A importância de promover o bem-estar nas escolas

Nicoli Silveira • 8 de setembro de 2022

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    Um dia de provas em uma escola costuma ser agitado. Estudantes preparam seus materiais, se dirigem as suas respectivas carteiras, alguns até revisam os conteúdos de última hora. Isso era o esperado pelos professores da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Ageu Magalhães, de Recife (PE), na sexta-feira, dia 8 de abril. Entretanto, as coisas ficaram mais complicadas.  

    Logo após o início dos exames, uma das alunas teve um episódio de asma, o que desencadeou em uma crise de ansiedade coletiva e exigiu atendimento médico do Samu. Ao todo, 26 estudantes foram afetados.   

    O que aconteceu nesse caso? Além do nervosismo para a realização das provas , aquele momento tinha um outro agravante: eram as primeiras avaliações desde a volta às aulas presenciais. Muitas explicações vieram depois da repercussão da notícia, como contágio emocional. Mas um fato irrefutável é que a pandemia impactou na saúde mental dos estudantes, refletindo em seu bem-estar.  

    E o bem-estar tem ligação direta com a aprendizagem. Esse é um dos aspectos que os pesquisadores em educação Andy Hargreaves e Dennis Shirley apresentam no livro “ Bem-Estar nas Escolas ”, publicado recentemente no Brasil pelo selo Penso, como parte da série Desafios da Educação.   

    “Bem-Estar nas Escolas” foi publicado recentemente no Brasil pelo selo Penso, como parte da série Desafios da Educação.

    Bem-estar físico, mental e social  

    O objetivo de Hargreaves e Shirley ao escrever a obra é claro: estabelecer a importância do bem-estar no desenvolvimento dos jovens. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades.”  

    A definição da OMS levanta a seguinte questão: os estudantes brasileiros estão gozando de saúde plena e de uma aprendizagem significativa? Um mapeamento feito pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, divulgado em abril deste ano, identificou que 69% dos alunos da rede estadual paulista relatam ter sintomas ligados à depressão e ansiedade.  

    Para Hargreaves e Shirley, a pandemia da covid-19 foi um catalisador do aumento no número de crianças e adolescentes com problemas emocionais. “A verdade inegável é que, se as escolas físicas forem fechadas, as crianças e os adolescentes podem ficar desconectados de muitas das pessoas que são importantes para eles e seu desenvolvimento”, explicam os autores.  

    Bem-estar deve ser prioridade  

    O acompanhamento psicológico adequado dos alunos é importante , mas não resolve todo o problema. No livro, Andy Hargreaves e Dennis Shirley trazem quatro pilares da aprendizagem, definidos por uma comissão de educação das Nações Unidas em 1996. São eles: aprender a fazer; aprender a conhecer; aprender a ser; e aprender a viver juntos.  

    Os dois primeiros são mais comuns nas salas de aula. Contudo, normalmente, os dois últimos não são levados em conta por escolas e universidades. Trata-se de um erro, pois “aprender a ser” e “aprender a viver juntos” são fatores essenciais para a melhora dos índices de aprendizagem.   

    Quando um aluno aprende a ser ele mesmo, seus talentos, habilidades e opiniões são validados – algo que pode servir de estímulo para o seu engajamento em sala de aula, além de contribuir para a sua autoestima.   

    “Todos nós queremos que eles experimentem alegria, que prosperem física e emocionalmente e que tenham voz em seu processo de aprendizagem e em seu futuro”, destaca trecho do livro. 

    Viver juntos em sociedade não tem sido uma tarefa fácil. Os autores citam o episódio da invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em janeiro de 2021. Para eles, aquele foi um momento que abalou a democracia, o sistema que possibilita a liberdade, igualdade e convívio harmonioso entre as pessoas. Com isso, eles se perguntam: sabemos conviver juntos?  

    Andy Hargreaves e Dennis Shirley mostram no seu mais recente livro que a base de um mundo civilizado é a educação. E a base da educação é o bem-estar dos alunos durante sua jornada estudantil.  

    Episódios como o da escola de Recife ressaltam que os traumas causados pela crise sanitária foram profundos e ainda não foram totalmente mensurados. Por essa razão, “Bem-Estar nas Escolas” chega ao mercado editorial brasileiro como um guia para professores, gestores e demais profissionais da área que desejam proporcionar um ambiente de equilíbrio e paz aos seus alunos.   

    Por Nicoli Silveira

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