo cada vez mais valorizado pelas IES. Ao utilizar esse formato de forma integrada, elas podem oferecer atividades presenciais e online dentro de um único fluxo de aprendizagem, de modo que ambos os ambientes se complementam. 

Consultor da Plataforma A, Gustavo Hoffmann define como ultrapassada a ideia de que os formatos devam andar separados. “Se estamos convergindo para um único modelo de educação, não faz sentido separar em 100% EaD ou 100% presencial”, ressalta. 

Jornada simples: integração e o novo ensino superior digital  

De maneira geral, o ambiente virtual é destinado a leituras, vídeos e outros conteúdos teóricos que podem ser absorvidos de forma assíncrona. A presencialidade só é demandada em debates, atividades laboratoriais ou outras aplicações práticas, especialmente se elas exigirem interação ou acompanhamento de um educador.  

Coordenadora de Negócios da +A Educação, Raphaela Novaes acredita que a divisão entre o que é remoto e o que é presencial tende a desaparecer gradualmente. “Precisamos pensar em experiências de aprendizagem e intencionalidade pedagógica e, a partir disso, considerando o modelo de contratação e as necessidades dos estudantes, elaborar estratégias síncronas ou assíncronas, virtuais ou presenciais”, diz. 

Nem totalmente online, nem totalmente presencial: o ensino híbrido integrado é uma combinação que oferece o melhor dos dois mundos. Para os estudantes, é o modo ideal de adquirir as competências exigidas para sua formação; para os professores, permite diversificar estratégias pedagógicas e atender a diferentes estilos de aprendizagem; e para as IES, representa uma redução significativa de custos operacionais. 

3.3 Personalização do aprendizado 

No ensino superior digital, os estudantes assumem o protagonismo e têm maior controle sobre como e quando acessam os conteúdos. Portanto, a ideia é que o aprendizado se molde ao perfil do aluno, e não o contrário. 

As plataformas de aprendizagem fornecem recursos para facilitar essa personalização, como trilhas de aprendizagem individualizadas, indicação de conteúdos adicionais com base no desempenho ou nos interesses do aluno e a opção de escolher a sequência dos tópicos estudados. 

Ferramentas de avaliação contínua, como quizzes e exercícios automatizados, facilitam o acompanhamento, pelos professores, desse progresso em tempo real. Isso ajuda a identificar dificuldades específicas de cada estudante e sugerir intervenções pontuais. 

Além disso, o ensino digital apresenta uma variedade de formatos de conteúdo — vídeos, simulações, podcasts, textos interativos. Os alunos que preferem estudar de forma mais visual podem optar por vídeos e infográficos, enquanto aqueles que aprendem melhor com leitura podem ter acesso a e-books ou apostilas no formato PDF, por exemplo. Essa flexibilidade amplia as chances de absorção de conhecimento. 

Conforme Alonso, a personalização em escala ajuda as IES a adaptar o conteúdo de acordo com suas necessidades específicas e a se diferenciar no mercado. “Usamos a tecnologia para personalizar ofertas por curso ou disciplina e, em casos premium, até mesmo por aluno”, diz 

O gestor usa como exemplo o curso de Pedagogia disponível no catálogo da SAGAH, solução integrada da Plataforma A. Uma instituição pode usar o material na íntegra ou customizar determinadas partes para refletir sua identidade e estratégias educacionais.  

“Isso pode incluir a reordenação de Unidades de Aprendizagem, a adição de conteúdo multimídia específico ou a inclusão de recursos interativos que melhor atendam ao perfil dos alunos daquela instituição”, explica. Esse nível de personalização permite que as instituições se destaquem, oferecendo uma experiência educativa única e adaptada.

3.4 Acesso a recursos de alta qualidade na EaD 

Falando em conteúdo, esse é um grande diferencial do ensino superior digital. E não é para menos: em um ambiente de aprendizagem capaz de integrar diferentes recursos, os estudantes devem ter acesso a opções de alta qualidade, capazes de potencializar sua experiência de aprendizado.  

Um material pedagógico que passa pela curadoria de especialistas faz com a jornada do aluno na educação a distância tenha o mesmo nível de profundidade e rigor de uma experiência presencial. Se esse conteúdo for atualizado constantemente, o estudante estará sempre em contato com o que há de mais recente em cada área de conhecimento. 

