Com uma ampla agenda de debates e palestras, o 26º Fórum Nacional do Ensino Superior Particular (FNESP), realizado no mês de setembro, em São Paulo, proporcionou ao público uma visão plural sobre as perspectivas para a educação brasileira nos próximos anos. Além disso, o evento teve uma interessante programação paralela, na qual um dos destaques foi o podcast Gestão do Ensino Superior.
A equipe do programa, vinculado à revista Ensino Superior, gravou sete episódios ao vivo diretamente do Centro de Convenções Anhembi. O último, transmitido no dia 19 de setembro, abordou a parceria de sucesso entre o Centro Universitário Integrado, de Campo Mourão (PR), e a Plataforma A.
O podcast foi ancorado pelo publisher da revista, Edimilson Cardial, que, com o auxílio da gerente de Negócios da Plataforma A, Daniela Hauser, entrevistou dois representantes da instituição de ensino superior (IES): Bruno Camara, head de Tecnologia e Planejamento, e Rafael Zampar, diretor de Negócios. Confira os principais temas abordados na conversa.
O agro é digital
O Centro Universitário Integrado pode ser considerado um bom exemplo de transição para o ensino híbrido. A decisão de ampliar o uso de tecnologia foi pensada para contemplar tanto as necessidades do aluno quanto as necessidades do mercado.
Uma das primeiras medidas foi a criação da BeAgro, vertical que integra educação, inovação e tecnologia para a formação de profissionais do agronegócio. “Aproveitamos a vocação tipicamente agrícola da região para remodelar o currículo de Agronomia. Os alunos começaram a estudar no formato semipresencial. Quando ele foi lançado, tínhamos cerca de 100, 110 matrículas. Hoje, já temos 300 ingressantes”, afirma Zampar.
A primeira turma a ingressar nesse modelo está no quarto semestre. As aulas presenciais são realizadas em uma fazenda experimental, enquanto o conteúdo teórico é disponibilizado pelas soluções integradas da Plataforma A.
“São trilhas de aprendizagem e aulas com formatos bastante diferenciados. Depois de assimilar esse conteúdo, o aluno vem para a instituição, onde, duas vezes por módulo, passa o dia todo no campus, fazendo aulas práticas e aplicando o que adquiriu na plataforma”, diz o gestor.
Camara destaca que a proposta de implementar mais tecnologia nos cursos vem de longe, mas ganhou corpo a partir de 2021. “Entendemos que a trilha de aprendizagem precisava pensar no contexto que o nosso aluno vai encontrar no mercado de trabalho. Justamente por isso, implementamos novas disciplinas para aprofundar a questão da tecnologia e das competências digitais.”
Foco em competências
Segundo Zampar, um dos grandes diferenciais da proposta do Centro Universitário Integrado é estimular o desenvolvimento de soft skills. “Mesmo em cursos como Agronomia e Tecnologia e Análise de Desenvolvimento de Sistemas, o aluno não adquire apenas capacitação técnica, mas também uma série de habilidades comportamentais e de gestão de pessoas”, ressalta.
O aprimoramento de competências é transversal em todas áreas, mas junto com os conhecimentos em tecnologia e empreendedorismo. Por meio dessa proposta, o estudante vivencia sua própria trilha de aprendizagem, iniciando um projeto de vida e já olhando para o futuro. Depois de cinco semestres, esse projeto é revisado para focar também na carreira.
“A partir daí, os alunos recebem uma mentoria profissional e acumulam outros conhecimentos, como comunicação e liderança, e trazemos a curricularização da extensão para dentro da sala, para que eles consigam associar o que estão aprendendo no dia a dia com o que a comunidade precisa”, destaca o diretor.
Integração é o segredo
Um dos desafios da transição digital é vencer a resistência que alguns docentes têm em relação a novas ferramentas. No Centro Universitário Integrado, a estratégia para superar essa barreira passou por entender quais eram as grandes dificuldades do professor em relação a processos e capacitação técnica e pedagógica, mas sem deixar de lado o viés tecnológico.
“Utilizando a Plataforma A, que nos ajudou a substituir a LMS por uma solução mais integrada, conseguimos simplificar a gestão do conteúdo para os professores”, afirma Camara. “Dessa forma, conseguimos atingir nosso objetivo, que não era oferecer um livro em branco para o professor, mas sim a facilidade de encontrar conteúdo dentro da própria plataforma, para que ele pudesse explorar além da sala de aula e fomentar diferentes atividades.”
Daniela Hauser lembrou que a edtech tem uma parceria de longa data com o Centro Universitário Integrado. Mas a grande virada de chave veio quando a IES decidiu ampliar seu escopo em relação ao uso de tecnologia.
“Esse modelo promove a verdadeira transformação digital, já que não restringe um conteúdo ao presencial ou à EaD. Ao utilizar o aparato tecnológico da Plataforma A — solução integrada, sistema de avaliação, banco de questões —, de forma institucional, fica mais fácil trazer o professor para dentro do processo, o que é fundamental para oferecer essa experiência para o aluno”, diz.
Para Camara, o segredo para uma transição digital bem-sucedida é colocar o aluno no foco da mudança e ter o professor como facilitador dessa experiência: “Quando entendemos isso, foi muito fácil tomar a decisão de fazer as migrações que fizemos. Já utilizávamos várias soluções da Plataforma A, como SAGAH e AvaliA. Mas, quando trabalhamos com tudo isso de forma integrada, o processo ficou muito mais fácil”.
A transposição foi realizada em tempo recorde. “Tínhamos a missão de transferir todo o conteúdo da LMS anterior de outubro de 2023 até junho de 2024. Com a ajuda da Plataforma A, que acompanhou esse processo de ponta a ponta, conseguimos fazer isso em janeiro, antes do início das aulas”, diz o gestor.
Mudança cultural
No processo de transformação digital, o primeiro ponto a ser trabalhado é a mudança cultural. Zampar admite que essa não é uma tarefa fácil, mas, quando se consegue engajar os professores, o processo flui de forma mais natural.
Para isso, a IES de Campo Mourão conta com um grupo de disseminadores — educadores que “abraçaram” as mudanças tecnológicas e agora as propagam entre seus pares. “Eles ajudam no processo de formação dos colegas, apresentando cases e mostrando como é a realidade de integração entre o EaD e o presencial, para promover um ensino híbrido, de fato, que comece na plataforma e termine na sala de aula”, afirma.
Entre os 7 mil alunos da instituição (somando os da unidade presencial, que atende a 25 municípios da região, e outros 12 polos a distância no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), a adesão às tecnologias já superou as expectativas.
“Ficamos surpresos com a quantidade de estudantes que estão explorando os objetos imersivos e laboratórios virtuais, pois ainda não fizemos um esforço no sentido de fomentar essa utilização. O plano é promover essas tecnologias de forma mais massiva, mas a repercussão inicial foi bastante positiva, com números excelentes”, conclui Zampar.
Você pode conferir o podcast na íntegra no vídeo abaixo:
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