By A semana acadêmica é sempre um momento especial no calendário das instituições de ensino superior (IES). Em vez de frequentar as aulas tradicionais, os estudantes se dedicam exclusivamente à participação em palestras, oficinas e workshops, além de se envolver em performances protagonizadas por eles mesmos.
A semana acadêmica também é o evento perfeito para estreitar laços com a comunidade – o que inclui estudantes do ensino médio, que podem visitar a IES e vivenciar o ambiente acadêmico, bem como representantes de empresas e organizações que possam compartilhar novas ideias, tecnologias e metodologias.
As IES mais tradicionais preferem realizar eventos focados em temas eminentemente acadêmicos, priorizando a apresentação das pesquisas que estão sendo efetuadas nas diferentes áreas de conhecimento.
Mas é possível ir além. Afinal, quase como regra, o aluno valoriza o que pode aplicar no dia a dia, já mirando a profissão que escolheu.
Para apoiar os diretórios estudantis e acadêmicos, bem como professores e coordenadores a planejar uma semana acadêmica inovadora e enriquecedora, capaz de agregar valor à experiência do aluno, o portal Desafios da Educação conversou com Pedro Luiz Bulgarelli. Especialista acadêmico da Plataforma A, ele destaca o que levar em conta na hora de planejar o evento.
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Aproximação com mercado de trabalho
Esse é o item prioritário para quem se dedica a planejar uma semana acadêmica. “Quando trazemos o que há de novo nas diferentes áreas profissionais, estamos usando o evento para aproximar o mercado com o estudante e com a própria IES. Essa conexão do ecossistema da IES com o mundo do trabalho é que dá o requinte e o diferencial para a semana acadêmica”, afirma Bulgarelli.
Nesse sentido, é preciso mostrar aos alunos quais são as competências e as habilidades que estão sendo demandadas em sua área de trabalho. Para isso, a presença de representantes do setor produtivo (do mercado de trabalho) é fundamental na semana acadêmica.
A Semana Acadêmica precisa agregar valor na aprendizagem dos estudantes. Crédito Freepik.
Visão de futuro
Outro fator decisivo na organização de uma semana acadêmica é ter um olhar voltado para o futuro da profissão – e mostrar aos estudantes quais as práticas que serão demandadas dentro de quatro ou cinco anos.
Isto é, o que há de novo ou que deve surgir em cada área, e como se preparar adequadamente. “Essa visão de futuro, seja nas engenharias, nas áreas de saúde, no mundo das comunicações e da tecnologia, e assim por diante, é outro elemento que agrega muito valor à formação do estudante”, observa Bulgarelli.
Multidisciplinaridade
Esse terceiro elemento imprescindível de uma semana acadêmica nem sempre é valorizado como deveria.
De acordo com o especialista da Plataforma A – que é mestre em Educação Física e tem mais de uma década dedicada ao ensino superior, atuando como docente, gestor e consultor educacional –, os eventos não podem ser planejados com foco em uma única área de conhecimento. Ao contrário, é necessário ter um olhar multifacetado, que possa mostrar ao estudante como se relacionar com outras áreas que, de uma forma ou de outra, estão relacionadas à sua profissão.
Exemplo prático: depois de formado, o aluno de Medicina vai precisar desenvolver conexões com outros segmentos de sua área de atuação, como enfermeiros, fisioterapeutas, gestores hospitalares etc. “Construir uma agenda multidisciplinar é o caminho para promover um evento robusto e mais integrador”, observa Pedro Luiz Bulgarelli.
O professor como mentor
Agora que já temos uma boa ideia de quais são as temáticas mais importantes, precisamos saber qual é o papel do professor durante a semana acadêmica.
Para Bulgarelli, o professor é um facilitador do processo. Isso significa que deve esclarecer “quais são as conexões entre o aprendizado e o futuro profissional do estudante”.
De fato, nem sempre o aluno consegue captar imediatamente de que maneira as práticas desenvolvidas durante a semana acadêmica poderão influenciar positivamente seu desempenho futuro na profissão que escolheu. Cabe ao professor traduzir o significado dessas práticas e mostrar ao estudante o quanto aquilo poderá se tornar um diferencial para a carreira dele.
“O papel do professor é de orientação e mentoria. Ele deve mostrar ao aluno, por exemplo, o quanto o olhar multidisciplinar potencializa o aprendizado e prepara o jovem para o mercado de trabalho.”
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A função do coordenador
Ao longo do ano, quem exerce a coordenação de cursos e áreas de conhecimento dentro das IES já tem a responsabilidade de olhar para o que está acontecendo no mercado de trabalho e detectar as tendências para que possam ser incorporadas à grade curricular.
Na semana acadêmica, não é muito diferente. Os coordenadores precisam identificar o que está acontecendo em cada área profissional e organizar o evento a partir dessa percepção.
“O coordenador tem que estar sempre antenado”, diz Bulgarelli. “Não custa lembrar que ele tem um papel mais propositivo sobre o que vai ser a semana acadêmica. Ainda que conte com a colaboração dos estudantes, ele é a figura central do processo de montagem do evento”.
Captador de parceiros
Sem dúvida, para isso, o coordenador pode utilizar sua agenda com os contatos das principais empresas de cada área de aprendizado. Depois de detectar quais são as principais tendências do mercado, ele deve chamar os representantes das empresas que atuam naquele segmento para mostrar como essas tendências estão se viabilizando na prática das atividades empresariais.
No caso da indústria automotiva, por exemplo, ele pode trazer engenheiros das montadoras para que apresentem as novidades tecnológicas e os requisitos por ela exigidos para os novos profissionais. Quem sabe uma boa palestra sobre veículos elétricos possa ilustrar a semana acadêmica para os futuros engenheiros?
Por isso, a tarefa do coordenador na organização da semana acadêmica é a de “captador de parceiros”.
Temas que bombaram em 2023
Para concluir, vamos destacar os temas que bombaram (ou deverão bombar) nas semanas acadêmicas de 2023. Um deles nem é tão novo, mas continua em alta: o futuro do trabalho.
“É um assunto que sempre traz impacto. Podemos usar as pesquisas do Fórum Econômico Mundial sobre o que o futuro reserva aos formatos de emprego e trabalho em cada área do mercado”, recomenda o especialista.
Outro tema de impacto é inteligência artificial – como ela vai afetar a formação dos futuros profissionais. “É uma questão que já estava sendo debatida há mais tempo por quem acompanha de perto o mundo da inovação, mas agora ela se disseminou de vez e parece que está ao alcance de todo mundo. Não tem como deixar de lado”, conclui Bulgarelli.
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