Atualmente, um dos principais desafios da educação é ser tão crítica e humana como propunha Paulo Freire e ao mesmo tempo prática e capaz de suprir as necessidades do mercado de trabalho. Esses aspectos em uma mesma frase podem soar conflitantes, mas não são.
Uma tendência cada vez mais valorizada ajuda a resolver o aparente paradoxo: o uso das microcertificações. Microcertificações, ou microformações, são cursos rápidos com o objetivo de capacitar alunos de maneira concisa para atuar em um ramo específico.
“As funções estão se ramificando a tal ponto que você precisa ser um especialista dentro de uma área maior”, comenta o Diretor de Inovação e Produtos na +A Educação, Ricardo Ponsirenas, ao explicar a relevância do método.
Essa saída para obter conhecimento especializado é bastante explorada em áreas como Marketing e Tecnologia. “Você tem uma graduação em Publicidade e Propaganda de quatro anos. Mas o que o mercado está buscando é um especialista em digital. Muitas vezes, a faculdade não forma para essa microespecialização”, pontua Ponsirenas.
Democratizando o conhecimento
Entre os aspectos positivos das microcertificações, está a democratização do acesso ao conhecimento. Por serem cursos livres, ou seja, não legislados pelo Ministério da Educação (MEC), eles não exigem uma carga horária padrão ou pré-requisito para serem cursados. Além disso, podem existir nas mais diversas áreas do conhecimento e em diferentes modalidades.
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Porém, nem tudo são flores. Cursos rápidos são excelentes formações complementares ou iniciais, mas como são voltados a resolver questões práticas, eles não trazem em sua concepção reflexões socioemocionais, sobre problemas macrossociais, ou contextos históricos, por exemplo.
“O ideal é que as pessoas busquem a formação completa em nível superior e que a sua atualização profissional seja feita por microcertificações”, aponta o executivo da +A Educação.
A questão é que o mercado se transformou rapidamente e um dos aspectos mais valorizados pelos estudantes que entram em um curso de graduação é justamente a empregabilidade. Ou seja: as instituições de ensino superior (IES) vão precisar se adaptar ao novo cenário, onde as microcertificações ganham relevância.
Tendência para o mercado
Mesmo um curso tecnólogo de dois anos não se atualiza a tempo de atender às mudanças do mercado. Assim, o que vem sendo feito, segundo Ponsirenas, é fracionar o conhecimento dos cursos. É possível manter a duração total de uma pós-graduação, por exemplo, fazendo o estudante colecione microcertificações durante sua jornada.
Mesmo na graduação, trata-se de uma tendência. Entre as vantagens do modelo, está a possibilidade de o estudante escolher as disciplinas ao longo do curso e ganhar certificados por isso. Ao final, ele terá um conjunto de certificações que será referendado pelo diploma de graduação ou pós-graduação, como já acontece em algumas instituições.
A matriz curricular da Escola de Direito da Plataforma A é um exemplo. Estruturada para que, anualmente, o aluno receba uma certificação nas áreas do conhecimento cursadas até então, ela potencializa a carreira dos estudantes. Ao buscar uma oportunidade profissional, eles podem mostrar as habilidades que já possuem por meio de certificados, ao invés de dizer somente que estão em determinado semestre, como é feito usualmente.
“Para o aluno, esse tipo de certificação une o melhor dos dois mundos. Ao mesmo tempo em que ele aprende uma habilidade específica que vai ser fundamental para a carreira profissional, ele terá, depois da formação completa, um diploma de graduação ou pós que o mercado valoriza”, comenta o executivo.
O que diferencia uma microcertificação é, sobretudo, a competência e o reconhecimento da instituição que está oferecendo a formação. Assim, é fundamental pesquisar quais são as referências na área e quais são os profissionais responsáveis pelos cursos, especialmente quando eles estão fora de uma grade curricular maior.
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