O Ministério da Educação (MEC) divulgou, em fevereiro, os resultados do Censo da Educação Superior 2020. Pela primeira vez, o ensino a distância (EAD) superou o presencial em número de ingressantes em instituições de ensino superior (IES) públicas e privadas – em 2019, esse fenômeno foi constatado apenas na rede particular.
Dos mais de 3,7 milhões de novos alunos de graduação no Brasil em 2020, mais de 2 milhões (53,4%) optaram pela modalidade EAD. Por outro lado, o ensino presencial captou 1,7 milhões de estudantes (46,6%). Para se ter uma ideia, quase 70% das matrículas nos cursos tecnológicos aconteceram no EAD.
Os dados reforçam a tendência de crescimento acelerado do ensino a distância na última década. Entre 2010 e 2020, o número de novos alunos no EAD quadruplicou, enquanto o ensino presencial teve queda de quase 14% nesse período. Mesmo durante o primeiro ano da pandemia, o EAD cresceu 26,8%, segundo o MEC.
A seguir, o Desafios da Educação traz um resumo dos principais resultados do último Censo da Educação Superior. O levantamento é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com o objetivo de subsidiar, formular, monitorar e avaliar as políticas públicas do setor no Brasil.
Instituições, cursos e matrículas
Em 2020, o ensino superior registrou mais de 8,6 milhões de matrículas. Entre 2010 e 2020, o crescimento do setor foi de 35,5% – uma média de 2,8% ao ano. Embora tenha desacelerado no primeiro ano da pandemia, o número de matrículas subiu (0,9%) na comparação com 2019.
Parte dessa evolução é explicada pelo aumento substancial no número de vagas ofertadas. Especialmente no EAD, onde houve uma alta de 30% nas oportunidades de ingresso, chegando a 13,5 milhões de vagas. Em paralelo, a oferta no ensino presencial cresceu apenas 1,3%.
No ano de referência do Censo, havia 2.457 instituições de ensino superior no Brasil. As privadas são maioria (87,5%) e responsáveis pelo maior percentual de ingressantes (86%). Em termos de organização acadêmica, apesar de as faculdades predominarem (77%), elas concentram apenas 16,2% dos estudantes.
Os cursos de bacharelado tiveram o maior número de ingressantes (55,1%), seguidos pelos cursos tecnológicos (26%) e licenciatura (18,5%). Entretanto, vale destacar o contínuo desinteresse dos alunos pelas licenciaturas, que tiveram queda de 4,9%. Enquanto isso, os tecnológicos são os que mais cresceram no período: 19,4%.
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Perfil de alunos e professores
O Censo da Educação Superior também identificou os perfis de professores e alunos nas IES brasileiras.
Mais de 323 mil professores atuaram no ensino superior em 2020. Tanto na rede pública como na privada, o típico docente é do sexo masculino e tem idade entre 39 e 40 anos. Na rede pública, os doutores são mais frequentes, enquanto na rede privada a maioria possui mestrado.
Já em relação aos alunos, predomina o sexo feminino tanto no ensino a distância como no presencial, onde a idade média dos ingressantes é de, respectivamente, 21 e 19 anos.
A principal diferença entre as modalidades de ensino diz respeito ao grau acadêmico. No EAD, predominam os discentes de cursos de licenciatura. Nas graduações presenciais, a maioria está matriculada em bacharelados, com preferência para cursos noturnos.
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