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A importância da sinergia entre ensino superior e mercado de trabalho

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Cada vez mais, o mercado de trabalho procura profissionais preparados para resolver problemas de forma ágil e dinâmica. Da mesma maneira, a sociedade espera cidadãos conectados às suas demandas. No ensino superior, a curricularização da extensão atua nesse sentido, aproximando teoria e prática.

A execução de programas voltados à intensificação da articulação entre universidades e empresas é urgente. Está ligada, inclusive, ao desenvolvimento econômico e social do Brasil, onde a aplicabilidade comercial de pesquisas acadêmicas, por exemplo, deixa a desejar.

É por esses e outros motivos que, até janeiro de 2023, 10% da carga horária total de todos os cursos de graduação deve ser dedicada às atividades de extensão. O objetivo é aproximar as instituições das necessidades reais do mundo fora do campus.

A voz de quem contrata

Para quem contrata, a curricularização da extensão significa a oportunidade de contar com profissionais bem preparados. Mais acostumados com o desenvolvimento de projetos, os formandos demandam menos tempo de treinamento.

É o que acontece na Nutrimental, uma indústria da área de alimentação com matriz em São José dos Pinhais, no Paraná. Através de uma parceria com a UniAmérica, os alunos colocam o conhecimento teórico em prática em um campus localizado na fábrica.

A parceria envolve os cursos de Nutrição, Engenharia de Produção, Engenharia de Alimentos e Administração. Todo o planejamento é feito para que os estudantes tenham uma experiência profissional dentro da empresa, com base em desafios reais.

curricularização da extensão

Para o gestor de comunicação da Nutrimental, Ricardo Scharppe, o egresso formado em sinergia com o mercado de trabalho é mais maduro. Isso proporciona até uma economia para as companhias na hora de contratar.

“Não é como aquela pessoa que você vai ter que deslocar outro profissional mais antigo para treinar”, explica Scharppe. “Com o modelo que usamos, podemos contratar um recém-formado que já tem requisitos que podem ser aproveitados pela empresa. Sem contar que eles já têm uma afinidade conosco”, completa.

Na aliança entre a Nutrimental e a UniAmérica, o ensino acontece em um modelo híbrido. Nesse caso, o aluno aprofunda os conhecimentos em casa – com os professores assumindo o papel de mentores – para depois efetivá-los na empresa.

Dessa maneira, ao sair da faculdade, os estudantes têm um portfólio amplo em mãos. “Para um profissional de recursos humanos, é um diferencial receber um currículo que diz quais projetos foram desenvolvidos e quais soluções foram encontradas. Isso mostra como o candidato pensa, se relaciona e está preparado”, diz Scharppe.

Leia mais: As previsões de Yuval Harari sobre educação e trabalho em 2050

Mais integração com o mercado

As instituições de ensino superior (IES) não dependem da obrigatoriedade da curricularização da extensão para estreitarem os laços com o mercado de trabalho. Entre os exemplos de ações alternativas, estão os programas de estágio, assim como desafios e incentivos de capacitação das próprias empresas.

O mais importante é a formação de profissionais alinhados às competências e habilidades do século 21. O relatório The Future of Jobs, do Fórum Econômico Mundial, destaca a relevância de soft skills como pensamento crítico, criatividade e resiliência.

O gerente de recursos humanos, treinamento e desenvolvimento da farmacêutica Prati-Donaduzzi, Luís Pitarello, reforça que a entrega de bons profissionais para áreas como a indústria passa pelo ensino de qualidade nas IES. Se as instituições estiverem próximas das empresas, os benefícios são ainda maiores.

“Os graduandos naturalmente levam questões do dia a dia do trabalho para dentro do curso, gerando respostas para nossas questões”, destaca. “Essa troca é muito construtiva, pois gera soluções que talvez não fossem pensadas aqui dentro, o que também colabora para manter a empresa competitiva”, afirma Pitarello.

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Trabalhar com a resolução de problemas reais, como pontuou Pitarello, é uma das preocupações da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS). Recentemente, um projeto elaborado pelo Centro de Design, por exemplo, desenvolveu ilustrações e estampas para produtos e projetou um novo espaço para um estúdio de tatuagem da cidade gaúcha.

Essa é apenas uma das iniciativas tocadas por alunos. Segundo a coordenadora do Centro de Design, Regina Heidrich, são elaborados serviços e produtos em parceria com empresas em áreas como design gráfico, de superfície, de produto e interiores, assim como arquitetura e moda.

O resultado movimenta a economia local, apoiando a inovação em empreendimentos de todos os portes. “Queremos diversificar, ter criatividade em nossos produtos. Foi o que o Centro de Design trouxe para nós, algo totalmente conceitual, o que nos surpreendeu positivamente”, comemora o sócio-proprietário da Tattoo Arte, Éder Juliano Schaeffer Ferraz.

Leia mais: Sirius: a formação de uma IES tecnológica, empreendedora e conectada ao mercado

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