Mediador pedagógico: quem é, o que faz e como estruturá-lo na nova EaD

Redação • 4 de julho de 2025

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    Embora a Nova Política de Educação a Distância tenha trazido várias mudanças de impacto para as instituições de ensino superior (IES), a maioria delas, de alguma forma, já era esperada pelos especialistas do setor. Em um cenário de poucas surpresas, talvez a principal delas tenha sido a inclusão de um novo personagem na EaD: o mediador pedagógico


    Não se trata apenas de uma redefinição do papel que antes era atribuído ao tutor. O mediador pedagógico exerce um papel fundamental no novo modelo de educação a distância, sobretudo nas atividades síncronas mediadas. Além disso, a nova nomenclatura exige atenção das IES no que diz respeito a questões trabalhistas


    Neste post, o Desafios da Educação, com ajuda de especialistas da Plataforma A, explica quem é o mediador pedagógico e quais suas funções dentro do novo marco regulatório da EaD. 


    Mediador pedagógico x tutor: quais são as diferenças? 

     

    De acordo com o Decreto Nº 12.456, de 19 de maio de 2025, que estabelece a Nova Política da Educação a Distância, as atribuições e a formação acadêmica dos mediadores pedagógicos serão dispostas conforme os referenciais de qualidade para os cursos de graduação com oferta a distância. Desse modo, a regulamentação extingue a figura do tutor pedagógico e estabelece uma diferenciação clara entre mediação e tutoria:


    • Mediador pedagógico: profissional com formação compatível, que atua na mediação educacional das atividades EaD (especialmente as síncronas mediadas), com interação ativa, controle de frequência e limite de até 70 estudantes por grupo. 
    • Tutor: passa a ter função exclusivamente administrativa, sem envolvimento direto com o processo de ensino-aprendizagem.


    As principais funções do mediador pedagógico na nova EAD são: 


    • Esclarecer dúvidas de aprendizagem apresentadas pelos estudantes; 
    • Apoiar o processo de formação dos alunos ao longo do curso; 
    • Atuar de forma contínua no acompanhamento pedagógico dos estudantes em ambientes virtuais; 
    • Colaborar com o professor responsável, contribuindo para a mediação didática dos conteúdos; 
    • Promover a interação entre estudante, conteúdo e IES, facilitando a aprendizagem. 


    Na prática, o mediador é um profissional com função exclusivamente pedagógica e atuação direcionada ao engajamento no ambiente virtual. Como observa a gerente executiva da Plataforma A, Daiana Rocha, ele é um agente ativo da aprendizagem, que exerce o papel de articulador entre conteúdo, tecnologia e estudante. 


    “O mediador pedagógico atua no acompanhamento individual e coletivo, intervindo com feedbacks personalizados, facilitando interações e incentivando a autonomia. Seu trabalho exige formação específica, domínio das ferramentas digitais e habilidades socioemocionais para promover acolhimento e engajamento”, afirma. 


    Um dos colaboradores do e-book da Plataforma A sobre as mudanças na EaD, o especialista em tecnologias digitais e inovação Gustavo Hoffmann lembra que as mudanças valem para todos os tipos de tutor. “O profissional que antes era chamado de tutor online — responsável por mediar o processo de ensino-aprendizagem no ambiente virtual, especialmente em atividades assíncronas, como fóruns de dúvidas e discussões — deixa de ser denominado assim. O mesmo vale para o tutor presencial, que atuava nos polos ou na sede, acompanhando os alunos em atividades presenciais”, resume. 


    Embora o novo marco regulatório seja mais específico sobre o papel do mediador pedagógico nos momentos síncronos, sua atuação vai muito além disso. Para Raphaela Novaes, coordenadora de Negócios da Plataforma A, a atividade se expressa de forma decisiva também nos momentos assíncronos, “com o uso de tecnologias educacionais eficientes para proporcionar, por exemplo, feedbacks individualizados e contextualizados nas atividades, fóruns mediados com intencionalidade pedagógica e acompanhamento da aprendizagem ao longo do tempo”. 



