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Como melhorar o ingresso de jovens no mercado de trabalho a partir da educação

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*Por Samanta Lopes, coordenadora MDI da um.a 

Para as empresas que pretendem atuar no cenário 4.0, entender os jovens é fundamental. Afinal, são as novas gerações que criarão soluções para atender tanto às novas demandas do mercado quanto às boas práticas ESG (do inglês, environmental, social and governance, ou ambiental, social e governança).

Esses futuros cidadão globais, que buscam mais equidade, qualidade de vida e acesso às oportunidades, correspondem a uma parcela significativa da população brasileira. Atualmente, são 35 milhões de jovens – ou seja, 23% dos brasileiros têm entre 14 a 24 anos, sendo que 20% não estudam nem trabalham.

Em paralelo a esse cenário, temos vários desafios na indústria 4.0. Vamos a alguns deles:

  • Em estudos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com empresas brasileiras, destaca-se o desenvolvimento pouco representativo de investimentos nas áreas-chave como big data, internet das coisas e inteligência artificial;
  • A Confederação Nacional da Indústria (CNI) mapeou no Brasil quase 700 mil indústrias, porém apenas 1,6% delas iniciaram o movimento 4.0;
  • O Brasil não é um país digital. Seu parque tecnológico está muito defasado em relação ao mercado global, e há pouca formação de novos talentos nas novas tecnologias.

Esses pontos são fundamentais para entendermos que todas as empresas, nos mais diversos segmentos, irão demandar especialistas conectados a dados, e com habilidades pessoais diversas. Essa lista contempla times multidisciplinares e plurais, com práticas de pensamento ágil e disposição para solucionar problemas e gerar melhorias, a partir da análise e integração de dados. Tudo isso para gerar entregas mais conectadas ao que o mercado demanda.

Hoje, os jovens usuários de internet sofrem com um senso de tempo distorcido por uma urgência de estar conectado o tempo todo, ou seja, são vitimados pelo FoMO, ou Fear of Missing Out (medo de ficar por fora, em português). Há uma certa percepção de que liderar é fácil, crescer na carreira é rápido, e que as pessoas, inclusive entre pares etários, são lentas, e que caminhar sozinho lhes faz chegar mais rápido. Por outro lado, há mais consciência sobre as questões ambientais e sociais e menos oportunidades de trabalho, o que gera preocupações sociais, financeiras, e aumenta sua “temeridade” ao risco.

Portanto, a atuação na formação de talentos durante a fase anterior à entrada no mercado de trabalho não pode ficar apenas na alçada das escolas. É preciso criar oportunidades para que os estudantes desenvolvam suas habilidades e tenham seus direitos básicos respeitados.

A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei nº 8.069, que celebrou 33 anos em julho, é uma iniciativa para a proteção integral aos direitos da criança (a pessoa de até 12 anos de idade incompletos), e adolescente (com idade entre 12 e 18 anos de idade), promulgada pelo Brasil em 1990.

Sua empresa conhece essa lei?

As empresas que embasam suas políticas sob as boas práticas de ESG precisam agir, se preparando para gerir o futuro das economias globais nas ondas integradas do universo globalizado da internet com esses talentos jovens que vivem em cenários não vistos antes.

Uma das premissas da lei é o direito à educação, e para atuar na indústria 4.0, algumas habilidades serão fundamentais, como o letramento digital, as habilidades de leitura e escrita, o pensamento crítico e matemático, a lógica aplicada na tratativa de dados e a capacidade de produzir conteúdo.

Para garantir inovação e solução de problemas, são necessárias habilidades para gerir projetos e otimizar recursos, construir uma boa cadeia produtiva com impactos diretos e indiretos nos marcadores ESG. Estruturar times exige melhorias na performance das produções de serviços e de produtos, e um olhar para a preservação do planeta e sustentabilidade.

Áreas conectadas a biotecnologia, biomedicina, produção de alimentos, energias renováveis, lean manufacturing (sistema de produção enxuta), análise de big data, monitoramento e controle remoto da produção, digitalização, robótica, controle de qualidade e produção, rastreabilidade, sistematização de processos e engenharia de desenvolvimento de novos produtos, entre outras ligadas à indústria 4.0, precisarão acelerar a captação de talentos. Só assim será possível aumentar a produtividade e atuar dentro das normas de cibersegurança sem perder o foco na sustentabilidade e na humanização das relações dentro do ambiente de trabalho, além da atenção aos stakeholders que influenciam mudanças nas regras do jogo social.

Reconhecer que temos de valorizar crianças e jovens e iniciar a jornada formativa de pessoas cidadãs desde a infância pode fomentar uma cultura de tolerância e o gosto por aprender. Assim, os futuros profissionais desenvolverão também habilidades para lidar com falhas e frustrações e terão mais abertura para pensar em soluções inovadoras para problemas reais.

Há um mercado mais consciente sobre os direitos humanos, sobre os impactos ambientais, sobre as mudanças nos estilos de vida, disposto a investir. O conceito não é mais consumir em produtos e serviços que irão aumentar a qualidade de vida global, e sim cuidar dos recursos, do planeta e das pessoas.


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Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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