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Tudo que você perdeu sobre o ENADE das LICENCIATURAS

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A coluna de Renata Perrenoud conta com a parceria de Vinicius Pereira, coordenador de negócios da Plataforma A

Desde 2023, o INEP vem pensando em ferramentas e estratégias de aprimoramento na formação de professores no Brasil. Uma dessas iniciativas é o ENADE das licenciaturas. Para essa reflexão foi criado o CALIC (Comissão Assessora para Licenciaturas), formada por professores e especialistas de Instituições de Ensino Superior e Básico e que em conjunto, repensaram a matriz de referência mais adequada para avaliação das competências docentes, as melhores maneiras de avaliar, itens de prova ideais entre outras coisas.

No início de 2024, criaram comissões dedicadas estruturar tudo isso, para cada uma das 17 áreas de licenciatura que estão sendo avaliadas e mais uma ligada a formação docente.

O chamado ENADE das licenciaturas, se dividirá em duas avaliações: prova teórica (formato já realizado anteriormente, mas com alteração no número de questões), previsto para o próximo dia 24/11 e a avaliação prática, que é a grande novidade. A avaliação da prática tem por objetivo avaliar o desempenho dos estudantes durante o estágio de regência de classe. Além do estudante da licenciatura, também participam da avaliação da prática: o professor supervisor (o docente da educação básica regente da disciplina em que o estudante realiza o estágio), e o orientador de estágio (o docente do curso de Licenciatura que orienta o estudante durante o estágio).

Os estudantes poderão ser habilitados para diferentes tipos de avaliação:

  • a avaliação teórica,
  • avaliação da prática,
  • avaliação prática e teórica.

Os que estiverem habilitados para os dois processos avaliativos deverão, obrigatoriamente, realizar a prova de conhecimentos, preencher o questionário do estudante e realizar a avaliação da prática. O estudante deverá preencher, no prazo de até 10 dias corridos antes da aula, o

Questionário da Avaliação da Prática

O instrumento consiste na prestação de informações sobre as atividades desenvolvidas durante o estágio, sua percepção sobre essa etapa de formação e o preenchimento do plano de aula que será avaliado pelo supervisor. Além disso, o professor supervisor também deverá preencher um instrumento para avaliar as contribuições da etapa formativa, assim como as condições de acompanhamento do estágio.

Após a conclusão da avaliação, um formulário contextual será preenchido pelo professor orientador. Todos deverão realizar capacitação on-line, disponibilizada pelo Inep. As demais áreas, incluindo os bacharelados das respectivas áreas, devem realizar a avaliação somente a partir de 2025.

Assim podemos observar que a principal mudança no ENADE das licenciaturas é, portanto, a inclusão de uma avaliação prática, com o objetivo de observar e medir diretamente o desempenho dos estudantes no contexto de regência de classe. Essa abordagem representa um esforço do MEC para alinhar a formação docente com as necessidades reais das salas de aula, em um cenário em que a prática é essencial para garantir a qualidade da educação.

Com isso, o ENADE das licenciaturas deixa de ser uma simples prova teórica e passa a ser um processo multifacetado, que envolve o próprio estudante, o professor supervisor e o orientador de estágio, além de incluir capacitação para todos os envolvidos.

Mas pergunto: Isso é suficiente?

O MEC em um esforço para melhorar a qualidade dos cursos de licenciatura, trouxe como solução a avaliação (a ponta) mas e o processo? O que adianta dificultar ou alterar o modelo de avaliação se o modelo formativo, o processo, continua o mesmo?

Leia mais uma coluna de Renata Perrenoud
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Vantagens e Desvantagens

A principal vantagem dessa nova abordagem é que ela promove uma avaliação mais completa das competências dos futuros professores, ao avaliar a prática docente. Ao observar o desempenho dos alunos durante o estágio, o ENADE consegue captar habilidades práticas e pedagógicas que a prova teórica não alcança, contribuindo para uma formação mais sólida e próxima das demandas das escolas.

