Laboratórios físicos e virtuais: uma combinação de sucesso no ensino superior

Redação • 29 de julho de 2025

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    Se você ingressou na universidade na época em que CD-ROMs representavam o ápice da interatividade virtual, deve se lembrar de que a experimentação prática era restrita a alguns momentos específicos da graduação. Havia “fila de espera” para acessar os laboratórios, que, por serem caros e escassos, precisavam ser compartilhados entre diversas turmas. 


    A popularização da internet mudou completamente o cenário. Ferramentas que eram privilégio de poucas instituições de ensino superior (IES) tornaram-se amplamente acessíveis. Um bom exemplo são os simuladores: antes, qualquer atualização exigia reinstalar o software de forma individual em cada computador. Com o avanço das plataformas online, o processo foi centralizado, permitindo upgrades automáticos e simultâneos para todos os usuários. 


    Na esteira dessa evolução, ambientes de aprendizagem como LXP, Moodle, Blackboard e Canvas, tradicionalmente usados para a organização de conteúdos, passaram a integrar laboratórios virtuais nos cursos online. O acesso remoto rompeu barreiras geográficas e tecnológicas, dando a opção de vivenciar experiências práticas de qualquer lugar e a qualquer hora.


    O expressivo aumento na oferta de educação a distância (EaD), na última década, impulsionou de vez o desenvolvimento dos laboratórios virtuais. Começaram a surgir plataformas com recursos como realidade aumentada, inteligência artificial (IA) e análise de dados. Por consequência, as experiências ficaram ainda mais imersivas, seguras e acessíveis


    A Nova Política de Educação a Distância, regulamentada em maio de 2025 pelo Decreto nº 12.456, estabeleceu uma carga horária presencial obrigatória para todas as modalidades de ensino.  


    Agora, mais do que nunca, é necessário oferecer práticas presenciais em todos os polos, isso não significa que os laboratórios virtuais perderam seu valor ou sua função pedagógica. Pelo contrário: eles que vão permitir que os estudantes testem hipóteses e desenvolvam habilidades práticas em um ambiente seguro, desempenhando um importante papel para a formação profissional e, operação das IES. 


    “A conexão entre laboratórios físicos e virtuais é uma dobradinha interessante para a prática educacional, funcionando como complemento ou reforço. E essa mobilidade abre caminho para uma perspectiva promissora na educação”, diz Paulo Chanan, presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades (Abrafi) e membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). 


    Os impactos do novo marco regulatório 


    Popularmente conhecida como marco regulatório da EaD, a Nova Política de Educação a Distância trouxe alguns desafios para as IES. Com o argumento de que é preciso melhorar a qualidade do ensino superior brasileiro, o Ministério da Educação (MEC) definiu critérios mais rígidos em relação à carga horária presencial dos cursos. 


    Apesar de avaliar que alguns pontos da lei são passíveis de questionamento, o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), João Mattar, considera que o marco regulatório ficou “bom”. 


    “Temos críticas em relação ao processo, já prevendo seus desdobramentos, mas era necessário que houvesse um avanço. Marcos legais podem — e devem - ser atualizados. Nosso trabalho segue a partir dele”, justifica. 


    Um dos questionamentos é justamente em relação ao peso atribuído às atividades presenciais. Mattar não acredita que obrigar os estudantes a se deslocarem para uma aula, por si só, vá melhorar a qualidade da aprendizagem. Nesse sentido, entende que o novo marco pode até gerar efeitos colaterais indesejados, como o aumento da exclusão


    “Hoje, com as tecnologias disponíveis, é possível oferecer aulas dinâmicas e eficazes, sem perda de tempo. Muitas vezes o polo está distante da casa do estudante, e isso implica em problemas de deslocamento, disponibilidade de transporte público e segurança — especialmente porque muitos alunos estudam à noite”, argumenta. 



    Paulo Chanan tem uma leitura semelhante, embora ache que agora, pelo menos, as regras estão mais claras. “Algumas definições já existiam, mas eram confusas. O conceito de presencialidade ficou mais preciso, pois foram criados elementos para proporcionar um ambiente de fiscalização melhor”, pondera. 


    O representante da Abmes destaca, porém, que o impacto pode ser muito grande para as IES — e não somente pelo aspecto financeiro e pela infraestrutura. A mudança de mindset passa, entre outras coisas, por compreender que o uso de tecnologia precisa atender a objetivos educacionais específicos. “De nada adianta criar uma atividade prática para inserir a tecnologia só por conveniência. Ela tem que cumprir um propósito”, afirma Chanan. 


