Evitar evasão no primeiro semestre é prioridade para gestores da educação superior

Como modelar o primeiro semestre do curso para evitar a evasão? Essa é uma questão que preocupa os gestores das instituições de ensino superior (IES) do setor privado. Alguns dados mostram que essa preocupação não é à toa.

Conforme o Instituto Internacional de Educação Superior da Unesco na América Latina e no Caribe (Iesalc), a quantidade de estudantes latino-americanos, com idade de 18 a 24 anos, matriculados na educação superior aumentou de 21% para 41% nos últimos 12 anos. Entretanto, no mesmo período, as taxas de evasão chegaram a cerca de 50% . Esse quadro piorou durante a pandemia , quando um em cada quatro universitários abandonaram os estudos.

Evasão piorou durante a pandemia. Créditos: Pexels.

Os motivos para as desistências passam, sem dúvida, pela queda de poder aquisitivo – o abandono atinge com maior frequência os segmentos de média e baixa renda. Mas não é só isso.

Geralmente, os indicadores de evasão mais acentuados acontecem no primeiro ano do curso. É quando o aluno ainda pode estar indeciso quanto ao rumo que deseja tomar na vida. Outro fator é um elevado índice de reprovação , que desanima boa parcela dos estudantes. Há também os que não conseguem conciliar trabalho e faculdade .

Os anos de 2020 e 2021 registraram os piores índices de evasão no setor privado de educação superior de toda a série histórica no Brasil – 37,2% e 36,6%, respectivamente, considerando as modalidades presencial e a distância (EaD), conforme os dados do Semesp , entidade que representa mantenedoras de ensino superior do País.

Certamente, há que se levar em conta a pandemia da Covid-19 , que interferiu nos estudos neste período. Um dado revelador da pesquisa é que, na comparação entre o primeiro semestre de 2021 e o de 2020, foi registrada queda de 5,9% nos cursos presenciais da rede privada. Em compensação, nos cursos EaD, houve crescimento de 8,2%.

Veja a seguir algumas dicas para colocar em prática neste primeiro semestre de 2023 e combater a evasão:

Oferecer preços mais acessíveis ou facilitar as formas de pagamento pode ajudar a atrair ou reter alunos, especialmente no primeiro semestre. Um dos principais motivos que levam os estudantes a desistir da faculdade é justamente o valor das mensalidades, especialmente no contexto de crise econômica e queda de poder aquisitivo da população.

Outra estratégia é incentivar o engajamento nas aulas e demais atividades de ensino. Neste caso, o ensino a distância é o que mais precisa de estímulo e, para isso, a tecnologia é, sem dúvida, uma poderosa aliada. Aqui, entra a importância de usar metodologias ativas, organizar trilhas de aprendizagem bem estruturadas e realizar atividades presenciais significativas.

A aplicação de big data , que implica na extração e processamento de grande quantidade de dados, possibilita identificar o comportamento dos alunos e detectar suas carências. Os dados incluem desde notas em testes e provas, tempo para realizar tarefas e frequência de acesso às aulas de EaD. Usar isso a favor da aprendizagem é fundamental!

Nem sempre o grau de conectividade é o mesmo para todos os alunos. Há uma parcela que pode ter dificuldade para se conectar à internet. A IES pode investir para aprimorar suas salas de aula virtuais e plataformas digitais de ensino. Além disso, algumas empresas de telefonia disponibilizam hotspots gratuitos para seus usuários, infraestrutura que pode ser posta a serviço dos estudantes. Para viabilizar isso, as IES podem gerar patrocínios ou negociar planos especiais com as empresas do setor.

Quando um estudante não consegue acompanhar a evolução das matérias junto com seus pares, o que gera um fraco desempenho nas aulas, é comum que desanime e até desista do curso. Uma solução para esse problema é oferecer planos de tutoria personalizados e cursos preparatórios nas áreas mais críticas, como ciências, interpretação de texto e aprendizado de idioma estrangeiro.

Em qualquer circunstância, para evitar que o aluno desista do curso, antes de tudo é preciso compreendê-lo. Para isso, um atendimento eficiente e acolhedor é fundamental. Seja qual for, a IES precisa identificar o problema e propor soluções para o estudante superá-lo. Dessa forma, as chances de que ele simplesmente vire as costas e abandone a faculdade podem diminuir consideravelmente.