Outro benefício é a colaboração entre o supervisor de estágio e o orientador acadêmico, que enriquece o processo avaliativo e garante uma visão mais ampla do desempenho do estudante.

Por outro lado, o novo modelo também apresenta desvantagens e possíveis limitações. A implementação da avaliação prática requer uma logística complexa e pode gerar sobrecarga tanto para os supervisores de estágio quanto para os orientadores, que terão mais responsabilidades em relação ao acompanhamento e preenchimento de relatórios.

Além disso, essa metodologia pode enfrentar dificuldades em manter a uniformidade de avaliação, uma vez que as condições dos estágios variam muito entre instituições e contextos regionais, o que pode prejudicar a comparabilidade entre os resultados.

Mais uma vez pergunto: o MEC está preparado para isso? Os avaliadores estão preparados? As instituições precisam se adequar. A logística desse processo não será algo simples, ao olharmos para a quantidade de cursos hoje ofertados!

Desafios do Novo ENADE

Um dos principais desafios para a implementação do novo ENADE é a capacidade de adequação de todos os envolvidos. O sucesso da avaliação prática depende de ter pessoas e, também, uma estrutura bem preparada para aplicar os critérios de forma justa e objetiva.

Isso exige que o INEP ofereça treinamentos abrangentes e contínuos, garantindo que as expectativas e diretrizes sejam compreendidas de forma uniforme. Além disso, a coordenação entre instituições de ensino superior e escolas é essencial para que os estágios sejam realizados de maneira estruturada e controlada. Ou seja… Não será fácil.

Outro desafio importante é garantir a infraestrutura e os recursos necessários para a avaliação prática em todo o Brasil. Muitos cursos de licenciatura e escolas de educação básica enfrentam limitações financeiras e de pessoal, o que pode dificultar a realização de estágios adequados e prejudicar a qualidade da avaliação prática. Sem apoio adicional do governo e investimentos em infraestrutura, o novo modelo corre o risco de se falir antes mesmo de começar.

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Opinião sobre o Novo ENADE Licenciaturas

Se esse as condições ideais para esse modelo forem desenvolvidas e estruturadas, esse novo modelo pode representar um marco positivo na melhoria da qualidade da formação docente no Brasil, mas sua eficácia só será comprovada com o tempo e com ajustes baseados nos desafios enfrentados.

Pode melhorar? Sim. Mas pode ser um fracasso se ficarmos aqui, olhando nossa educação andar para traz. É preciso sim fazer mudanças! Eu, Renata, particularmente defendo a mudança no processo. Matrizes por competência e projetos, aulas e aprendizagem ativa, uma formação integral para que lá na ponta, o egresso esteja preparado para o ENADE.

Eu, Vinicius, concordo com a Renata. Precisamos, de forma constante, subir a régua da qualidade do ensino em nosso país, mas as Instituições, não necessariamente precisam esperar do governo novas diretrizes para agirem nessas melhorias.

No pacote de soluções digitais da Plataforma A oferecemos a ferramenta de Gestão de Projetos Acadêmicos, o GPA, que pode contribuir para a digitalização e monitoramento de todo esse processo avaliativo, contribuindo para criação do relatório de estágio, ao acompanhamento dos projetos de extensão, na construção do Trabalho de Conclusão de Curso e até mesmo em projetos institucionais ou somente com professores envolvidos.

O sistema ajudará as Instituições na definição de regras e etapas dos projetos, mas possibilita principalmente, o desenvolvimento dos trabalhos por dentro da plataforma, possibilitando elevar constantemente a qualidade dos projetos a partir de orientações de apoio aos estudantes. Trazer o relatório de estágio para dentro de um sistema como o GPA, com certeza deverá melhorar os instrumentos de análise dos professores em formação.

Vamos seguir, acompanhando o desenrolar dos desafios da educação.

Fonte: https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/enade/enade-das-licenciaturas-saiba-como-sera-avaliacao-pratica

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