    O propósito, no caso, é fazer com que o aluno coloque a mão na massa, para experimentar aquilo que vai encontrar no ambiente profissional. “Pode ser por meio de laboratórios virtuais, equipamentos pequenos ou grandes… O importante é que a tecnologia estimule a participação ativa do estudante, convide o aluno a se envolver de fato.” 

    Como os laboratórios virtuais podem se tornar uma oportunidade para as IES 


    À primeira vista, o novo cenário pode parecer restritivo — e complexo. Mas também é uma chance única para as IES que desejam crescer e aprimorar a experiências de aprendizagem dos estudantes. 

     

    Gerente executiva da Plataforma A, Daiana Rocha destaca que, ao serem integrados a roteiros de atividades orientadas por problemas (PBL), os laboratórios virtuais oferecem um espaço para experimentação segura para os alunos, ajudando-os, assim, a desenvolver habilidades cognitivas e técnicas com autonomia

     

    “Nesse contexto, a atividade assíncrona ganha mais profundidade, pois deixa de ser apenas teórica para se tornar experiencial”, observa Daiana. 

     

    A educadora lembra que os equipamentos podem beneficiar todas as modalidades de ensino, e não somente a EaD. “Na educação a distância, os laboratórios virtuais democratizam o acesso a práticas  que seriam inviáveis em ambientes físicos, tanto por custo quanto por logística. Mas também podem funcionar como uma extensão do espaço físico, permitindo o pré-treinamento antes da prática presencial ou aprofundamento pós-aula e reforçando o modelo semipresencial”, avalia. 

     

     

    Para Raphaela Novaes, coordenadora de Negócios da Plataforma A, os laboratórios virtuais ganham ainda mais relevância dentro do novo marco. Em áreas que demandam experimentação, simulação e desenvolvimento prático, eles deixam de ser apenas uma alternativa à infraestrutura física e passam a ocupar um papel estratégico na mediação pedagógica dos cursos. 

     

    “Imagine que o estudante realiza uma prática de laboratório virtual e depois, durante o momento síncrono mediado, o mediador promova uma discussão sobre as dificuldades encontradas na realização da prática”, diz. 

    A coordenadora considera os laboratórios virtuais uma ponte entre momentos síncronos e assíncronos. “Por meio deles, é possível criar experiências formativas que o estudante pode acessar no seu tempo, de forma autônoma, mas que também podem ser articuladas a momentos síncronos mediados por professores, tutores ou profissionais do mercado, promovendo discussões, interpretações e aprofundamentos”, sugere. 

     

    Por que integrar laboratórios físicos e virtuais? 


    A prática experimental ocupa um lugar central na formação de estudantes do ensino superior. É por meio do “fazer” que se consolidam os conhecimentos teóricos, desenvolvem-se habilidades técnicas e se estimula o raciocínio crítico. 


    Nesse contexto, os laboratórios são peças-chave na construção de uma aprendizagem significativa. 


    • Laboratórios físicos oferecem experiências práticas com equipamentos reais, manipulação de substâncias, contato com protocolos e vivência direta dos desafios que profissionais enfrentarão no mercado de trabalho. 
    • Laboratórios virtuais, por sua vez, trazem uma abordagem inovadora e complementar, baseada em simulações interativas que podem ser repetidas quantas vezes forem necessárias, sem custo adicional, limitações de insumos, infraestrutura ou riscos físicos, mantendo ainda, o rigor científico e didático. 


    Conforme Raphaela Moraes, os formatos não competem entre si. O uso combinado, por outro lado, amplia a oferta de experiências práticas e oferece uma formação mais flexível, escalável e centrada no aluno.


    “Quando bem integrados ao Projeto Pedagógico de Curso (PPC), os ambientes digitais potencializam o desenvolvimento de competências práticas e favorecem a personalização da aprendizagem, respeitando o ritmo e os estilos de aprendizagem de cada estudante”, afirma ela.


    Veja abaixo dois exemplos, um da área de Humanas, o laboratório de música, e de Ciências Naturais.


    Como começar a integração? 


    Uma estratégia eficaz para essa integração começa com a preparação prévia no ambiente virtual. Antes de uma atividade em laboratório físico, o aluno pode explorar conceitos, conhecer os equipamentos e ensaiar os procedimentos por meio de simulações. Isso aumenta sua segurança e o rendimento no ambiente presencial, otimizando o tempo do professor e reduzindo o desperdício de materiais


    Também há práticas que seriam inviáveis no mundo físico — seja por questões de custo, localização, risco ou necessidade de equipamentos muito específicos. Em cursos como Engenharia Química, por exemplo, o aluno consegue simular a operação de uma planta industrial virtualmente, aprendendo sobre variáveis como pressão, temperatura e fluxo, antes de visitar a planta-piloto física da IES. Na área da Saúde, pode praticar repetidamente a dosagem de medicamentos em um ambiente simulado, reduzindo erros no laboratório real. 