A qualidade na EaD também está relacionada à estruturação de um suporte técnico eficiente e a estratégias pedagógicas que incentivem a interação constante entre alunos e professores. Para manter o padrão elevado, as IES devem adotar metodologias ativas, que combinem conteúdos ricos com um acompanhamento próximo do aluno para solucionar dúvidas e estimular o desenvolvimento acadêmico. 

A gestora Raphaela Novaes considera que a qualidade do ensino superior no Brasil deve ser uma preocupação de todos, independente da modalidade. “Nosso conteúdo é elaborado em acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e, sempre que há uma atualização, realizamos as devidas modificações em nossas matrizes”, aponta. 

Gustavo Hoffmann vai na mesma linha, e acredita que a luta para melhorar a qualidade da educação no Brasil não deve se concentrar na EaD. “Existem cursos presenciais muito bons e outros muito ruins. O mesmo vale para a educação a distância. A briga deve ser a favor da qualidade, não contra uma modalidade”, pontua. 

4. Particularidades da integração

4.1 Dispensar LXP ou LMS? 

A conexão entre tecnologias educacionais é essencial para criar uma aprendizagem transformadora no ensino superior. Isso exige repensar ferramentas que desempenham papéis importantes, mas que pecam pela falta de integração. 

O uso de um LXP ou LMS depende das necessidades da instituição e do modelo de ensino. O primeiro ainda é útil para cursos que exigem um controle rigoroso sobre prazos, avaliações e progresso acadêmico, além de facilitar o trabalho administrativo dos professores e gestores. No entanto, para IES que desejam uma experiência de aprendizado mais centrada no aluno, o LXP pode ser a escolha mais adequada. 

Para abrir mão dessas plataformas, a instituição precisa considerar o impacto na experiência do aluno e na capacidade de monitorar o desempenho acadêmico. A decisão de dispensá-las deve ser acompanhada de uma estratégia tecnológica e pedagógica robusta. O ideal é recorrer a uma plataforma de aprendizagem integrada, que concentre todas as soluções, de tecnologia e conteúdo, em um só lugar. 

4.2 Flexibilidade   

A aprendizagem integrada deve ser flexível ao concentrar diferentes aspectos do processo educacional em um único ambiente digital. Essa flexibilidade se manifesta tanto na forma como os estudantes acessam e consomem o conteúdo quanto na maneira como os docentes gerenciam e organizam suas atividades. 

Para os alunos, a flexibilidade surge principalmente na capacidade de acessar materiais e recursos a qualquer momento e de qualquer lugar. Em uma plataforma integrada, todo o conteúdo do curso — aulas, leituras, exercícios, discussões e avaliações — precisa ser de fácil acesso. 

Outro benefício decorrente da integração é a capacidade de incorporar tecnologias e metodologias de ensino sem grandes rupturas. Dessa forma, as IES podem inserir novas ferramentas de análise de dados, interações mais imersivas ou sistemas de feedback contínuo, mantendo o curso sempre atualizado. 

4.3 Melhoria na avaliação e feedback 

Primeiramente, a integração entre diferentes ferramentas faz com que as avaliações sejam mais personalizadas. Professores podem utilizar quizzes, fóruns e tarefas colaborativas, entre outros métodos, tudo dentro de um único ambiente. Isso possibilita ao docente escolher o formato de avaliação que melhor se alinha aos objetivos do curso.  

O feedback também se beneficia enormemente da integração. As plataformas permitem que os professores forneçam comentários detalhados sobre o desempenho de cada aluno logo após a conclusão de atividades ou avaliações. Dar esse retorno em tempo real ajuda os estudantes a corrigirem erros rapidamente e ajustarem sua abordagem antes da próxima etapa. 

As melhorias na avaliação também incluem o uso de dados e análise de aprendizado. Com um sistema integrado, é possível coletar e visualizar métricas detalhadas sobre o desempenho individual e coletivo das turmas. Esses números ajudam gestores, professores e estudantes a terem uma visão clara das áreas de sucesso e dos pontos que precisam de mais atenção.  

