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Os principais destaques do Censo da Educação Superior 2021

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Divulgação dos dados do Censo da Educação Superior 2021, em Brasília (DF). Créditos: MEC.

Confirmando todas as projeções, o número de ingressantes na educação a distância (EaD) cresceu forte em 2021. De um ano para o outro, o acréscimo de novos alunos foi de 23,3% nos cursos EaD das instituições de ensino superior (IES) públicas e privadas – ao passo que, nas graduações presenciais, o ingresso caiu 16,5%.

Se consideradas apenas as faculdades particulares – que oferecem a maioria das vagas –, o crescimento de calouros foi de 24,4% na modalidade virtual. Com esse avanço, o total de matriculados na EaD chegou a 3,5 milhões – ante 3,3 milhões do presencial. É a primeira vez que isso acontece na rede privada.

O total de matrículas no ensino superior privado.

Essas e outras informações relevantes estão no Censo da Educação Superior 2021, divulgado no início de novembro de 2022 pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), autarquia do MEC (Ministério da Educação) responsável pelo levantamento.

O censo indica que o Brasil terminou o ano passado com quase 9 milhões de matrículas em 2.574 instituições de ensino superior. Do total de matrículas, 6,9 milhões (76,8%) estavam da rede privada.

Falando apenas do volume de ingressantes, seis em cada dez novos alunos do ensino superior (62,8%) já opta por um curso EaD. Se considerada apenas a adesão no ensino privado, a taxa de preferência é de sete a cada dez estudantes.

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Cresce o acesso ao ensino superior

Os dados mostram a força do ensino particular. Além disso, revelam o crescente acesso dos brasileiros ao ensino superior de modo geral. Na última década, o percentual de estudantes matriculados na educação superior aumentou 32,8%, o que corresponde a um crescimento médio de 2,9% ao ano.

Mas o aumento não é puxado pela modalidade presencial, que entre 2011 e 2021 registra queda de 23,4%. O grande protagonista é a modalidade EaD, cujo número de alunos aumentou 474% na última década – alavancado especialmente nos últimos anos em decorrência dos efeitos da pandemia.

“Em 2020, 2021 e agora, 2022, temos um crescimento absurdo. [O ensino a distância] é algo já sedimentado, um caminho sem volta”, afirmou o diretor da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Vandir Cassiano, durante a coletiva de imprensa para a divulgação do Censo da Educação Superior 2021.

O que significa o crescimento da EaD

Mas como a EaD conseguiu superar a educação presencial no total de ingressantes e de matrículas do ensino superior privado?

Número total de matrículas em instituições públicas e privadas de ensino superior.

Ao longo dos anos, o portal Desafios da Educação tem acompanhado de perto o surgimento de novas metodologias de ensino, a interiorização da oferta (são mais de 35 mil polos instalados) e a ampla cobertura das IES – atualmente, só não existem cursos EaD de Medicina, Direito, Odontologia, Psicologia e algumas Engenharias ou cursos da Saúde, em razão das exigências de infraestrutura e de atendimento intensivos. São questões que certamente colaboram para o crescimento da modalidade.

Cabe mencionar também o valor da mensalidade – até 80% mais barata do que um curso presencial. Há cursos de Licenciatura a partir de R$ 99,00 ao mês. Para Administração, os valores partem de R$ 150,00. Cursos de Engenharias, Saúde e algumas áreas humanas começam em R$ 350,00.


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Além da competitividade, o bom desempenho dos cursos EaD no Enade, a utilização de novas tecnologias e a própria cultura digital, cada vez mais presente e orgânica na sociedade, são outras razões que favorecem o avanço da EaD.

“As novas maneiras de aprender, com metodologias de ensino inovadoras, são a preferência desta [nova] geração, principalmente numa educação pós-pandemia – que traz o ensino híbrido como forte aliado à ruptura das práticas tradicionais de ensino”, diz Jucimara Roesler, integrante do comitê científico da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância) e dirigente EaD do centro universitário Unifemm, de Minas Gerais.

O professor João Vianney, que é ex-diretor do campus Unisul Virtual e atual diretor da Rede Enem, disse em um post no LinkedIn que o Censo da Educação Superior 2021 faz pensar. “Temos uma troca de governo. Os focos de fronteira agora são outros. É preciso buscar a qualificação durante a formação destes nove milhões de alunos”, escreveu.

Segundo ele, o baixo valor das mensalidades na EaD permite ao planejamento do novo governo repensar qual é o papel dos mecanismos de financiamento (aliás, a proporção de alunos com financiamento no ensino superior é o menor desde 2013).

“Rende mais para a sociedade promover a manutenção de estudantes em cursos de interesse estratégico para o País do que promover a horizontalização generalizada”, analisou Vianney, acrescentando: “Negar a realidade é o pior cenário”.

Licenciatura em queda

Cerca de 77% dos estudantes de licenciatura optaram por cursos EaD. Segundo a Agência Brasil, o presidente do Inep, Carlos Moreno, disse que os resultados apontam, de forma concreta, para qual direção caminha a educação superior brasileira – o que demanda reflexões sobre modelos e políticas educacionais.

“O futuro professor, que vai atuar na educação básica no Brasil, vai ter passado por uma formação a distância. Então, esse é um ponto muito importante – para que se analise a adequação dessa estratégia [de avanço da modalidade]”, alertou.

Na avaliação de Moreno, a modalidade a distância pode ser mais eficiente se o profissional já tiver a formação inicial (presencial) e experiência na prática pedagógica.

De 2020 a 2021, houve redução de 4 pontos percentuais na demanda por cursos de formação de professores, de 19% para 15% das vagas. Dos 3.922.897 estudantes que ingressaram no ensino superior em 2021, 55% preferiram bacharelado, 30% cursos tecnológicos e 15% licenciatura. Na rede federal de ensino, a média é maior: 26% dos estudantes frequentam cursos de licenciatura.


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Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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