Em 2021, o número de alunos que frequentaram uma graduação ultrapassou os 8,3 milhões. Na comparação com 2020, houve uma queda de 5% nas matrículas no ensino superior – uma cifra nada animadora.
As informações são da “Pesquisa de Graduação e Pós-graduação”, realizada pelo Semesp, instituto que representa as mantenedoras do ensino superior no Brasil. O levantamento teve como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua).
Mas nem tudo é terra arrasada no setor. O último estudo Termômetro de Captação, da consultoria Educa Insights, aponta uma tendência de retomada a partir do primeiro semestre de 2022, quando as intenções de matrícula devem voltar ao patamar pré-pandemia.
Nesse cenário, como as instituições de ensino superior (IES) podem definir metas e realizar um planejamento comercial robusto para os próximos meses?
Passo a passo
De acordo com o consultor da Plataforma A, Joselito Moreira Chagas, o primeiro passo é ter um diagnóstico financeiro detalhado e conhecer o ponto de equilíbrio de cada curso – ou seja, o número de alunos necessários para pagar os custos da graduação. E, ao mesmo tempo, fazer a lição de casa, otimizando recursos e enxugando custos, o que se tornou uma exigência durante a pandemia.
Além disso, é essencial estar atento às especificidades e vocações econômicas da região onde a IES está localizada – se predominam os serviços, a indústria, o comércio, a saúde, entre outras áreas. E, assim, explorar os cursos mais voltados para essa realidade.
Em um mercado competitivo como o do ensino superior, também é fundamental encontrar diferenciais em relação às concorrentes. Isso passa, entre outros aspectos, por um projeto acadêmico que se destaque, com uma matriz curricular por projetos ou competências.
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Quais os principais desafios
Para realizar o planejamento comercial e definir metas, é preciso repensar o modelo pré-pandemia, levando em conta a quantidade de alunos que a IES ganhou ou perdeu. Dessa forma, é possível entender qual é o horizonte e as possibilidades de crescimento.
Em relação aos professores, tudo passa por incluir a qualificação docente na equação. Entre as possibilidades de treinamento, estão atualizações sobre temas como aprendizagem ativa, aplicação da extensão nos currículos e a condução do ensino a distância (EaD) de forma integrada ao presencial.
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Segundo Chagas, antes de definir as estratégias de captação e retenção de alunos, as instituições devem conhecer seu público e sua realidade. A atenção aos estudantes, acolhimento e o alinhamento estratégico entre a alta gestão e a gestão acadêmica resultam em uma abordagem contínua e integrada. O objetivo é minimizar ao máximo a evasão e a inadimplência.
Monitoramento é palavra de ordem
Não há como projetar o futuro sem ter dados reais em mãos para trabalhar: quantos alunos por curso, como está a situação de inadimplência, quais os principais gaps de gestão.
Conhecer a fundo a situação da IES permite a rápida correção de erros e a superação de gargalos potencialmente prejudiciais. Além disso, o acompanhamento dessas informações traz insights que podem gerar oportunidades.
A gestão acadêmica não pode ficar de fora dessa discussão. Ela deve trabalhar em conjunto com a área comercial e o setor de marketing.
Cabe a essa “tríplice aliança” condensar informações e desafios. Nesse sentido, vale a pena realizar debates contínuos a respeito dos dados, estabelecendo ações coordenadas para o alcance e manutenção da saúde financeira e acadêmica.
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Como inovar
Para se manter competitivo, é necessário acompanhar o mercado. Estudar novas parcerias e readequações – especialmente aquelas relacionadas aos custos de contratos e terceirizações – tende a trazer bons resultados.
Já as plataformas de conteúdo, bibliotecas virtuais, ambientes virtuais de aprendizagem, entre outras ferramentas, podem ajudar a reduzir os gastos e agregar qualidade pedagógica.
“Sem dúvida, essas iniciativas são oportunidades ímpares de transformar um negócio no ensino superior em um modelo sustentável”, garante Chegas, da Plataforma A.
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