“Não basta simplesmente pensar: ‘eu conheço o meu aluno e sei o que ele pensa’. As IES têm que trabalhar com a estruturação de dados, montar relatórios e entender os indicadores para só depois levantar as hipóteses e trabalhar para controlar a evasão”, argumenta Dyego Nunes, gerente de Customer Success da +A Educação. 

A integração de tecnologias também facilita o uso de rubricas e critérios claros para avaliação. Os alunos têm acesso aos critérios para cada atividade, o que garante a transparência e do processo e um feedback mais compreensível. 

5. Desafios e considerações

Para promover uma experiência de aprendizagem verdadeiramente significativa no ensino superior, as IES precisam ficar atentas a alguns fatores. A seguir, falaremos sobre três pontos que devem ser levados em conta no processo de integração. 

5.1 Segurança e privacidade de dados 

As plataformas de aprendizagem lidam com uma grande quantidade de dados, incluindo informações pessoais dos usuários, registros acadêmicos, avaliações e interações em fóruns e salas de aula virtuais. Esse armazenamento exige robustos mecanismos de segurança contra acessos não autorizados, vazamentos e ataques cibernéticos.  

A conexão entre diferentes sistemas pode aumentar a complexidade na gestão de dados e a necessidade de garantir a interoperabilidade segura entre eles. A adoção de uma solução integrada, que reúna todos os recursos em um único ambiente de aprendizagem, é uma forma de minimizar riscos. 

Além dos cuidados com a segurança técnica, é preciso agir em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As IES devem avaliar cuidadosamente as políticas de privacidade e os acordos de segurança das plataformas para assegurar que os dados sejam protegidos em todas as fases do ciclo de vida da informação, da coleta ao descarte. Nesse caso, a opção mais recomendável é procurar fornecedores com expertise no mercado.  

5.2 Capacitação docente 

Com a tecnologia evoluindo constantemente, obter o engajamento dos alunos requer atenção redobrada. No ensino superior digital, essa tarefa pode ser bastante desafiadora, já que a interação no ambiente virtual é bem menor — e as cobranças dos professores, também. Nesse sentido, o desempenho do corpo docente no ambiente virtual pode ser um elemento-chave para o sucesso (ou o fracasso) de uma IES. 

Muitos educadores ainda precisam desenvolver competências digitais e repensar suas metodologias de ensino. Essa transição exige não apenas familiaridade com ferramentas tecnológicas, mas também uma nova mentalidade pedagógica que estimule o uso de conteúdos multimídia, avaliação contínua e interação online.  

Nesse aspecto, a gerente de Negócios da +A Educação, Daniela Hauser, observa que a simplificação da jornada é benéfica também para os educadores. “A adoção de novas tecnologias ainda é um desafio: elas já estão implantadas, pagas pela instituição, mas há dificuldade de utilização pelo corpo docente. Por isso, quanto mais acessível for uma solução tecnológica, mais fácil será fazer com que o professor consiga utilizá-la, independentemente de ela ser de conteúdo ou tecnologia”, pondera. 

Cabe às IES direcionar seus investimentos para a capacitação docente e fornecer suporte técnico para que os professores possam se manter sempre atualizados. “Nenhuma inovação será válida se desconectada do fazer pedagógico”, sintetiza Raphaela Novaes.   

5.3 Custos e sustentabilidade 

Fornecer aos estudantes uma experiência de aprendizagem integrada no ensino superior envolve uma série de considerações relacionadas a custos e sustentabilidade. Encontrar uma alternativa que equilibre esses aspectos é meio caminho andado para garantir o sucesso das IES 

Uma plataforma modular e customizável pode ser uma escolha vantajosa. Sistemas que permitam a adição e remoção de módulos conforme a necessidade ajudam a gerenciar os custos de modo eficiente. 

A presença de recursos integrados de análise de dados é outro fator a ser considerado. Essa capacidade ajuda a identificar áreas de melhoria e a garantir que o produto esteja alinhado com os objetivos educacionais da IES, proporcionando um retorno sobre o investimento mais claro e justificável. 

Determinadas garantias também desempenham um papel importante na gestão de custos. Algumas soluções oferecem treinamento para professores e suporte técnico como parte do pacote, o que pode reduzir despesas adicionais e assegurar que a equipe esteja bem preparada para utilizar a tecnologia. Por fim, levar em conta a reputação e a experiência do fornecedor é fundamental para garantir uma escolha acertada.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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