A previsão era 1º de março de 2021. Esta era a data definida pelo MEC para a retomada das aulas presenciais no sistema federal de ensino superior, o que inclui universidades, institutos federais e faculdades privadas.
Mas não foi o que aconteceu em boa parte do Brasil.
Realidade no Brasil
Desde meados de janeiro, a média móvel de mortes diárias no país por covid-19 está bem acima de 1 mil. No total, mais de 300 mil brasileiros perderam a vida em decorrência da doença. “A pandemia está muito pior agora do que em março do ano passado, quando as aulas foram suspensas“, reconhece Sólon Caldas, diretor executivo da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior).
Apesar de definir data de retorno do ensino presencial, a portaria do MEC também permitia adia-lo em alguns cenários. “Depende muito da situação local“, resumiu o ministro da Educação, Milton Ribeiro.
Devido à dimensão continental, o Brasil não consegue impor uma decisão horizontalizada. Cada região está numa fase diferente da pandemia. Por isso há variação entre as medidas adotadas pelas instituições de ensino superior (IES). A maioria tem optado pelo ensino remoto ou híbrido.
O Oeste de Santa Catarina é uma das poucas regiões do país onde as aulas presenciais voltaram de forma gradual. Por lá, a retomada ocorreu em 22 de março na UCEFF – antigo Centro Universitário FAI, de Itapiranga, e Faem (Faculdade Empresarial de Chapecó). A instituição oferece 30 cursos e para cerca de 5 mil alunos.
“A vida acadêmica precisa ser retomada. Faculdade não é só sala de aula e conteúdo, é também relação entre as pessoas. Quando tudo está parado é muito prejudicial”, alega Leandro Sorgato, reitor da UCEFF, em entrevista ao Desafios da Educação.
Como o “velho normal” segue inviável, os alunos da UCEFF precisam acessar o ambiente virtual de aprendizagem e manifestar seu interesse: se querem assistir as aulas presencialmente (nos campi de Itapiranga e Chapecó) ou a distância.
Na primeira opção, os estudantes frequentam salas de aula com baixa ocupação e intervalos escalonados – para evitar aglomeração. Os acadêmicos que optam pela segunda opção assistem a transmissão das aulas presenciais. Esse modelo é conhecido como aprendizagem telepresencial.
A UCEFF afirma seguir todos os protocolos de segurança, conforme definidos nos planos municipais de contingência. À semelhança da UVV (Universidade Vila Velha), onde o ensino presencial foi retomado em 2 de fevereiro.
Telepresencial e híbrido prevalecem
Estava tudo indo bem no modelo telepresencial da UVV: tanto o aluno que ia à universidade quanto o que ficava em casa acompanhava o mesmo conteúdo em tempo real. Mas o aumento do número de infecções e mortes por covid-19 no estado do Espírito Santo fez a reitoria rever a estratégia.
Em 18 de março, a UVV suspendeu as aulas e atividades presenciais durante 14 dias – o que, na prática, significa duas semanas das férias de julho antecipadas. Em nota, a IES afirmou que “professores e alunos têm o direito de dedicar este momento aos cuidados de familiares e entes queridos”.
À medida que diminuírem os números da covid-19, espera-se que a UVV torne a oferecer aulas presencias. A expectativa é que, nos próximos meses, outras IES também anunciem um retorno gradual das atividades no campus. Por enquanto, prevalece o ensino híbrido.
“Hoje, a IES que não adota o ensino híbrido simplesmente não consegue operar.”
Sólon Caldas, diretor executivo da Abmes.
O modelo híbrido pandêmico significa disciplinas teóricas reservadas ao ambiente virtual. Atividades práticas e laboratoriais são realizadas presencialmente, desde que respeitando protocolos de segurança e adequações como distanciamento de um metro e meio entre os alunos, uso de máscaras faciais e manuseio individual de equipamentos.
É assim na Unifaccamp (Centro Universitário Campo Limpo Paulista). Por lá, o ano letivo foi retomado em 22 de fevereiro – com aulas remotas, à exceção das práticas dos cursos da área da saúde.
Na Univali (Universidade do Vale do Itajaí), as aulas presenciais das disciplinas práticas estão mantidas conforme cronograma definido para cada disciplina, informado pelas coordenações de curso.
“Alunos que porventura não se sentirem seguros para retornar à presencialidade, em qualquer nível de ensino, poderão acompanhar as aulas remotas transmitidas por webconferência no ambiente virtual de aprendizagem“, informou a Univali.
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