Você já ouviu falar de “curva de esquecimento”? É o nome dado por Hermann Ebbinghaus, um psicólogo alemão, ao fenômeno de esquecer-se de aproximadamente 50% das informações recebidas uma hora atrás.
A constatação é de um estudo do próprio Ebbinghaus. Nele, também se descobriu que 70% dessas mesmas informações são esquecidas em 24 horas. E que 90% do conteúdo é esquecido em um mês.
O cérebro humano age assim: se não são relembrados ou colocados em prática, os conhecimentos são desmemorizados. Considere isto e reflita sobre a famosa frase atribuída a Albert Einsten: “Aprendizado é aquilo que fica após esquecermos o que nos foi ensinado”.
Os profissionais da educação se perguntam, então: como gerar maior aprendizagem? Quais metodologias são capazes de fazer com que o estudante não esqueça imediatamente o que está aprendendo? Como colocar em prática os conteúdos relevantes para a formação do estudante?
As metodologias ativas são excelentes alternativas. Elas são capazes de gerar maior aprendizagem devido à prática de seus princípios, como protagonismo estudantil, trabalho em grupo e resolução de problemas.
Mas as metodologias ativas não são as únicas possibilidades. Existem outras abordagens capazes de gerar um aprendizado efetivo por meio de processo de verdadeira imersão.
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Metodologias imersivas: tendência
As metodologias imersivas despontaram na educação. Cada vez mais praticadas, elas crescem a partir do avanço das tecnologias de realidade virtual, de realidade aumentada, simuladores e softwares específicos.
Esses recursos, associados a uma metodologia de ensino devidamente planejada, provocam uma verdadeira imersão do estudante no contexto da sua profissão – sem sair da sala de aula.
Uma metodologia imersiva, contudo, não se caracteriza tão somente pela tecnologia. Estudo de casos, storytellings aprendizado baseado em desafios e roleplay também são exemplos de metodologias imersivas. Ver-se dentro de uma história ou assumir um papel profissional para resolução de problema proporciona uma experiência empática que gera engajamento e estimula a autonomia do aluno. Ele aprende através da simulação.
Como as metodologias imersivas são atividades pedagógicas com foco na aprendizagem experiencial e prática do estudante em situações do contexto da profissão, o primeiro passo é colocar o estudante para se deparar com uma situação concreta relacionado ao conhecimento que precisa ser adquirido.
Os conhecimentos podem ser técnicos, específicos, de novas habilidades ou comportamentais. O foco é levar o estudante a levantar hipóteses de soluções construindo ou descontruindo o conhecimento para tomar a melhor decisão.
Assim, o estudante efetivamente aplica o conhecimento e melhora sua performance – verificada por meio do feedback imediato do professor sobre as consequências das ações tomadas em um ambiente simulado e seguro.
Como o objetivo das metodologias imersivas está em proporcionar ao estudante uma experiência muito próxima ou real da atuação profissional, o diferencial está na apresentação do conhecimento por meio de uma situação/problema.
Imagine um estudante observando o sistema esquelético no ar e identificando diferentes partes dele, aplicando um experimento de laboratório e tomando decisões sobre o que fazer e quais recursos utilizar. Tudo isso quantas vezes for necessário para aprender.
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Imersão a partir de desafios
Os desafios, quando bem planejados, contribuem para mobilizar as competências desejadas –sejam elas intelectuais, emocionais, comportamentais. Uma aprendizagem baseada em desafios também permite:
- Atrair a atenção dos alunos para o conteúdo
- Experimentar e “aprender fazendo”
- Possibilitar aos estudantes praticarem o conhecimento quantas vezes for necessário
- Promover a atenção focada
- Ofertar experiências de aprendizagem que estejam ligadas as diferentes formas de aprender dos alunos
- Planejar de forma personalizada e acompanhar individualmente cada aluno
- Aproximar a realidade com o cotidiano do aluno.
A preparação para atuação profissional por meio da educação superior precisa acontecer de forma significativa para o estudante, que deve ser capaz de estabelecer relação entre o que aprende no plano intelectual e as situações reais do cotidiano.
Sendo assim, as metodologias imersivas são um campo a se explorar. Elas são capazes de desenvolver as competências pessoais e profissionais necessárias para atuação profissional. Feitas em sala de aula, o estudante dificilmente esquecerá o que é ensinado.
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Sobre a autora
Thuinie Daros é head de metodologias ativas e cursos híbridos da Unicesumar, co-fundadora da Téssera Educação e autora do livro A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo (editora Penso, 2018).
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