    Equipamentos portáteis: uma solução viável para as atividades presenciais


    Mesmo contando com laboratórios virtuais, as IES precisam integrar experiências in loco a modelos híbridos ou EaD. O caminho para fazer isso sem comprometer a sustentabilidade financeira está na utilização de equipamentos portáteis, como kits e maletas didáticas


    Segundo Vinícius Dias, CEO da Algetec, a demanda por esses recursos aumentou significativamente nos últimos anos. “Antes da pandemia, o que se via eram apenas equipamentos em grande escala, bancadas didáticas clássicas. Quando você pensa em um laboratório físico tradicional, pensa nesses equipamentos maiores”, observa. 


    A virada veio após o período de isolamento social, quando a empresa começou a produzir equipamentos compactos e inteligentes — e, de certa forma, antecipou-se às exigências do MEC. “Ao retomarmos as atividades, percebemos que as IES não voltariam sequer ao modelo mais compacto de equipamento. Isso aconteceu porque os tickets caíram demais durante a pandemia, sobretudo nas Engenharias”, explica. 

     

    Já com a discussão do marco regulatório em andamento, ele constatou que era necessário criar materiais realmente portáteis. Surgiu, então, o acervo de maletas e kits didáticos da Plataforma A, que pode ser facilmente levado de um polo para o outro e tem um custo muito mais baixo para as IES.

    Maleta de energias renováveis para o ensino superior

    Os equipamentos são miniaturas das bancadas tradicionais, com praticamente todos os recursos que estas disponibilizam. “Não é só a solução mais viável para oferecer cursos dentro das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), mas a única possível. Maletas e kits reduzem custos operacionais e permitem trabalhar em uma escala que muitas IES não têm condições de atender de outra forma”, argumenta Dias. 

     

    O CEO da Algetec também defende o uso combinado dos recursos presenciais com a tecnologia dos laboratórios virtuais. “Mesmo que não atendam ao quesito da presencialidade do novo marco, eles continuam sendo um complemento fundamental para a experiência de aprendizagem”, assegura. 

     

    Qual será o futuro das práticas laboratoriais no ensino superior? 


    No futuro, a integração entre laboratórios virtuais e físicos tende a se consolidar como uma prática rotineira no ensino superior. Ambientes híbridos permitirão que os alunos iniciem um experimento remotamente, façam a transição para o físico e, depois, revisitem etapas críticas em simulações inteligentes, tudo com acompanhamento em tempo real pelos professores. 


    Essa evolução amplia a eficiência da prática acadêmica, tornando o processo formativo mais conectado às exigências do mercado. E, mesmo que o novo marco imponha limites quanto ao uso da tecnologia, a transformação continuará em curso. 


    “É compreensível a preocupação do governo com indicadores para garantir que a educação oferecida às pessoas seja de boa qualidade. Mas isso não pode ser, de modo algum, um limitador da inovação. Toda inovação requer certa flexibilidade. Porque no momento que você limita, está impedindo o sistema educacional de avançar”, reflete Waismann. 

     

    João Mattar, da Abed, prevê que novas mudanças virão. Ele acha que os equipamentos serão tema de regulamentações posteriores, sem a necessidade de alterar o marco referencial. 

     

    “É natural que isso ocorra, tendo em vista que há outros fatores em jogo além dos laboratórios, como inteligência artificial, realidade virtual aumentada… No curso de Medicina, por exemplo, há muitas simulações — de reanimação, de intubação. É uma tendência mundial.  Então, isso precisará ser abordado”, aposta. 


    Diante desse cenário, o novo modelo de prática laboratorial no ensino superior depende não apenas da infraestrutura e da adesão das instituições, mas também de diretrizes que acompanhem a velocidade da inovação. É preciso garantir qualidade, sim — mas sem sufocar o avanço de metodologias que já se mostraram eficazes, escaláveis e alinhadas às demandas do século XXI. 


    Conheça os laboratórios da Plataforma A 


    Os laboratórios virtuais da Plataforma A, desenvolvidos em parceria com a Algetec, proporcionam uma experiência imersiva e interativa de alta fidelidade em relação aos procedimentos e equipamentos dos laboratórios físicos. Por meio deles, os estudantes podem realizar experimentos práticos no digital, com  a liberdade para testar e refazer quantas vezes forem necessárias. 

     

    São mais de 1.000 opções disponíveis, para todas as áreas de conhecimento, que dão acesso simplificado a experimentos essenciais, que conectam o aluno à teoria e prática, garantindo um aprendizado completo e eficaz. 

     

    Para experimentar um de nossos laboratórios, basta preencher o formulário.

    Por Redação

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