Ensino Básico

Lourdes Atié: uma conversa com os educadores

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Lourdes Atié

Alunos da Escola Municipal Jardim da Conquista, em São Paulo. Crédito: USP Imagens/Cecília Bastos.

Ao longo de 2019, o portal Desafios da Educação publicou uma série de artigos da socióloga Lourdes Atié, pós-graduada em Educação pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), na Argentina, e membro do conselho editorial da Revista Pátio.

Atié trouxe à tona diversas questões referentes ao ensino básico. Ao falar das escolas brasileiras, há muitas características diferentes entre elas, como a proposta pedagógica, os resultados das avaliações ou a trajetória. Mas, de acordo com Atié, nenhuma delas traduz as instituições tão bem quanto o prédio escolar e seus espaços físicos. É isso que materializa o plano pedagógica de fato.

Daí a necessidade de debater qual a imagem que as escolas estão transmitindo. Para Atié, a escola do século 21 não tem muros nem fronteiras e é completamente integrada com o espaço exterior, dialogando com as subjetividades e fortalecendo os laços com a vizinhança.

E com o funcionamento em horário integral, o espaço escolar é cada vez mais importante. Mas quem disse que passar mais tempo na escola é bom? Em um dos artigos publicados, Atié coloca em cheque a justificativa pedagógica para o funcionamento integral: permanecendo mais tempo na escola, os alunos teriam mais tempo para aprender.

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Para alguns pais, em um mundo cada vez mais competitivo, os filhos precisam fazer mais atividades complementares. As escolas passaram, assim, a oferecer diversas atividades que antes eram realizadas por outras instituições. A rotina das crianças estão tão cheias quanto à dos adultos. Elas parecem já não ter tempo de apenas brincar na rua ou assistir desenhos.

Atié questiona onde foi parar o tempo de não fazer nada. “É hora de nos questionarmos onde foi parar o tempo vazio, o tempo livre, o tempo de reflexão, de encontros sem obrigações”, escreve a socióloga.

Mesmo quando chegam em casa, ao invés de descansar, as crianças estão cheias de exercícios para fazer. Segundo Atié, em vez de ajudar, a lição de casa pode virar um estorvo, uma experiência negativa, aos estudantes. “Os professores valorizam o dever de casa porque essa prática disciplina os alunos, e os pais entendem que ela é um parâmetro para avaliar a rigidez de uma escola”, escreve a socióloga.

Outros dois temas trabalhados por Atié foram a integração das idades dos alunos e o hora do recreio. Para ela, a separação dos alunos por idade nas escolas empobrece a convivência e afeta a socialização e aprendizagem. Um dos poucos momentos em que há a integração é o recreio. E os alunos, não importa a idade que tenham, preferem muito mais o intervalo do que as aulas.

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Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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