SÃO PAULO (SP) – Dizem que o exemplo arrasta. Trata-se de uma das melhores formas de ensinar e de aprender. E isso absolutamente se aplica às instituições de ensino superior (IES). Daí a importância de se conhecer IES que fazem bonito – com ações “diferentes”, que engajam estudantes e oferecem experiências cada vez mais memoráveis e significativas.
O 24° FNESP, maior fórum de educação superior da América Latina, reuniu vários cases nacionais e internacionais nesse sentido (é o caso da Tec de Monterrey e da Southern New Hampshire University, entre outras). Contudo, no segundo dia do FNESP, uma das apresentações do fim da manhã foi reservada para que os participantes conhececem as boas prátcas da PUC Campinas, da Universidade Aberta (Portugal) e do Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa).
Mescla: onde a colaboração encontra a inovação
Gerente de inovação na PUC Campinas, Diane Teo de Moraes apresentou o Mescla, espaço colaborativo para inovação e empreendimento da instituição. O hub tem como proposta integrar alunos das diferentes áreas, e em diversos estágios de formação, com empresas e atividades empreendedoras.
O espaço recebe as startups criadas na universidade e empresas-âncoras residentes, responsáveis por envolverem os alunos em projetos de inovação com base em desafios e problemas reais. A iniciativa funciona também como um coworking, laboratório de fabricação digital (FabLab) e um acelerador de negócios.
“A gente desenvolve a cultura de colaboração. Acreditamos na conexão desses atores para desenvolver soluções para Campinas e região, para que a gente consiga transformar o conhecimento gerado na universidade em inovação”, pontuou Diane Moraes.
O programa inclui desde o cuidado legal com a propriedade intelectual, até diferentes frentes de pesquisa e prestação de serviços técnicos, com todas as suas ações voltadas ao desenvolvimento cultural e geração de novos negócios com responsabilidade social e ambiental.
Dentro desse escopo, a universidade atua em temas como tecnologias emergentes, agricultura sustentável, biotecnologia regenerativa, sistemas construtivos não-convencionais e laboratórios digitais.
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Universidade Aberta de Portugal
O diretor da delegação regional do Porto da Universidade Aberta, José António Moreira, trouxe as concepções da instituição sobre o ensino híbrido. “A minha fala hoje é sobre estudante, sim, mas também sobre o espaço onde eles vivem, onde eles estão conectados, onde eles habitam, onde eles criam emoções”, avisou.
De acordo com o professor português, as IES devem se preocupar em criar ecossistemas com diferentes ambientes de aprendizagem, apropriando-se das diversas metodologias de ensino. “Não se pode reduzir a realidade híbrida àquilo que é uma modalidade a distância e uma modalidade presencial. A realidade híbrida é esta diferenciação entre ambientes, pedagogias, tecnologias e tudo aquilo que se cria neste ecossistema”, defendeu Moreira.
Em sua fala, o docente abordou a necessidade de criar zonas confortáveis para os atores humanos circularem num processo de ensino e aprendizagem, conectando locais naturais, construídos e virtuais.
“Na Universidade Aberta nós trabalhamos exatamente nesta perspectiva da construção de espaços plurais. Percebemos que integrando nosso ecossistema podemos ter toda uma realidade dentro do virtual”, pontuou. Para ele, é preciso sair de uma visão redutora do uso da tecnologia para percebê-la como um ambiente importante na educação, construindo, assim, inovações baseadas nas realidades de cada IES.
Ao final, Moreira defendeu que o ensino combine as diferentes formas de comunicação e espaços (digitais ou não) para a criação de novas propostas, e que todos os envolvidos nesse processo sejam de fato fluentes nas mais diferentes linguagens inerentes ao processo educacional, cada vez mais mediado por tecnologias.
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Cesupa: de olho na experiência
Para fechar a segunda mesa do dia, a professora e coordenadora de projetos de inovação no Cesupa, Suze dos Santos Oliveira, abordou o projeto de ensino inovador que estão colocando em prática.
Suze, que já foi aluna e hoje é professora da IES, apresentou o Meta, que é o modelo de transformação da aprendizagem proposto pela instituição. A iniciativa tem como objetivo desenvolver o aluno com uma formação integral, por meio de competências técnicas e socioemocionais através de um portfólio de projetos reais que façam com que os estudantes também ampliem seu networking e protagonismo.
“Para conseguir isso, a gente precisa cada vez mais de experiências significativas dentro da graduação, não só na perspectiva de experiências formais, mas aquelas que os discentes possam vivenciar além dos muros da instituição.”
Para alcançar esse objetivo, a conexão entre todos os envolvidos nos projetos – IES, empresas, comunidades, estudantes e professores – deve ser cada vez melhor e mais próxima.
“A gente acredita numa aprendizagem colaborativa, na qual o aluno trabalhe em equipe o tempo inteiro. Além disso, o estudante está constantemente se autoavaliando, para compreender o estágio de suas competências e como melhorá-las”, explicou Oliveira. “Acreditamos em um currículo baseado em competências e em uma avaliação integrada, que não tem como objetivo ranquear o que aluno sabe, mas ajudá-lo a entender quais são as dificuldades dele no processo”, completou.
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