SÃO PAULO (SP) – Considerado o maior fórum de educação superior da América Latina, o 24º FNESP aconteceu entre os dias 29 e 30 de setembro, em São Paulo. O tema escolhido para o evento em 2022 foi: “É sobre o estudante, sim! Mais do que oferta de conteúdo, é sobre uma experiência memorável”.
Em paralelo à temática, o Desafios da Educação conversou com alguns representantes de instituições de ensino superior e especialistas em educação – presentes no FNESP –, fazendo a seguinte pergunta: o que as IES podem fazer para oferecer uma experiência memorável e significativa aos alunos?
A seguir, confira as respostas.
Claudia Vale, consultora em customer experience na consultoria Flwow
“Primeiramente, ouvir o aluno. Mas sem perguntar diretamente ao estudante o que ele quer – e precisa – para sua aprendizagem. Temos que entender essa necessidade por meio da perspectiva do contexto que ele está inserido. Suas expectativas futuras de vida, medos, principais pensamentos e comportamentos dizem muito por ele. O resultado dessa constatação deve ser analisado e cruzado com as demandas do aluno para a sua educação. A IES tem que conseguir estudar para depois transformar o que precisa.”
Luiz Argenta, pró-reitor de desenvolvimento no Unilavras
“Os estudantes das IES devem ser ouvidos. Às vezes, a instituição acredita que está fazendo isso, por meio de pesquisa. Contudo, deixamos de procurar entender as necessidades daquele aluno, ignoramos o que ele realmente precisa.”
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Carlos Longo, vice-presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed)
“Acredito que conversar com o setor produtivo, conversar com o mercado, pode resultar para o aluno uma boa experiência na aprendizagem. Mas apenas isso não basta, porque o mercado de trabalho mudou muito. As empresas demandam um perfil específico de profissional. Conversar com esse setor é essencial para que o aluno esteja preparado para o que o espera no momento em que sair da instituição.”
Eliane Weizmann, coordenadora do curso de Design Gráfico e Digital do Istituto Europeo di Design (IED)
“Escutar os alunos é o principal. As coisas estão mudando rápido demais – inclusive as pessoas. Existem IES que não compreendem isso, acham que essas inovações são frescuras. Porém, o aluno de hoje tem demandas bem específicas, não podemos ignorá-las. Principalmente, quando se trata da falta de perspectivas e questões socioemocionais, conceitos muito atrelados ao pós-pandemia. É um desafio gigantesco, contudo, esses são os estudantes que temos que lidar e, por eles, repensar o ensino.”
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José Maria Jr., supervisor de EAD da Universidade de Taubaté
“Acredito que se desapegar do espaço das salas de aula é uma forma de garantir uma boa experiência de aprendizagem. O presencial foi a maneira que sempre foi feito o processo ensino-aprendizagem, mas não precisa necessariamente ser dessa forma. Há diversos outros lugares que também podem contribuir para a experiência do estudante, como jardins, museus, espaços culturais, etc. Contudo, enquanto as salas de aula forem os principais ambientes acadêmicos, essa tentativa de priorizar o aluno não vai funcionar.”
Karina Nones Tomelin, conselheira na Abed e autora do livro “100 ideias inspiradoras para suas aulas”
“O maior desafio das instituições é ressignificar o próprio entendimento sobre o processo de ensino-aprendizagem. Com isso, pensar em criar experiências que irão valorizar a aprendizagem do estudante. Hoje, sabemos que se aprende durante toda a vida. Uma das funções da escola é ajudar os alunos a gerenciar o próprio aprendizado, gostar de aprender. Então, é preciso criar estratégias para que a busca por conhecimento possa se transformar em experiências prazerosas. Isso só conseguimos alcançar capacitando professores. Também é importante valorizar mais os espaços universitários de acolhimento e experiências. O aluno quer vivência digital, mas também anseia pelo presencial. É esse equilíbrio que temos que pensar.”
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Ana Paula Cota Rolim, diretora de regulação da Faculdade Legale
“Temos indicadores de qualidade que nos falam muita coisa. Entretanto, não podemos esquecer de ir além dos números. Conhecer o estudante é muito importante para trabalharmos estratégias de aprendizado para ele. Acredito que hoje há a necessidade de pensar fora da caixa, moldando o currículo para que este atenda as demandas reais dos alunos. Contudo, muitas vezes, há um engessamento por parte da legislação e não existe outra forma de fugir disso. Portanto, uma mudança na própria regulamentação viria a calhar para ter uma inovação concreta nas experiências dos estudantes.”
Ryon Braga, sócio-fundador da consultoria Neoperspectiva e diretor da Faculdade Multiversa
“Ultimamente, está se discutindo muito o foco nos estudantes. De fato, o valor que agregamos aos alunos reverbera nas próprias instituições. Vemos como estão altas as estatísticas de evasão, tanto no presencial, quanto no EAD. São diversos os motivos por trás do fenômeno. As IES precisam auxiliar os estudantes em seus problemas, da forma que conseguiram. Depois, é necessário engajar aquele aluno, motivá-lo a pôr em prática seus aprendizados. Por fim, os recursos tecnológicos entram nessa equação como um complemento para engrandecer a experiência daquele estudante.”
Luciano Sathler, reitor do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix e do Centro Universitário Metodista IPA
“Após esse encontro [FNESP], creio que está muito claro que todas as IES devem se tornar intensivas em tecnologia para mapear a jornada do aluno em todos os setores da IES, inclusive no ensino-aprendizagem, mas principalmente para conectar a instituição com o mundo e seu entorno. Não dá mais pra fazer isso na base do achismo”.
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