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Por que a empregabilidade dos jovens é mais afetada na pandemia. E como a IES pode ajudar

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Uma pesquisa divulgada em 20 de maio pela FGV mostrou o tamanho do impacto financeiro decorrente da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Dos 1.300 consumidores entrevistados, 53,5% afirmam que sua família sofreu algum tipo de perda em termos de renda ou de trabalho.

Só em abril, segundo o IBGE, foram extintos 4,9 milhões de postos de trabalho. Além dos milhões demitidos, que engrossam a taxa de desemprego de 12,6%, outras centenas de milhares tiveram o contrato de trabalho suspenso, redução de jornada e de salário.

A recessão em curso está afetando principalmente os mais jovens – recém entrados no mercado de trabalho ou prestes a entrar nele. Esse é um desafio para os estudantes e suas famílias. E as instituições de ensino superior (IES) podem fazer parte da solução.

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Os jovens são os mais afetados pela empregabilidade durante a pandemia. Crédito: Freepik.

Os jovens são os mais afetados pela empregabilidade durante a pandemia. Crédito: Freepik.

Jovens: os mais vulneráveis

A mão de obra jovem é, historicamente, a primeira a ser atingida durante uma crise econômica. Isso porque a experiência de mercado é incipiente e o “tempo de casa” é menor – o que torna a rescisão menos onerosa. Além disso, o perfil médio do estudante é facilmente encontrado no mercado.

“No Brasil, a média de jovens desempregados sempre foi mais alta. O cenário da má educação e a economia que não cresce como deveria acaba não absorvendo quem chega no mercado. Isso fica mais evidente diante de uma crise”, afirma Marcelo Gallo, superintendente Nacional de Operações do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), disse ao portal Desafios da Educação.

A visão de Gallo vai ao encontro dos dados do IBGE. Enquanto a taxa de desemprego da população em geral era de 12,6%, no primeiro trimestre de 2020, entre os trabalhadores de 18 a 24 anos era de 27,1%.

Atualmente, a estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é que 1 em cada 5 jovens do mundo precisou parar de trabalhar em razão da pandemia. Os que se mantiveram no emprego tiveram 23% da jornada reduzida, em média.

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No Brasil, a crise afeta tanto os empregos formais quanto programas de estágios e de trainees. Segundo Gallo, o CIEE contabilizou uma queda de 25% nas contratações de estagiários e aprendizes nos primeiros quatro meses de 2020. “A queda de abril foi muito grande. Se compararmos com o mesmo mês do ano passado, chega a 85%.”

A chance de desemprego para pessoas com ensino superior completo, no entanto, é quase 50% menor na comparação com pessoas de nível fundamental ou médio. O dado é do estudo Empregabilidade em Tempos de Pandemia, publicado pelo Instituto Semesp.

“Possuir um curso superior traz muitos benefícios em relação à empregabilidade, sobretudo no Brasil onde a taxa de escolarização líquida é bem abaixo da desejada (17,9% contra 33%, de acordo com meta do Plano Nacional de Educação)”, diz o estudo.

“Quando a economia vai bem, a disputa por profissionais qualificados eleva a remuneração. No entanto, em tempos de crise econômica, ter uma graduação é fundamental para minimizar os riscos do desemprego crescente, uma vez que o número ofertado de vagas pelas empresas diminui e a concorrência se torna mais acirrada.”

Empregabilidade na pandemia

Para atenuar os efeitos da crise, o CIEE pretende manter a ponte entre estudantes e o mercado de trabalho, oferecendo capacitação. A estratégia também inclui incentivar a continuidade dos estudos, para que o jovem tenha maior competitividade quando houver uma retomada da economia.

Em um cenário de mercado afunilado, o desenvolvimento de competências comportamentais (as chamadas soft skills) será um diferencial. “Características como resiliência, cooperação, capacidade analítica, planejamento vão ser diferenciais importantes em qualquer carreira após a pandemia”, afirma Gallo.

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Campus PUC Minas. Crédito: Divulgação.

Campus PUC Minas. Crédito: Divulgação.

Na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), manter o aluno próximo e centrado na sua formação também é uma forma de evitar a evasão.

“Muitos alunos dependem do trabalho para bancar a vida acadêmica. Mas também não querem trancar a matrícula, pois sabem que vão precisar do ensino superior para se recolocar no mercado”, comentou Evanilde Maria Martins, diretora da PUC Carreiras.

As IES que primam pela empregabilidade dos alunos e egressos – inclusive como um indicador de qualidade do ensino – têm encontrado no ambiente virtual uma forma de manter a conexão com os alunos e o mercado durante a pandemia.

Pelas redes sociais, a equipe da PUC Carreiras produz lives com convidados de empresas, ex-alunos e analistas de recursos humanos para orientar os estudantes. “É o mercado nos falando que tipo de profissional precisa nesse momento”, completa Martins.

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Contratações digitais

Os esforços das IES, nesse momento, concentram-se em ações online que exigiram agilidade na digitalização dos atendimentos. “Houve resistência de muitas faculdades, mas agora todos os contratos [de trabalho e de estágio] são firmados por assinatura digital, e assim deve permanecer”, explicou Marcelo Gallo, do CIEE.

Os novos processos experimentados pelo mercado exigem das IES uma estrutura que esteja à altura dos recentes modelos de recrutamento. Nesse caso, manter uma ferramenta online de qualificação profissional é essencial para o sucesso das iniciativas.

“Estamos mantendo um webinar semanal, sempre com uma pessoa da Simplicity dando orientações sobre carreira. A atividade é aberta para os alunos de todo o país. Essa troca é essencial para os alunos”, descreve a coordenadora da PUC Carreiras, Evanilde Martins.

A Symplicity é uma empresa de soluções de empregabilidade para o ensino superior. As IES que investem nesse tipo de solução, geralmente, tendem a observar e trabalhar melhor o desempenho dos estudantes no mercado de trabalho.

Empregabilidade na pandemia; A universidade pode desenvolver estratégias para seus alunos.

Empregabilidade na pandemia; A universidade pode desenvolver estratégias para seus alunos. Crédito: Freepik.

O CIEE também investiu em inovações. Para o próximo mês de julho, pretende lançar uma plataforma totalmente nova de recrutamento e seleção. “Já adotamos a entrevista por videoconferência e, em breve, será possível que o estudante faça o upload de um vídeo de apresentação, em substituição ao currículo”, garante Gallo.

A intenção é refinar a busca e certificar os candidatos mais adequados às vagas oferecidas pelas empresas.

Enquanto o CIEE prepara ferramentas de geolocalização para aproximar estudantes de vagas em empresas próximas, a PUC Minas estuda a possibilidade de intercâmbio remoto. “Os processos ficaram tão ágeis que uma universidade estrangeira conveniada nos acenou com essa proposta. Estamos estudando a viabilidade. Se isso der certo, será uma saída incrível enquanto não podemos viajar”, comenta Martins.

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