O Ministério da Educação (MEC) instituiu uma nova versão do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), específica para os cursos de licenciatura.
Publicada no Diário Oficial da União em 1º de julho, a Portaria nº 610/2024 oficializa que o exame passará a aferir as competências práticas dos futuros professores, em vez de concentrar-se apenas no conhecimento teórico das disciplinas.
Os cursos de licenciatura serão avaliados anualmente. Anteriormente, o exame ocorria a cada três anos.
A mudança reflete uma preocupação do MEC com a qualidade da formação docente no Brasil. O objetivo é preparar educadores não apenas no aspecto técnico como também profissionais, tornando-os capazes de enfrentar os desafios contemporâneos da educação básica.
Prática docente em evidência
O chamado Enade das Licenciaturas, que será aplicado a partir de 2024, incorpora um foco maior na prática pedagógica.
As provas incluirão avaliações das competências e habilidades desenvolvidas pelos estudantes durante os estágios supervisionados obrigatórios, além de um componente de Formação Geral Docente, comum a todas as licenciaturas. Esse componente terá 27 questões de múltipla escolha, abordando temas essenciais à prática pedagógica e à realidade cultural brasileira.
Além disso, cada curso contará com um componente específico, composto por 37 questões, das quais uma será discursiva. A reforma das matrizes de referência, já divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), estrutura essa nova abordagem. A finalidade é alcançar uma avaliação mais holística e contextualizada dos futuros professores.
- Neste webinário, a autarquia vinculada ao MEC aborda as principais mudanças e diretrizes, além dos procedimentos e do cronograma do novo formato do exame:
Cursos avaliados
O Enade 2024 vai ser aplicado para avaliar cursos em 17 áreas de conhecimento:
- Artes Visuais;
- Ciências Biológicas;
- Ciências Sociais;
- Computação;
- Educação Física;
- Filosofia;
- Física;
- Geografia;
- História;
- Letras (Inglês);
- Letras (Português);
- Letras (Português e Espanhol);
- Letras (Português e Inglês);
- Matemática;
- Música;
- Pedagogia;
- Química.
O Inep estima que mais de 370 mil estudantes de todo o Brasil participem do Enade das Licenciaturas em 2024.
Ciclo de avaliações
Em 2024, apenas cursos de licenciatura serão avaliados. A partir de 2025, o ciclo obedecerá a seguinte ordem:
- Ano 1: Educação; Artes e Humanidades; Ciências Sociais; Jornalismo e Informação; Negócios, Administração e Direito;
- Ano 2: Educação; Ciências Naturais, Matemática e Estatística; Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação; Engenharia, Produção e Construção;
- Ano 3:Educação; Agricultura, Silvicultura, Pesca e Veterinária; Saúde e Bem-estar; serviços.
Desafios e oportunidades na avaliação da formação docente
O Enade das Licenciaturas não se restringe a uma mudança no formato das provas. Ele inaugura um ciclo de transformação na avaliação da educação superior, desafiando as instituições a repensarem suas práticas e a forma como preparam seus estudantes para o mercado de trabalho e a sociedade.
Para Marcos Roberto Rosa, diretor de Planejamento e Políticas Educacionais da Secretaria de Educação de Santa Catarina, é fundamental repensar o papel do Enade na vida acadêmica.
Em artigo publicado no LinkedIn, Rosa sugere que o exame deixe de ser visto apenas como um instrumento de mensuração de desempenho e passe a ser integrado de maneira mais significativa ao longo de todo o processo educacional.
Ele propõe, por exemplo, a adoção de uma avaliação contínua por parte das IES, que leve em conta o engajamento dos estudantes em atividades extracurriculares, projetos de pesquisa e estágios, além de utilizar tecnologias educacionais para monitorar o progresso dos alunos em tempo real.
“Ao invés de encarar o Enade como uma avaliação isolada e pontual, ele deve ser integrado de forma contínua e significativa em todas as etapas do processo educacional”, escreveu Rosa.
Sua IES está pronta para o Enade 2024?
De acordo com a 14º edição do Mapa do Ensino Superior, 84,9% das IES que ofertam cursos de licenciaturas são da iniciativa privada. No ensino presencial o índice é de 83,9%. Já na educação a distância (EaD), 78,2% das IES que ofertam licenciaturas são privadas.
Para relembrar:
- O MEC definiu, em maio, que os cursos de formação para professores terão de ser oferecidos com 50% da sua carga horária presencial.
Para Fábio Reis, diretor de Inovação e Redes do Semesp, o problema não é o formato EaD em si. Segundo o especialista, o foco deve estar em reavaliar a oferta de experiências práticas e fortalecer os laços sociais que tornam o ensino mais rico.
“Os cursos de licenciatura precisam ter um vínculo maior com a realidade, com estágios realmente efetivos que ofereçam prática para esses futuros docentes. Esses profissionais precisam de prática docente, de prática de sala de aula, de vivência na escola e com os estudantes. Sem essas mudanças, haverá uma intensificação da crise das licenciaturas”, afirmou em declaração para o
Leia mais:
Para obter resultados satisfatórios
As licenciaturas precisam alinhar suas disciplinas ao perfil do docente que o MEC deseja formar: um profissional capaz de aplicar o conhecimento teórico em situações reais de sala de aula.
Isso demanda uma integração curricular que privilegie experiências práticas ao longo do curso, proporcionando aos estudantes contato constante com o ambiente escolar e a oportunidade de aplicar o que aprendem.
A utilização de tecnologias educacionais tem um papel importante nesse cenário. Ferramentas digitais podem ser grandes aliadas na integração curricular e na capacitação docente, oferecendo recursos que tornam o aprendizado mais dinâmico e acessível.
Plataformas de ensino, aplicativos de gestão de sala de aula e métodos de avaliação online são algumas das tecnologias que podem ser incorporadas ao dia a dia da instituição, facilitando tanto a prática pedagógica quanto a preparação para o Enade.
“A possibilidade de customizar conteúdos e utilizar um portfólio diversificado, incluindo experiências imersivas e conteúdos audiovisuais, permite oferecer aos alunos uma experiência alinhada às suas vivências profissionais”, comenta Daiana Rocha, gerente acadêmica da Plataforma A, que lidera a implementação de projetos EaD em diversas empresas e instituições de ensino.
- Leia uma coluna com recomendações da especialista para aprimorar o ensino híbrido.
Com o Enade 2024, torna-se essencial não apenas realizar a avaliação, mas utilizar os dados coletados para elevar a qualidade dos programas. “Isso significa que as instituições precisam estar preparadas para interpretar esses dados de forma crítica, implementando ajustes que aprimorem a formação dos futuros docentes”, explica Daiana.
Aplicado pelo Inep desde 2004, o Enade integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), composto também pela avaliação de cursos de graduação e pela avaliação institucional. Juntos, eles formam o tripé avaliativo que permite conhecer a qualidade dos cursos e IES.
Os resultados do Enade, aliados às respostas do Questionário do Estudante, são insumos para o cálculo dos Indicadores de Qualidade da Educação Superior.
Tecnologia com propósito
O novo formato do Enade 2024 exige uma resposta rápida. Estar preparado para o exame não é apenas uma questão de cumprir exigências, mas de garantir que os futuros professores estejam realmente prontos para os desafios da sala de aula.
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