Dia dos Povos Indígenas: dicas e obras para abordar o tema

Renata Cardoso • 18 de abril de 2023

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    Além de uma data comemorativa, o Dia dos Povos Indígenas pode ser uma oportunidade para trabalhar o respeito e a multiplicidade de culturas nos ambientes de aprendizagem.

    Inclusive, a nomenclatura da celebração de 19 de abril passou por mudanças recentemente para explicitar a diversidade dos povos originários, deixando para trás o reducionismo causado pelo até então chamado “Dia do Índio”.

    Hoje, separamos algumas dicas e obras que podem ajudar a trabalhar o Dia dos Povos Indígenas em sala de aula. Confira!

    Museu da República comemorou o Dia dos Povos Indígenas no último final de semana, com evento nos jardins do palácio. Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil.

    O que fazer e o que não fazer

    Ter consciência das diferentes culturas e modos de vida é um passo básico para tratar o tema.  Logo, a primeira dica é, em qualquer conversa sobre o assunto, chamar o cidadão indígena pela etnia a qual pertence, seja Guarani, Kayapó, Munduruku, entre tantas outras. Vale lembrar que no Brasil existem mais de 308 etnias indígenas e 274 línguas faladas.

    E aqui entra a segunda dica : busque por obras, fatos ou lendas que tenham a ver com a cultura indígena da sua região.  Isso ajuda a aproximar o tema da realidade dos estudantes, conscientizando e ajudando a minimizar preconceitos.

    “Infelizmente, as escolas brasileiras muitas vezes ignoram a Lei 11645/08 , que estabelece a inclusão da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos currículos escolares. É fundamental que professores e educadores abordem essas temáticas em todas as disciplinas, de forma a desenvolver uma consciência crítica sobre a diversidade cultural e a valorização da cultura indígena”, apontou Anápuàka Tupinambá, artista, curador e criador da rádio Yandê Indígena , em post nas redes sociais.

    Na sua publicação, Anápuàka dá mais dicas do que não fazer em sala de aula:

    • Pintura de rostos – cada etnia tem traços próprios, com significados únicos. Usar traços genéricos e sem uma contextualização do seu significado banaliza esse importante aspecto cultural;
    • Desenhos para colorir – assim como no tópico anterior, usar figuras genéricas e sem contextualização ajuda a fortalecer estereótipos e preconceitos;
    • Falar dos costumes dos povos indígenas no passado – isso reforça um pensamento errôneo de que os indígenas são atrasados, ou que ficaram parados do tempo. A cultura indígena existe hoje e também é transformada ao longo dos anos.

    3 obras para trabalhar em sala de aula

    Agora, conheça três obras escritas por indígenas que abordam temas que facilmente podem ser trabalhados em sala de aula:

    Saberes da Floresta, de Márcia Kambeba

    Saberes da Floresta é o segundo título da Coleção Insurgências, que nasce com o objetivo de partilhar e fazer girar reflexões e práticas comprometidas com formas diversas de pensar o mundo, as relações, os modos de aprender e de ensinar.

    Neste livro, a produção poética da autora, indígena Omágua/Kambeba, se apresenta como um fio que abre caminhos, promove aproximações entre saberes diversos, amplia possibilidades de visões de mundo e incita novas formas de ensino e aprendizado.

    Kariri Xocó, Contos Indígenas, volume 2, de Denizia Kawany Kariri Xocó Fulkaxó

    Segundo a pesquisadora Janda Montenegro de Silva , em artigo publicado no ano passado, nos seis contos que compõem o projeto editorial é possível experienciar a rotina do povo Xocó e assimilar como a sabedoria é compartilhada e vivenciada pelos indígenas desse povo.

    Por exemplo, em “A cura do mundo: povos da floresta”, conto que abre o livro, o leitor é convidado a conhecer a história da “descoberta” da América pelo ponto de vista de quem já estava nesta terra e, portanto, tem um outro olhar sobre como as coisas aconteceram.

    Além disso, a obra vem acompanhada de um CD com as cantigas citadas no livro, o que facilita seu uso como material pedagógico.

    Historinhas Marupiaras, de Uziel Guaynê

    As histórias deste livro mostram que a felicidade individual só tem sentido se contribuir para a felicidade do grupo. Em “Pé pro Mato” seres humanos e animais devem ser respeitados em suas escolhas. Já no conto “Os três irmãos e a fera”, quem não é o mais forte tem que se valer da astúcia, sagacidade e esperteza para garantir a felicidade do grupo social.

    Por fim, a obra traz a delicada lenda do Uirapuru, pássaro de aparência pouco exuberante, canto esplêndido e símbolo da solidariedade e do amor gratuito.

    Bônus

    Confira sete indicações para ler com as crianças, de acordo com a Livraria Maracá , a primeira especializada em literatura indígena do Brasil.


    Por Renata Cardoso

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