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Quando o assunto é custo-benefício no ensino superior, a dúvida entre educação a distância (EaD) ou presencial é constante — para os alunos e para as instituições de ensino.

E quando se trata da pós-graduação o dilema pode ser ainda maior. Apesar do ensino presencial concentrar a maior parte das matrículas, cresce a cada ano a participação do EaD nesses tipos de cursos.

De acordo com os dados da 13ª edição do Mapa do Ensino Superior,  36,3% das especializações, 6,7% dos mestrados e somente 4,9% dos doutorados são a distância.

Cenário da pós-graduação

O Brasil vive uma crise na pós-graduação acadêmica, voltada à pesquisa. Em universidades de diversos locais do país, os professores relatam menor procura pelos cursos de mestrado e de doutorado. Em alguns casos, as vagas sequer são preenchidas.

Em 2022, existiam cerca de sete mil cursos de pós-graduação stricto sensu – mestrado acadêmico e profissional e doutorado acadêmico e profissional – avaliados e reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Por outro lado, o interesse em relação aos programas de pós-graduação lato sensu vem crescendo, tanto entre os alunos quanto entre os gestores.

Segundo um estudo realizado pelo Semesp, até 2021, 6,3 milhões de estudantes já haviam frequentado um curso de especialização. O levantamento ainda afirma que as vagas desses cursos chegaram a 173 mil no mesmo ano, o que representa um crescimento de 136% em comparação com 2019.


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Entretanto, de acordo com o Mapa do Ensino Superior, apenas as especializações da rede privada tiveram aumento de matrículas entre os anos de 2021 e 2022.

Especialização:

Queda geral de 0,7% nas matrículas, aumento de 7,3% na rede privada e queda de 39,2% na pública;

Mestrado:

Queda geral de 5% nas matrículas, 3,4% na rede privada e 5,8% na pública.

Doutorado:

Queda geral de 19,4% nas matrículas, 37,1% na rede privada e 14,1% na pública.

Pós-graduação presencial

Basta uma busca rápida no Google para perceber que os preços de uma pós-graduação podem ser muito diferentes. E existem diversos motivos para isso.

“No mercado, há uma variação muito grande desses valores, a depender da área, da modalidade e da quantidade de recursos e experiências que o curso vai oferecer”, avalia Priscila de Souza, presidente da Associação Brasileira de Instituições de Pós-Graduação (Abipg).

Quando se trata de pós-graduações presenciais, por exemplo, uma mensalidade pode chegar a R$ 2 mil na área jurídica. Para a presidente da Abipg, cursos com esses valores precisam entregar um conteúdo com muita qualidade. “Dificilmente as instituições nesses extremos fornecem produtos equivalentes”, aponta Souza.

O valor alto parece ser o gargalo das especializações presenciais. Manter um espaço físico para lecionar implica em diversos custos. E não somente com aluguel, luz e manutenção, mas também com os materiais necessários para as aulas.

Tudo isso se reflete no valor das mensalidades, o que pode acabar afastando uma parcela considerável de estudantes, que optam pelo ensino a distância.

Como ofertar pós-graduação presencial

Cursos de pós-graduação podem ser oferecidos nas áreas e modalidades que as IES já disponham de cursos de graduação. Uma faculdade que tenha graduação em Administração presencial pode oferecer uma pós nessa área no mesmo formato, por exemplo.

Há, entretanto, instituições que são equiparadas às IES. Por isso, em virtude de seu caráter de especialidade, podem oferecer cursos de pós-graduação. São elas:

  • Instituições com credenciamento para oferta de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado);
  • Escolas de governo;
  • Instituições de pesquisa científica ou tecnológica;
  • Instituições relacionadas ao mundo do trabalho.

EaD

A parte financeira é uma das questões que pode tornar a oferta de cursos híbridos ou remotos ainda mais interessante. Não significa que, ao optar por um ambiente virtual de aprendizado, a instituição de ensino não precisará fazer investimentos. Mas pode reduzi-los.

“Os preços variam amplamente, dependendo da instituição, do programa e da duração, mas geralmente os cursos EaD são mais acessíveis”, afirma a gerente executiva da +A Educação, Daiana Rocha.


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Como ofertar pós-graduação EaD

De acordo com Rocha, além dos mesmos requisitos do presencial, para ofertar uma pós-graduação EaD, a IES precisa avaliar outras ferramentas e estruturas.

  • Tecnologia: ter uma infraestrutura de tecnológica robusta para suportar a plataforma de ensino online, incluindo servidores, sistemas de gerenciamento de aprendizado, e suporte técnico;
  • Qualidade do conteúdo: desenvolver ou adquirir conteúdos de alta qualidade e adaptados para o ambiente online em diferentes formatos;
  • Capacitação docente: treinar os professores para ministrar aulas EaD de forma eficaz;
  • Suporte ao aluno: oferecer suporte técnico e acadêmico para os alunos, incluindo orientação, tutoria e serviços de biblioteca online.

Qual vale mais a pena?

“Quando se olha somente o aspecto financeiro, a opção a distância tende a ser mais vantajosa”, defende Priscila de Souza, da Abipg. Mas a decisão entre oferecer pós-graduação na modalidade EaD ou presencial depende de outros fatores.

“Em geral, a pós-graduação a distância pode ser mais rentável devido aos custos operacionais mais baixos, como instalações físicas e recursos humanos”, diz Daiana Rocha, da +A Educação. Ela completa, no entanto, que a oferta presencial pode atrair um público disposto a pagar mais por uma experiência educacional presencial.

Quando o assunto é a qualidade do ensino, as especialistas acreditam que ambas as modalidades podem proporcionar boas experiências de aprendizagem. “A escolha entre EaD e presencial deve ser baseada nas necessidades dos alunos e nos objetivos pedagógicos da instituição”, aponta Rocha.

“Ambas podem ser muito proveitosas. Atualmente, há muitas ferramentas que podem tornar o aprendizado acessível, especialmente considerando os aspectos financeiro e territorial”, afirma Souza.

No fim das contas, o ideal é que IES ofereça ambas as opções para atender a diferentes perfis de alunos. Uma pós-graduação EaD pode ter custos baixos, mas requer boas ferramentas tecnológicas e um corpo docente preparado. Já a presencial, apesar do valor alto, consegue cativar uma parcela da população que prefere a imersão cara a cara.


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