O Centro Universitário Cesmac atua desde 2018 na educação a distância (EAD). Na época, a instituição contava com apenas um curso na modalidade. Em 2020, ampliou a oferta para 12 cursos EAD e semipresenciais. No ano seguinte, apostou em mais uma expansão, para 20 graduações.
Foi em meio ao crescimento do portfólio que o Cesmac iniciou a implementação da curricularização da extensão – as diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE) exigem a reserva de 10% da carga horária total de todos os cursos superiores para atividades de extensionistas. Parte do desafio, nesse caso, era cumprir a legislação em cursos EAD.
A IES conta com uma sede na capital Maceió (AL) e polos em quatro cidades do interior do Alagoas: Arapiraca, Palmeira dos Índios, Marechal Deodoro e São Miguel dos Campos.
De acordo com o coordenador de EAD do Cesmac, Dyjalma Antonio Bassoli, em um primeiro momento, a curricularização da extensão gerou incertezas. Mas a experiência prévia em metodologias ativas e projetos integradores, um planejamento com etapas claras e apoio da tecnologia levarão a IES alagoana a implementá-la antes do prazo estabelecido pelo CNE.
O caminho até a curricularização da extensão
O projeto de educação a distância do Cesmac sempre apostou em metodologias ativas. “Os estudantes são provocados a relacionar os conteúdos curriculares à realidade em que estão inseridos, aplicando o conteúdo que estão estudando na prática das suas futuras profissões”, ressalta Bassoli.
A jornada do aluno é dividida em módulos de dez semanas, compostos por duas disciplinas e um projeto integrador. Com a chegada da curricularização da extensão, os projetos integradores, que antes envolviam práticas simuladas, ganharam uma nova cara. Os alunos passaram a desenvolver projetos para a resolução de problemas reais da comunidade.
Mas essa transição aconteceu por etapas. No primeiro semestre de 2021, apenas parte dos cursos implementou os projetos integradores extensionistas. Os resultados agradaram aos gestores, professores e alunos. Todos entenderam, segundo Bassoli, que os projetos extensionistas têm uma relevância maior e são mais atrativos.
Assim, a instituição ganhou confiança para, ainda no segundo semestre daquele ano, levar o modelo para metade dos cursos. Já no primeiro semestre de 2022, depois de uma nova rodada de avaliações por parte da comunidade acadêmica, a iniciativa chegou a todos os cursos EAD.
Os ingressantes ainda lidam com projetos simulados. O objetivo é sensibilizá-los sobre o tema e ensiná-los a estruturar os projetos reais. Além disso, todos os discentes contam com suporte dos professores, plantões de tutores, entre outras ações para o entendimento de etapas, prazos, entre pontos do trabalho.
Para Bassoli, a implementação por etapas planejadas é fundamental para o sucesso da curricularização da extensão. “As primeiras experiências em 2021 nos permitiram explorar a medida na prática, com sucessivas avaliações e ajustes. Foi por aí que o Cesmac chegou ao melhor modelo”, afirma.
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O apoio da tecnologia
Em meio a busca pelo melhor modelo para a curricularização da extensão, o Cesmac conheceu a ferramenta de gestão de projetos integradores da Plataforma A. Por meio de um site dedicado à instituição, o Link funciona como repositório de demandas da comunidade, além de contemplar todas as fases dos projetos.
“Imediatamente, essa solução despertou nosso interesse por permitir estruturar e operar de forma fácil todas as ações que vínhamos idealizando para a curricularização da extensão”, lembra Bassoli.
A página do Link na instituição recebeu o título de Conecte-se Cesmac EAD. É onde os atores externos – empresas, organizações não governamentais (ONGs), entidades públicas, agentes comunitários, entre outros – submetem desafios para serem solucionados pelos alunos.
A proposta é realizar uma conexão efetiva das instituições com a comunidade, com benefícios para ambos os lados. “Aprendemos com as sugestões da comunidade, e a comunidade se beneficia das respostas que a instituição proporciona para os seus problemas”, resume Bassoli.
No primeiro ano de uso da plataforma, 861 alunos participaram, 155 projetos foram concluídos e 268 estão em andamento. Além disso, a instituição relata uma evolução na aquisição de habilidades socioemocionais pelos alunos a partir do desenvolvimento de projetos reais, o que os deixa mais preparados para o mercado de trabalho.
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Uma nova era para a extensão
Para o coordenador de EAD do Cesmac, a curricularização coloca a extensão em um novo patamar no ensino superior brasileiro.
Antes, ela tinha um caráter mais pontual, não tinha uma participação orgânica na matriz curricular e possuía um papel mais institucional – e menos intrínseco ao curso. Com isso, apenas parte da comunidade acadêmica participava das suas atividades.
O marco regulatório que instituiu a reserva de 10% da carga horária de todos os cursos para a extensão mudou essa realidade. “A extensão vai ganhar cada vez mais significado na formação do aluno, ampliando as pautas para o ensino e a pesquisa a partir do ambiente de exploração das demandas locais”, projeta Bassoli.
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