Aplicar tecnologia em sala de aula é um diferencial competitivo no mercado do ensino superior. Em tempos de metodologias ativas e modelos híbridos de aprendizagem, os laboratórios virtuais proporcionam experiências imersivas, preparando os estudantes para as atividades práticas dos seus cursos.
Ao mesmo tempo, os laboratórios virtuais trazem uma série de benefícios financeiros e regulatórios para as instituições de ensino superior (IES). Entre eles, a economia na criação e manutenção de laboratórios e a geração de evidências para avaliações do Ministério da Educação (MEC).
Para falar sobre esse tema, a Plataforma A, da + A Educação realizou, na terça-feira (7), o webinar “Como os laboratórios virtuais podem revolucionar sua IES”. Participaram do encontro o fellow em inovação acadêmica da Universidade de Harvard, Gustavo Hoffmann; o CEO da Algetec, Vinicius Dias; e o diretor de educação a distância (EAD) e cursos híbridos da UniCesumar, Fabrício Lazilha.
O que são laboratórios virtuais?
Os laboratórios virtuais possibilitam que os alunos acompanhem e realizem experimentos em áreas como saúde e engenharia sem sair de casa. Trata-se de uma tendência em termos de soluções educacionais, independentemente da modalidade de ensino.
Os experimentos realizados nessas plataformas são extremamente precisos nas operações e medidas, além de detectarem possíveis erros cometidos pelos alunos. A diferença em relação aos laboratórios físicos está no fato de o ambiente ser controlado, sem riscos ou custos elevados.
Dessa maneira, alunos de cursos EAD e presenciais podem simular situações práticas a partir do conhecimento adquirido na teoria. Basta ter em mãos um computador com acesso à internet.
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Domínio psicomotor e cognitivo
Segundo o CEO da Algetec, Vinicius Dias, quando se fala em atividades laboratoriais, existe um tipo de prática que envolve o aprendizado psicomotor, de treinamento de habilidades e procedimentos. Nesse caso, os laboratórios virtuais são um complemento para o estudante chegar na prática mais motivado e bem preparado.
Já nas atividades de domínio cognitivo e conceitual, os laboratórios virtuais auxiliam os estudantes a enxergar detalhes que talvez não fossem visíveis na realidade. “Quando pensamos em propostas mais comportamentais, esses laboratórios ajudam a colocar o estudante em uma situação de tomada de decisões, com ações com feedback”, explica Dias.
O CEO ainda lembra que os laboratórios virtuais são conectados ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) de cada instituição, ficando disponíveis 24 horas por dia. Além disso, eles são adaptáveis às necessidades de cada curso.
Preparando para o futuro
A inovação nas IES não é somente uma moda ou chamariz para estudante altamente digitalizados. Mais que um adereço, ela é fundamental para a sustentabilidade das instituições em longo prazo – e para preparar os estudantes para as novas profissões que estão surgindo.
Segundo Gustavo Hoffman, mesmo as profissões mais tradicionais vão mudar. “A gente tem que trabalhar em currículos que de fato tragam competências que valham para qualquer profissão, inclusive para os indivíduos mudarem de carreira”, assegura. “Hoje, é preciso aprender pelo resto da vida, o lifelong learning é o futuro do mercado de trabalho e das instituições.”
Pesquisas realizadas pela Educa Insights já mostraram o abismo entre as demandas do mercado e a percepção da academia sobre o nível de preparo dos estudantes. “O que vemos é que precisamos ter mais aplicação da teoria e trabalhar soft skills”, pontua Hoffmann, ressaltando a possibilidade de usar os laboratórios virtuais no modelo de ensino dos quadrantes híbridos.
A experiência da UniCesumar
Para Lazilha, a diretriz curricular precisa ser uma das principais preocupações das IES ao ofertar cursos sensíveis, como os da saúde ou engenharias, no formato híbrido.
“Não comece pelos laboratórios, comece pela matriz curricular. Defina quais são as disciplinas que vão precisar de laboratórios (virtuais e físicos) para, então, direcionar os investimentos”, disse.
“Nossa experiência aqui é híbrida no sentido de usar laboratórios físicos e virtuais. A gente se apoia muito no tipo de atividade que estamos propondo. Uma atividade cognitiva, por exemplo, talvez nem precise de um laboratório – um simulador pode ajudar. Já nas atividades de habilidade, é muito importante mandar os estudantes para a prática”, completa.
Ele conta que a experiência do estudante melhorou muito nos últimos anos. “Hoje, o aluno pega equipamentos, abre gavetas, faz experimentos. Tudo com a oportunidade de errar sem causar danos aos colegas e nem custos à instituição”, explica.
Na UniCesumar, as atividades práticas reais ou virtuais foram roteirizadas para facilitar ainda mais a experiência do estudante. “Criamos um Atlas das práticas dos cursos das engenharias, por exemplo. O estudante que vai fazer uma atividade no laboratório tem um passo a passo do que fazer, incluindo um vídeo explicativo”, conta Lazilha.
No caso dos cursos de engenharias, o estudante é encorajado a enviar evidências das suas atividades. Os materiais são utilizados no Atlas da disciplina e servem de exemplo para outros alunos. Isso ajuda a criar embasamento para uma avaliação de reconhecimento de curso, por exemplo. “Quando você gera evidências, não tem como alguém questionar se há prática e como elas são realizadas, mesmo em cursos EAD ou híbridos”, assegura.
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