A coluna de Renata Perrenoud agora conta com a parceria de Vinicius Pereira, coordenador de negócios da Plataforma A
Na última semana, estive participando do 26º. FNESP, cujo tema era Educação Digital, muito além do EAD: O equilíbrio entre conexão humana e tecnologia para uma formação integral.
Ao participar de algumas temáticas e conversar com gestores educacionais, saio deste Fórum com a certeza de que a educação digital vai muito além do conceito restrito ao ensino a distância (EAD), mas a maioria das instituições de ensino ainda estão completamente desconectadas desse mundo digital e não vivenciam essas práticas nas suas aulas.
Quando falamos em mundo digital, fluência digital e aprendizagem remota, não se trata apenas de reproduzir aulas e compartilhar materiais em ambientes online. Trata-se de criar uma abordagem mais ampla, inovadora, centrada no aluno, que utiliza tecnologias para personalizar o processo de aprendizagem e torná-lo mais dinâmico.
Será que é tão difícil assim transformar nossa educação, nosso modelo educacional, as matrizes de curso e principalmente nossas aulas para acompanharmos esse mundo digitalizado?
Hoje em dia há uma variedade grande de ferramentas, que servem de apoio ao processo de aprendizagem e que contribuem de diferentes formas. Dentre as principais, estão aquelas que proporcionam o engajamento dos estudantes em sala de aula, tais como: inteligência artificial, gamificação, realidade aumentada, plataformas colaborativas e de projetos. Mas então: por que não são usadas naturalmente nas práticas pedagógicas?
Possibilidades como essas, proporcionam ao estudante uma experiência mais rica e imersiva, que adapta o ensino às necessidades individuais dos alunos. Ao mesmo tempo em que abre novas possibilidades para o desenvolvimento de habilidades críticas no mundo contemporâneo e principalmente, propiciam a construção do que chamamos de letramento digital.
Assim, entendo que é preciso transformar, mudar mindset, processos formativos para professores, para que realmente as IES acompanhem a rápida transformação do digital. E nesse processo, vamos refletir sobre algumas possibilidades:
Personalização do ensino
Um dos elementos centrais dessa nova era da educação digital é a personalização do ensino.
Com o uso de inteligência artificial e análise de dados, as plataformas educacionais podem adaptar conteúdos e o ritmo de aprendizagem conforme o perfil e as necessidades de cada aluno.
Esse nível de personalização permite que os estudantes avancem no próprio ritmo, recebendo feedbacks imediatos e personalizados de acordo com suas dificuldades e conquistas.
Um exemplo prático dessa abordagem acontece dentro do GPA, uma ferramenta da Plataforma A. A ferramenta possibilita que os professores contribuam para evolução dos projetos a partir do envio de feedbacks, seja por áudio ou texto e em etapas ou sub-etapas dos projetos. É através desse espaço que é realizada a conexão entre alunos, professores e mentores externos a IES (se assim desejar).
Gestão baseada em dados
Além disso, a gestão baseada em dados tem revolucionado a forma como os gestores podem acompanhar o progresso do processo de aprendizagem em tempo real. Estou falando em plataformas, como o GPA (Gestão de Projetos Acadêmicos), que possibilitam que os alunos façam projetos onde professore e gestores, além de acompanhar em tempo real e poder dar feedbacks constantes nesse processo, podem gerar relatórios, dados e evidencias do processo de aprendizagem. Com acompanhamento de dados gerados por diferentes relatórios, é possível acompanhar de perto o resultado do trabalho dos estudantes e traçar estratégias de melhoria de resultados.
São mais de 30 relatórios disponíveis:
As Instituições e professores precisam estar atentos as novidades tecnológicas que surgem a cada dia, visando, principalmente, a facilidade na geração de evidências e os benefícios que determinadas ferramentas irão proporcionar a eles na tomada de decisão.
Metodologias para engajamento do estudante
Um excelente exemplo dessa prática é a utilização de metodologias como o Peer Instruction e o Team-Based Learning (TBL) em plataformas online, como o Socrative e o TBLActive. Nessas plataformas, o professor consegue obter evidências claras e imediatas do aprendizado dos estudantes durante as atividades.
No Peer Instruction, os alunos primeiro tentam resolver um problema de forma independente e, em seguida, discutem suas respostas em pequenos grupos. Após a discussão, eles têm a oportunidade de revisar suas respostas. Essa abordagem incentiva a participação ativa, melhora a compreensão através do ensino entre pares e, ao ser aplicada em plataformas digitais como o Socrative, permite que o professor acompanhe instantaneamente as respostas, veja padrões de erros e ajuste o conteúdo ou a abordagem conforme necessária.
Por outro lado, o Team-Based Learning (TBL) coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem, promovendo o trabalho colaborativo em equipes, seguido por discussões de grupo. Com ferramentas como o TBLActive, os professores podem rastrear o desempenho das equipes e indivíduos em tempo real, criando um ambiente de aprendizagem dinâmico e centrado no aluno. Essa metodologia, aliada à tecnologia, permite que os professores identifiquem áreas de dificuldade imediatamente, proporcionando feedback e intervenções pontuais.
