6 razões para repensar o modelo de ensino superior

Redação • 9 de dezembro de 2019

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    modelo de ensino superior

    Campus da Universidade Columbia, que integra a Ivy League – grupo de instituições de ensino superior de excelência nos Estados Unidos. Crédito: divulgação.

    Ingressar em uma instituição de ensino superior (IES) parece uma boa ideia. Mas, nos Estados Unidos e em outros países, essa escolha pode não ser a mais certa a se fazer.

    A afirmação é de Becky Frankiewicz , presidente do ManpowerGroup North America e especialista no mercado de trabalho, e de Tomas Chamorro-Premuzic , cientista-chefe de talentos do ManpowerGroup e professor de psicologia de negócios da University College London e da Columbia University, que assinam juntos um artigo publicado em novembro na Harvard Business Review.

    Ok, mas para onde seguir? Aí está. Frankiewicz e Chamorro-Premuzic não definem uma alternativa clara, nem sabem apontar o melhor caminho para reinventar o modelo de ensino superior. Mas sabem dizer por que essa mudança é necessária.

    Habilidades e competências certas

    Os americanos nunca estiveram em um momento melhor para encontrar emprego do que agora. A taxa de desocupação , que era de 9% em 2011, caiu para 3,6% em outubro de 2019 – 5,8 milhões de pessoas desempregadas. Mas não é para tanta comemoração: existe uma incompatibilidade entre os empregos que as pessoas querem e os que estão disponíveis.

    Nos Estados Unidos, existem 7,4 milhões de vagas em aberto. Só que essas oportunidades não são atraentes para graduados “superqualificados”. É por isso que o Walmart, por exemplo, chegou a ofertar vagas de motoristas de caminhão por US$ 108 mil anuais, quando a média de salário gira em torno dos US$ 55 mil.

    Há também um desencontro entre as habilidades que as empresas querem e as que os candidatos oferecem.

    Muitos empregadores relatam que os candidatos, mesmo aqueles com ótimo histórico escolar, não aprendem o que é exigido pelo mercado. A questão fica em aberto: as qualificações universitárias estão sendo traduzidas em trabalho?

     O cenário fica mais complicado ao considerar que muitas profissões nem sequer existem ainda. Mas, quando surgirem, uma coisa é certa: vão exigir habilidades bem diferentes das quais as IES estão oferecendo.

    Estudantes querem empregos, não títulos

    Conseguir um bom emprego e ter estabilidade financeira são as principais razões pelas quais os alunos investem tanto tempo e dinheiro no ensino superior, escrevem Frankiewicz e Chamorro-Premuzic. Apesar disso, cerca de 40% dos graduados americanos trabalham em empregos que não exigem suas qualificações.

    Resultado? A busca por bons empregos fez os alunos não valorizarem tanto o processo de aprendizagem quanto valorizam o diploma.

    No Brasil a situação pode ser parecida. Uma reportagem da BBC Brasil , de 2016, mostrou que 80% dos formandos estudavam em seis ramos: comércio e administração; formação de professor e ciências da educação ; saúde; direito; engenharia e computação.

    Ao analisar esses dados – obtidos a partir do Censo do Ensino Superior e da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho, – o economista e professor da USP Hélio Zylberstajn afirmou que os cargos não existiam na mesma proporção dos diplomas.

    Um exemplo, segundo a BBC, era o setor de Administração – que, em 2014, correspondia a 30% dos concluintes. Apesar da fatia expressiva, apenas 4,9% dos trabalhadores com graduação eram administradores de empresa. Outros 9,4% eram assistentes ou auxiliares administrativos, função necessariamente não exige faculdade.

    Os estudantes estão pagando cada vez mais para ter cada vez menos

    Além dos planos médicos, nada subiu tanto nos Estados Unidos quanto o custo do ensino superior. Os americanos pagam 200% a mais do que pagavam há 20 anos atrás, por exemplo. Em uma espécie de dominó, a dívida estudantil aumentou 600%, atingindo um recorde histórico de US$ 1,4 trilhão. Esse total é maior que a dívida de cartão de crédito e a de financiamento de automóveis.

    Ainda existe um ROI (retorno do investimento) para a maioria dos diplomas universitários. Até porque, geralmente, é melhor ter um do que não ter. Mas, para cada diploma de alguma IES de ponta que gera cerca de 12% do ROI anual, existem outras de menor prestígio que o saldo é negativo.

    Expectativas irreais

    Independentemente de ranking global, todas as IES se comercializam como um mecanismo de crescimento, empregabilidade e sucesso. Isso acaba gerando nos alunos grandes expectativas, mas não é viável atendê-las em escala.

    Nem todo mundo pode ser um líder, um CEO ou um gerente.

    O mercado de trabalho passou das linhas de montagem monótonas e trabalhos rotineiros para carreiras flexíveis e significativas. Mas ele não consegue dar a todos o emprego dos sonhos. As aspirações profissionais superam as oportunidades disponíveis, e os talentos percebidos superam os talentos reais. Por isso existem tantos funcionários desmotivados.

    Foco em pesquisa, às custas do ensino

    modelo de ensino superior

    Crédito: TEDED.

    Em muitas instituições de prestígio, o ensino é considerado uma distração para publicações e obtenções de bolsas de pesquisa. Os principais professores possuem salários altos, mais liberdade e menor carga de ensino.

    As pesquisas sãodo o meio, aqui, que nado ionavel.da vez mais dedicarem verbas para mercado, respeitando o meio, aqui, que n o motor do crescimento e da inovação, e isso explica a ênfase que várias das principais IES dão a elas. No entanto, isso não pode ser uma desculpa para negligenciar o ensino oferecido aos alunos, incluindo o preparo deles para o mundo real.

    Aumento da desigualdade

    A questão fundamental é a seguinte: as IES não deveriam admitir as pessoas com as notas mais baixas nos vestibulares e transformá-las nos líderes de amanhã, em vez de admitir as pessoas com as notas e rendas mais altas, que provavelmente tomariam os cargos mais altos, independentemente dos três ou quatro anos de graduação?

    Há muitas questões para serem repensadas sobre o atual modelo de ensino superior. A certeza é que o amanhã pertencerá à empresas e indivíduos que estão abordando a educação em paralelo com o trabalho, com ciclos contínuos de aprendizado.

    O sucesso no futuro não será definido em um diploma, mas no potencial e na capacidade de aprender, aplicar e adaptar.

    Por Redação

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