O modelo de aulas expositivas vigora há muito tempo na educação. No século XIX, a metodologia da “educação como ciência”, criada pelo filósofo alemão Johann Friedrich Herbart, ajudou a consolidar essa forma de ensinar que coloca o professor como protagonista da sala de aula.
Porém, com o avanço dos estudos sobre o processo de ensino e aprendizagem, começou a se consolidar o entendimento de que a autonomia do estudante não é apenas desejável, como, cada dia mais, necessária.
Nesse sentido, a autorregulação da aprendizagem surge para potencializar e aprimorar o desempenho individual dos alunos. A seguir, o Desafios da Educação explica como este método funciona, qual a sua importância e como escolas e universidades podem estimular os estudantes a adotá-lo.
O que é e quais os benefícios da autorregulação da aprendizagem
As bases da autorregulação da aprendizagem remetem à Teoria Social Cognitiva, proposta pelo psicólogo canadense Albert Bandura. A teoria ressalta que o comportamento humano é influenciado por aspectos cognitivos e pelo ambiente externo.
Em resumo, isso significa que o indivíduo pode controlar suas ações, pensamentos e sua vida. Se transportado para o processo de aprendizagem, este entendimento pode transformar a forma como os alunos estudam, gerando mais autonomia e domínio das suas tarefas.
Dessa maneira, a autorregulação é definida como o método pelo qual o estudante estrutura, monitora e avalia o seu próprio aprendizado.
Ou seja, é o estudante quem delimita suas necessidades, planeja e cumpre as etapas de aprendizagem – e tem as condições de avaliar todo o processo para verificar o que funciona ou não.
Um estudo da Universidade de Lisboa, em parceria com institutos federais de educação, ciência e tecnologia brasileiros, constatou que a autorregulação da aprendizagem melhora em 11% o desempenho acadêmico dos alunos.
Conforme os pesquisadores, os alunos que adotam a autorregulação da aprendizagem tendem a se organizar, esforçar e se interessar mais – a ponto de estabelecer metas de estudo realistas e analisá-las e aprimorá-las sempre que necessário.
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3 etapas da autorregulação da aprendizagem
Como o próprio nome diz, a autorregulação da aprendizagem cabe ao estudante. Entretanto, alguns modelos podem ser aplicados para estimular a adoção do método. Um deles foi sugerido pelo psicólogo português Pedro Sales do Rosário, da Universidade do Minho.
O modelo proposto por Rosário se chama PLEA em referência as três seguintes etapas de autorregulação da aprendizagem:
1) Planejamento
Aqui, o aluno irá analisar a tarefa a ser desempenhada e quais recursos ele utilizará para concluí-la. Por exemplo, tempo disponível, material teórico, entre outros. Depois, ele define os objetivos alinhados com o propósito de desenvolvimento da aprendizagem. Por fim, estabelece seu planejamento.
2) Execução
Esse é o momento que o estudante irá colocar em prática tudo o que ele determinou em seu planejamento. É nesse processo que o aluno utilizará as estratégias necessárias para alcançar os objetivos estipulados.
3) Avaliação
Para que os resultados estejam de acordo com o esperado pelo estudante, ele precisa avaliá-los. Isso implica em identificar dificuldades, procurar meios para superá-las e, se for o caso, ajustar sua metodologia para chegar no propósito.
Essas etapas ocorrem de maneira cíclica: ao fim de uma fase, inicia-se imediatamente a outra, e assim por diante. Além disso, o fim do ciclo anterior coincide com o início do ciclo seguinte, sendo que um interfere diretamente no outro.
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