Gamificação
A gamificação, que aplica elementos de jogos, como desafios, recompensas e pontuações, ao processo de ensino, aumenta a motivação e o engajamento dos estudantes, tornando o aprendizado mais interativo e menos monótono. Ao transformar o processo educacional em uma experiência lúdica e competitiva, a gamificação também desenvolve habilidades como resolução de problemas e pensamento estratégico, essenciais tanto para o aprendizado quanto para a vida profissional.
Hoje existem ferramentas online, por exemplo o kahoot, que pode ser trabalhado nas aulas e inclusive traz evidências sobre a aprendizagem em tempo real.
Experiências imersivas
As tecnologias de realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) também desempenham um papel fundamental na transformação do aprendizado digital. Elas permitem que os alunos “vivenciem” situações que seriam impossíveis no ambiente de sala de aula tradicional.
Um estudante de história, por exemplo, pode “visitar” uma civilização antiga através de simulações imersivas, enquanto um aluno de biologia pode explorar o corpo humano em um ambiente 3D. Mas para a adoção desse tipo de ferramenta, é preciso que os professores tenham conhecimento/treinamento em práticas pedagógicas para direcionar bem o estudante no processo de aprendizagem.
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Aprendizagem colaborativa
A aprendizagem colaborativa e em rede é outro aspecto marcante da educação digital. Plataformas digitais permitem que alunos de diferentes lugares do mundo colaborem em tempo real, desenvolvendo habilidades de comunicação e trabalho em equipe de forma prática.
Aqui o GPA pode ser a ferramenta de suporte ideal e com excelência, pois possibilita que estudantes façam projetos colaborativos, principalmente porque permite conectar alunos de diferentes cursos em um mesmo projeto através do sistema. Uma grande oportunidade de para que aprendam juntos e cruzem seus conhecimentos, habilidades e competências.
Microlearning
Hoje em dia, se fala muito no processo de microlearning, que fragmenta o conteúdo em pequenos módulos de fácil consumo. Essa abordagem, tem ganho aderência dos estudantes, pois é muito utilizada em dispositivos móveis, oferecendo flexibilidade para que os alunos aprendam em qualquer lugar e a qualquer momento, adequando o estudo aos seus horários e preferências.
Ao usar o GPA, o estudante pode usar seu smartphone para inserir dados, fotos e vídeos nos projetos em que estão envolvidos, pois a plataforma é responsiva.
Aprendizagem autodirigida
A aprendizagem autodirigida é outro benefício que a educação digital proporciona. Nesse modelo, os alunos têm maior autonomia para escolher o que, quando e como aprender, com uma vasta gama de recursos à disposição, como vídeos, podcasts, bibliotecas digitais e fóruns de discussão.
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Inteligência artificial
A inteligência artificial (IA) também pode desempenhar um papel mais ativo como tutor digital, auxiliando os alunos a tirar dúvidas, sugerir conteúdos complementares e até corrigir exercícios automaticamente. Com IA atuando como assistente de ensino, os alunos têm suporte personalizado a qualquer momento, o que torna o processo de aprendizagem mais fluido e eficiente.
A IA também contribui para o desenvolvimento de soluções educacionais baseadas em dados, identificando padrões de aprendizado e auxiliando os educadores a planejarem intervenções pedagógicas mais assertivas.
Inteligência Artificial é o momento! Mas como garantir o uso correto dessa tecnologia? São inúmeros formatos, padrões, treinamentos de robôs, automações, mas esse é um assunto para outro artigo. Apesar disso tudo, o que vejo aqui talvez seja o maior desafio ou dificuldade.
Na minha opinião o professor ainda tem certas resistências ao uso de tecnologias e ferramentas digitais. Como resolver essas questões? Os gestores devem criar um processo que garanta a sustentabilidade na transformação digital na Instituição. Isso inclui um trabalho de formação continuada docente, redesenho de matriz curricular e suporte contínuo ao professor.
Os resultados da boa implementação
Por outro lado, quando bem implementada, a educação digital oferece uma experiência de aprendizagem profundamente diferenciada e imersiva, promovendo uma educação mais flexível, personalizada e colaborativa. O papel do educador nesse contexto se transforma, passando a ser o de facilitador do aprendizado, orientando e apoiando os estudantes na navegação desse ecossistema digital. O aluno, por sua vez, ganha mais autonomia e responsabilidade sobre seu processo de aprendizagem, desenvolvendo não apenas conhecimentos, mas também competências digitais e socioemocionais necessárias para o futuro.
Em suma, a educação digital, muito além do EAD, oferece um leque vasto de oportunidades para inovar e enriquecer a aprendizagem. Tecnologias como IA, AR, VR e gamificação têm o potencial de transformar radicalmente o processo educativo, tornando-o mais inclusivo, dinâmico e conectado às demandas do século XXI. O desafio é garantir que essas inovações sejam acessíveis a todos e que professores e alunos estejam preparados para aproveitar ao máximo esse novo cenário educacional.
Mais que isso, que a sala de aula seja o local a ser realmente invadido pelo mundo digital, onde o estudante possa aprender usando a IA, a realidade aumentada, a gamificação, plataformas de projeto na prática, desenvolvendo competências e habilidades conectadas a sua profissão. Assim, ele será realmente o profissional do futuro.
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