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Defesa por formação continuada de docentes ganha força no CIAED

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RIO DE JANEIRO (RJ) – Existe muita instituição de ensino superior (IES) que investe em metodologias inovadoras e em tecnologia de ponta, mas que cujo resultado acadêmico deixa a desejar. O antídoto para o fracasso é só um: formação continuada de docentes.

“Os estudos mostram que o mercado de trabalho vai mudar e que, por isso, é preciso resetar o modelo educacional com novos currículos, competências, metodologias e tecnologia. Contudo, pouco vai adiantar se os professores não tiverem acesso a um programa permanente de educação continuada que os capacite para essas mudanças”, explica Gustavo Hoffmann, head de consultorias da Plataforma A.

Um dos maiores especialistas em ensino híbrido no Brasil, Hoffmann foi um dos participantes de uma mesa-redonda intitulada Transformação digital e inovação estratégica por meio da formação continuada de docentes. O encontro aconteceu na tarde desta terça-feira (17) no 28º Congresso Internacional ABED de Educação a Distância (CIAED).


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Gustavo Hoffmann apresentou uma série de estudos e fez menção às lições que aprendeu com Michael Crow, a mente por trás da universidade mais inovadora dos Estados Unidos – a Arizona State University (ASU).

De acordo com o diretor da Plataforma A, é preciso começar identificando e treinando os “early adopters das inovações, novas metodologias e tecnologias”. “Temos que formá-los e fazer com que eles sejam mentores de outros professores, e esse processo se multiplique de forma orgânica dentro da instituição”, diz. Hoffmann acredita que entre 10% e 15% do corpo docente esteja nesse nível.

Depois, vem os cerca de 50% a 60% dos professores que podem ser influenciados de maneira positiva pelo primeiro grupo. Quanto ao restante dos professores, que costuma resistir à mudança, Hoffmann vai direto ao ponto: precisam ser substituídos por novos profissionais.

O professor José Moran concorda – e vai além. No auge dos seus 77 anos, o pesquisador e autor de diversos livros sobre pedagogia e inovação defende a criação de ambientes de confiança para que o professor acredite na formação continuada. “O professor precisa entender que aquilo é importante para a carreira.”

Moran também defende um acompanhamento para os professores. Segundo ele, não basta apenas inspirar: é necessário oferecer tutoria e mentoria entre a formação continuada e a prática.

Alternativa à semana pedagógica

Coordenadora de planejamento acadêmico da Vitru – líder em educação a distância (EaD) no Brasil, com 900 mil alunos pelas marcas Uniassselvi e Unicesumar –, Juliana Dalcin Donini também participou do debate no CIAED. Ela apresentou o case do Conecta, programa de formação continuada acadêmica da Vitru.

Além de um intenso trabalho de desenvolvimento de competências técnicas, o programa inclui ações que visam melhorar a percepção de valor do docente em relação à formação continuada. O objetivo é desenvolver nos 10 mil professores do grupo a capacidade de inovar, entusiasmar, inspirar, reconhecer e qualificar.

Na prática, significa capacitá-los com novas competências, conhecimentos e estratégias pedagógicas.

O Conecta opera desde janeiro de 2023. Nesses dez meses, foram 35 formações, mais de 20 mil participações e um engajamento de 4,57 – numa escala que vai de 0 a 5. O dado é do engajômetro, instrumento criado para mensurar o envolvimento do docente durante a formação.

“É um programa que busca se diferenciar das ações tradicionais de início e de fim de ano, como a semana pedagógica”, resume Thuinie Daros, diretora de planejamento acadêmico da Vitru e mediadora do debate no CIAED.

José Moran, Gustavo Hoffmann, Thuinie Daros, Neuzi Schotten e Juliana Dalcin Donini – após debate no CIAED.

Da esq. à dir.: José Moran, Gustavo Hoffmann, Thuinie Daros, Neuzi Schotten e Juliana Dalcin Donini – após debate no CIAED.

A professora Neuzi Schotten, pró-reitora de ensino da graduação EAD da Uniasselvi, já participou do Conecta, mas dividiu com o público a experiência com o programa de formação continuada (EaD) da própria IES: o Metamorfose do conhecimento.

Ao concluir, Schotten lembrou os comentários que ouvia sobre a Uniasselvi. “Muita gente criticava que o nosso vestibular era fácil. Mas eu penso: que bom que a gente facilita o acesso ao ensino superior! Eu acredito que a EaD é o maior projeto de inclusão social que temos no Brasil. Se existem professores formados e concursados em regiões ribeirinhas do Pará, por exemplo, é por causa da EaD.”


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Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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