A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nota em que defende a reabertura das escolas. No documento, publicado no fim de janeiro, a SBP alerta para os impactos negativos que o fechamento das instituições de ensino gerou em crianças e adolescentes – como o aumento significativo de casos de ansiedade, depressão e estresse entre esse público.
“O impacto psicológico da pandemia tem sido tão ou mais preocupante entre os pediatras do que a própria doença, visto que a busca por atendimentos de urgência e emergência voltados para crianças e adolescentes, motivados por crises de ansiedade, tentativas de suicídio e uso de drogas aumentou significativamente”, diz a média Andrea Dambroski, pediatra do Departamento de Saúde Escolar do Colégio Positivo.
Dambroski reforça que as estatísticas da pandemia mostram que crianças e adolescentes representam menos de 1% dos casos de mortalidade da doença e respondem por 2% a 3% do total das internações, sendo que a maioria das crianças infectadas manifesta apenas quadro leve de sintomas ou é assintomática.
“Aqueles que fazem parte de grupos de risco ou convivem com pessoas idosas ou com comorbidades, devem avaliar, junto à escola e com o pediatra da criança, se devem retornar às aulas presenciais ou optar por manter o ensino remoto. Mas as exceções devem ser tratadas caso a caso”, salienta.
Para a especialista, é importante que haja uma relação de confiança entre as famílias, os alunos e as escolas. “Os protocolos estão sendo seguidos de acordo com as recomendações de órgãos governamentais. Estamos promovendo treinamentos periódicos e atualizados para professores e colaboradores, sempre disponibilizando materiais de apoio que reforcem as medidas de prevenção. Se cada um fizer a sua parte, é possível sim garantir um ambiente seguro para o retorno dos alunos”, diz Dambroski.
O retorno nas escolas privadas
Aos poucos, as escolas de todo o país vão retomando as atividades e dando início ao ano letivo de 2021. As aulas nas escolas particulares, na maior parte dos estados, estão agendadas para começar até março, segundo a Agência Brasil. As aulas poderão ser presenciais, remotas ou mesmo em um modelo híbrido, mesclando as duas modalidades. As orientações variam de conforme a região.
Nenhum estado do Brasil voltará ao esquema 100% presencial – não neste momento. De acordo com um levantamento atualizado da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), 19 estados adotarão um modelo híbrido de ensino: Alagoas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo , Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Rondônia, São Paulo e Tocantins.
Cinco estados vão adotar o modelo 100% virtual: Acre, Amazonas, Bahia, Rio Grande do Norte e Mato Grosso. Os estados do Maranhão, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul devem retornar em breve, mas ainda não definiram o modelo que será adotado.
Segundo o presidente da Fenep, Ademar Batista Pereira, entre as escolas particulares há uma grande diversidade – e cada uma, levando em consideração o local onde está inserida, o nível de contaminação de cada cidade, os professores, os estudantes e as famílias, deve decidir a melhor forma de retomar as atividades. “Depende muito do projeto de retorno que a escola fará”, diz.
A entidade preparou um plano estratégico de retomada das atividades, com uma série de orientações de segurança. “A gente aprendeu que a doença não vai embora tão cedo e que a gente precisa aprender a conviver com ela”, defende o presidente da Fenep.
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