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Livro aponta cinco caminhos para o engajamento dos alunos

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Em tempos de textos curtos, memes e muito entretenimento, conseguir a atenção dos estudantes para temas complexos em sala de aula é um desafio em tanto.  

De acordo com um relatório da Gallup, realizado em 2018, apenas 47% dos alunos dos Estados Unidos são engajados nas escolas. Mais de um quarto não são engajados – e os restantes são “ativamente desmotivados”. 

Para piorar, a falta de engajamento aumenta conforme os estudantes avançam no sistema de ensino. Um dos aspectos que podem justificar essa falta de interesse é o modelo de competitividade aplicado em muitas escolas.  

Quando se trata o aprendizado como uma corrida de obstáculos, ao invés de despertar o senso de pertencimento e protagonismo dos alunos, o processo de ensino e aprendizagem acaba trazendo mais frustrações do que estímulos.  

 

Engajamento: um desafio para toda a comunidade 

Pensando nos dilemas de escolas, professores e estudantes, os autores Dennis Shirley e Andy Hargreaves escreveram o livro “Cinco Caminhos para o Engajamento – Rumo ao Aprendizado e ao Sucesso do Estudante”. A obra foi traduzida para o português pela editora Penso e publicado em 2022 como parte da série Desafios da Educação.  

Nela, os autores abordam as diferenças entre a Era do Desempenho e do Esforço para a Era do Engajamento, do Bem-estar e da Identidade, na qual estaríamos entrando agora.   

Além disso, o livro projeta os desafios para o engajamento dos estudantes no retorno à sala de aula após a pandemia; aborda as teorias do engajamento e da motivação; fala sobre os mitos e inimigos no engajamento; e, por fim, aponta caminhos possíveis para ajudar os estudantes a serem bem mais que bons “respondedores de testes”.  

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Conhecimento em conexão com o mundo real 

Na escola nem sempre se consegue fazer o que se deseja. Existe um currículo a ser estudado e habilidades a serem desenvolvidas.  

“O engajamento é intenso, pode ser sério e nem sempre é agradável em curto prazo. Hoje, é evidente que abordagens simplistas e singulares, como as que envolvem relevância, tecnologia e diversão são insuficientes para que os estudantes se engajem plenamente em seu aprendizado”, frisam os autores do livro.   

Mas, claro, os estudantes têm mais chance de aprender se estiverem interessados no que estão estudando. Assim, lidar com o engajamento significa tornar o aprendizado interessante e acessível, bem como desenvolver os sentidos de conexão emocional com a escola como uma comunidade por meio de atividades extracurriculares.  

Nesse sentido, todas as três dimensões de engajamento dos estudantes – comportamental, cognitiva e emocional – têm que ser levadas em conta pelos professores ao prepararem seus planos de aula. Só assim, os conteúdos e as dinâmicas serão capazes de atrair os alunos.   

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5 caminhos para o engajamento 

A busca por desenvolver e seguir diferentes caminhos de engajamento não é, de forma alguma, fácil ou simples. De todo modo, os autores traçam algumas possibilidades com base em diferentes abordagens vindas da psicologia e da sociologia.  

Confira: 

1 – Valor intrínseco: os professores devem aproveitar a motivação dos estudantes em relação aos interesses atuais e futuros que despertam a sua curiosidade e desenvolver seus sentidos de paixão e propósito. 

2 – Importância: os alunos devem ser encorajados e apoiados a trabalhar com temas que sejam importantes para eles e para o mundo.  

3 – Associação (pertencimento): envolve o aprendizado cooperativo em um grupo, rede ou equipe, que confira sentidos de apego, pertencimento e solidariedade. Ou seja, o estudante precisa sentir que faz parte da escola.  

4 – O empoderamento diz respeito ao desenvolvimento da confiança dos estudantes, de sua capacidade de adquirir as habilidades e as disposições necessárias para moldar seu próprio futuro e participar da sociedade em geral. A autonomia é uma parte importante do processo de ensino.  

5 – A maestria, ou o domínio do tema, envolve a busca por excelência e alto desempenho em um nível que se constrói com foco intenso, concentração, disciplina, persistência, flexibilidade, luta e, às vezes, até sofrimento para se tornar altamente competente em uma nova área de conhecimento ou habilidade. É o inverso da distração transitória e parte da busca por dedicar-se a produzir trabalhos ou desempenhos da mais alta qualidade.   

Não há uma ordem de prioridade entre os cinco caminhos e eles estão interligados. Assim, cada docente pode se apropriar dos conceitos da maneira que fizer mais sentido para a sua turma.  

De toda forma, há uma certeza quando se fala em educação: é preciso olhar para os estudantes como seres diversos, criativos e emocionais, pensando não somente em resultados, mas no bem-estar dos alunos. Para acolher tamanha diversidade, será necessário abrir mão de avaliações conteudistas e pensar a nova realidade social fora de caixas ou padrões pré-estabelecidos. 

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Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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