Embora seja uma habilidade cada vez mais valorizada no mercado de trabalho, a criatividade é muito mais do que isso, e tem múltiplas definições. Podemos dizer que se trata da capacidade de realizar conexões cerebrais e gerar soluções que impactam a vida em diversos graus.
Essa habilidade de ligar os pontos de forma eficiente, ao contrário do que muitos pensam, não é um dom divino. E até mesmo os maiores ícones da história sabiam disso. Não à toa, o brilhante renascentista Michelangelo disse certa vez: “Se você soubesse quanto trabalho foi necessário, não chamaria de genialidade”.
A criatividade, essa capacidade de manter a mente aberta e pensante, pode ser estimulada – mas não ensinada, como português ou matemática. Para tratar desse e de outros assuntos, como tecnologia e desigualdade na educação, a marca de produtos escolares e de escritórios BIC convidou especialistas da área para um painel nesta quarta-feira (18).
De forma on-line o Desafios da Educação esteve presente e traz os principais insights do evento. Confira!
Criatividade é não ter medo de errar
Com método próprio, a professora e empresária Fernanda Pessoa ensina redação para estudantes das mais diversas classes sociais. Seu modo de pensar deu tão certo que entre seus alunos estão três das 22 pessoas que alcançaram nota mil ma redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021.
Para ela, um dos passos para instigar a criatividade é incentivar crianças e jovens a se expressarem, de várias formas diferentes. Além disso, validar os sentimentos também é importante para aumentar a autoconfiança. Consequentemente, eles se sentem mais à vontade para dar asas à imaginação e capazes de grandes realizações. “A criatividade vem de não ter medo de errar”, pondera.
Criatividade é peça fundamental para desenvolver a cognição
Como trabalhar a cognição infantil dentro de casa? Para a psicopedagoga e especialista em Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Monique Gonçalves, a resposta está no mundo analógico. “Eu sempre falo do quanto é importante desligar um pouco os eletrônicos e trabalhar com materiais como papel e lápis de cor. Isso ajuda muito a desenvolver a cognição”, explica.
Os movimentos, a coordenação motora e o tônus muscular usados para desenhar, por exemplo, são muito úteis na alfabetização, quando as crianças começam a desenhar as letras.
Além disso, o desenho também é uma expressão do que a criança está sentindo. Nesse ponto, Gonçalves reforça um aspecto trazido por Pessoa: a importância de validar o sentimento infantil, as particularidades, os processos criativos e os sonhos de cada um. “Muitos jovens param no meio do caminho quando têm seus sonhos banalizados. Charlie Chaplin já dizia: ‘Sonhar é rascunhar o futuro’”, lembrou.
Onde a rua encontra a sala de aula
“A New School é uma espécie de tecla SAP para democratizar a educação. Pegamos os conteúdos, adaptamos e distribuímos para jovens periféricos de todo o Brasil”, explica João Paulo Malara, conhecido como Jotapê. Ele é criador do aplicativo educacional que leva conhecimento de forma gratuita para todos os cantos do País.
O app é dividido em quatro pilares: socioemocional, educacional, profissional e social. Segundo Jotapê, se bem usadas, a gamificação e a tecnologia podem impactar positivamente os estudantes. Além do uso da tecnologia, a iniciativa aposta em conteúdos relacionados ao cotidiano dos grandes centros urbanos. “A gente traz matérias que não são abordadas na escola. Falamos de amor, da realidade vivida. A gente não fala de soft skills – fala de life skills – das habilidades da vida”, pontua.
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. A frase de Nelson Mandela é uma das maiores inspirações para o empreendedor social. “A gente acredita muito que as pessoas podem ser o que elas sonham e incentivamos isso”, afirmou.
Desigualdade ainda é barreira
Rhayann Vasconcelos, criador do Acelere no Enem, o maior curso preparatório on-line e gratuito que ajuda jovens a ingressarem na universidade, também esteve presente no evento. Apesar de conhecer e usar os benefícios da digitalização cada vez maior, ele acredita que a arte “nos devolve a criatividade, logo, a humanidade”.
Segundo ele, o Acelere tem o objetivo de fazer os jovens voltarem a sonhar. Mas para fazê-los permanecer no projeto é preciso gerar senso de identificação. É nesse ponto que entra a importância de trilhas de aprendizagem bem construídas, com recursos tecnológicos coerentes e que também dialoguem com as múltiplas realidades – especialmente em um país tão desigual.
“Cabe a todos nós, enquanto sociedade, reavivar no coração dos jovens a capacidade de realizar os próprios objetivos. Enquanto a sociedade não ficar inconformada com a educação que a gente tem, não vamos avançar”, finaliza.
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