A dinâmica do mercado de trabalho pode deixar obsoleto o conhecimento obtido no ensino superior de forma rápida. Com isso, novas habilidades são requisitadas à atuação profissional, principalmente para aquelas relacionadas à tecnologia.
Antes mesmo da pandemia, plataformas digitais e cursos livres estavam crescendo para atender essa demanda de capacitação contínua. Segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), cerca de 1 milhão de alunos estavam inscritos apenas em cursos livres corporativos.
Desde que a pandemia ganhou escala global, a oferta de as aulas, cursos e treinamentos online também cresceu, segundo o Valor Investe. “Seja para buscar novos conhecimentos, melhorar suas habilidades no trabalho nesse momento de crise financeira ou até mesmo para driblar o tédio trazido pelo isolamento social, essas atividades entraram na lista de afazeres dos brasileiros durante a pandemia”, diz o texto.
No caso dos cursos livres, há basicamente dois tipos de alunos: funcionários de organizações e seus clientes (corporativos) e o público em geral (não corporativos). As capacitações ocorrem em áreas como empreendedorismo, marketing, programação, artes, saúde, idiomas e música.
Quanto ao formato, os cursos digitais têm curta duração e dispensam qualificação prévia. Parte das plataformas oferecem acesso vitalício e disponibilizam um atestado de conclusão.
O LinkedIn Learning, por exemplo, é uma ferramenta para assinantes da versão Premium da rede social que querem atualizar habilidades e impulsionar suas carreiras. São mais de 200 opções de cursos, muitos deles voltados para o desenvolvimento de soft skills. Ao concluir um curso, o certificado fica visível no perfil do usuário no LinkedIn.
Já o Artmed360 é um hub de conhecimento em saúde, onde grandes autores, instituições e profissionais estão juntos por uma mesma causa: aprimorar a qualidade do setor da saúde no Brasil. Nele são reunidos conteúdo de diversas sociedades científicas, hospitais, universidades e todo conhecimento da editora Artmed desenvolvido ao longo de 47 anos.
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Da capacitação ao ensino básico
Algumas empresas oferecem cursos livres para que os funcionários desenvolvam competências que atendam aos seus objetivos estratégicos. Qualificações em liderança e em setores operacionais estão entre as opções. A educação corporativa acontece tanto a distância como no modelo híbrido – ou blended learning.
O marketplace global de ensino on-line Udemy, por sua vez, oferece mais de 500 cursos só na área de inteligência artificial. O conteúdo é disponibilizado em forma de vídeos, slides, e-books e audiobooks. Os conhecimentos são testados em exercícios e testes práticos.
A Slash Education, plataforma de lifelong learning criada pela PUCPR em pareceria com o Grupo A Educação, oferece cursos livres (online, semipresencial e presencial) com temáticas variadas, metodologia própria e perfil de saída baseado em soft skills.
Já a Khan Academy aposta no ensino básico. Desde o começo do ano letivo de 2020, a plataforma oferta aulas em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências alinhadas à nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Fundamental.
Nesse caso, os exercícios, vídeos e artigos podem ser utilizados em sala de aula para dar suporte ao professor e para acompanhar a evolução do aprendizado dos alunos.
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IES também investem em cursos livres
De olho nesse mercado, as instituições de ensino superior (IES) também desenvolvem cursos livres. Mas vale lembrar que eles não são regulamentados por nenhum órgão educacional. Por isso, não há emissão oficial de diplomas.
Ainda faltam informações que permitam conhecer a realidade do ramo por completo. O que o Censo EAD.br mostra é que 114 IES possuem portfólio de cursos não corporativos e 59 IES tem cursos corporativos.
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No entanto, a oferta nas IES diminuiu entre 2017 e 2018. Especialmente, naqueles direcionados ao público geral: queda de 6.557 para 4.018. Já as capacitações empresariais foram de 5.574 para 3.319 cursos. A área de cursos de idiomas foi a única a não registrar perda de alunos no período.
As instituições de ensino superior, conforme o Censo Ead.br, ainda identificam a necessidade de investir na qualificação dos professores para ministrar os cursos livres não corporativos. No caso daqueles voltados ao mundo empresarial, elas apostam na contratação de designers instrucionais e oferecem oportunidades de aprendizagem presencial.
O perfil é o mesmo dos alunos das graduações a distância: adultos, em fase formação profissional ou contínua, com mais autonomia e menos disponibilidade de horários e de deslocamentos. Além da flexibilidade, o custo, assim como no EAD, é outro atrativo: costuma ficar abaixo dos R$ 500.
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