    Como estruturar a mediação pedagógica na educação a distância 


    Estruturar a mediação pedagógica na educação a distância envolve organizar intencionalmente as interações entre estudantes, conteúdos e professores, de modo a garantir a aprendizagem ativa e o acompanhamento contínuo. Isso exige definir papéis claros para os mediadores pedagógicos, planejar momentos síncronos e assíncronos, estabelecer canais de comunicação acessíveis e manter registros das interações. 


    Além disso, é essencial que os mediadores tenham domínio dos recursos tecnológicos utilizados e atuem de maneira proativa, incentivando a participação dos alunos, esclarecendo dúvidas, promovendo debates e sinalizando dificuldades ao professor responsável. A mediação bem estruturada contribui para a personalização da aprendizagem e para a construção de vínculos entre os participantes, especialmente no ambiente virtual. 


    Daiana Rocha destaca que o desafio das IES é institucionalizar o papel desse profissional dentro de equipes pedagógicas multidisciplinares, garantindo formação continuada e integrando o mediador às soluções tecnológicas, como dashboards e alertas de evasão. Nesse sentido, Raphaela Novaes considera que a tecnologia pode auxiliar na agilidade e efetividade das ações. 

     

    “Através dos dashboards do LXP, por exemplo, o mediador consegue prever comportamentos dos estudantes e acompanhar a evolução da sua aprendizagem ao longo do tempo, dando feedbacks e orientações assertivas”, diz a educadora. 


    Embora tudo possa parecer muito novo, em alguns casos, é só uma questão de readequar a estrutura já existente. E, segundo Hoffmann, as IES ainda podem manter modelos semelhantes aos que adotavam anteriormente, desde que respeitem as novas diretrizes. 


     “Um exemplo é o limite máximo de estudantes por mediador pedagógico em atividades síncronas mediadas: são permitidos até 70 alunos por grupo. Assim, um professor com 700 alunos, por exemplo, pode continuar atuando, desde que conte com o apoio de ao menos nove mediadores pedagógicos — um para cada grupo de 70 estudantes”, explica o educado. 


    Atenção para as questões trabalhistas


    É importante definir bem o papel de cada um dos atores responsáveis pelo processo de ensino e aprendizagem, sejam eles professores regentes e conteudistas, sejam mediadores pedagógicos. Isso deve estar definido claramente no plano de carreira docente e nas convenções coletivas de trabalho que deverão considerar esses novos papéis.


    A criação de um novo cargo exige revisar contratos, capacitações, alocações e nomenclaturas internas, além de reestruturar a plataforma e os relatórios para refletir essa distinção. O vínculo dos mediadores pedagógicos com a instituição deve ser informado anualmente ao Ministério da Educação (MEC) e ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), por meio do Censo da Educação Superior.


    “Ter essa nomenclatura validada pelo MEC representa um avanço no reconhecimento da atuação do mediador. No entanto, ainda não há um enquadramento legal claro para essa função nas estruturas trabalhistas e profissionais, o que gera dúvidas sobre vínculos, atribuições formais e reconhecimento docente”, explica Novaes. 


    A importância da mediação pedagógica 

     

    Ao introduzir no novo marco a figura do mediador pedagógico, o MEC reconhece, ainda que de maneira parcial, a importância de um papel que sempre foi essencial para a aprendizagem — independentemente da modalidade de ensino, como ressalta Raphaela Novaes.   

     

    Ensinar não é apenas transmitir conteúdo, mas criar condições para que o estudante se aproprie do conhecimento, relacione teoria e prática, desenvolva autonomia e construa sentido. Infelizmente, muitos professores, inclusive no presencial, seguem atuando de forma excessivamente expositiva e reprodutora, sem mediação real. Nesse sentido, a EaD pode — e deve — ser um campo fértil para repensar a prática pedagógica como um todo”, reflete.

    Por Redação

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