A pandemia mudou nossas vidas. Não apenas alterou a rotina naqueles dias (semanas, meses?) de isolamento. Ela prolongou o uso de máscaras, adicionou vacinas ao calendário e criou um novo estilo de viver, trabalhar e estudar. Prestes a completar dois anos desde o surgimento do vírus em Wuhan, a humanidade ainda luta para entender a extensão de todas as mudanças. E se adaptar a elas.
Mudanças vieram para ficar
Na educação superior, uma clara tendência consolidada pela pandemia foi o ensino híbrido. Mesmo agora que a presencialidade está de volta, estudantes de faculdades, centros universitários e universidades já não pensam no modelo 100% presencial pré-pandêmico.
Segundo o estudo Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021 – 4ª edição, divulgado em agosto, 55% dos universitários concordam com a volta às aulas presenciais. Mas somente para alguns dias da semana e, sobretudo, em disciplinas práticas. Nas aulas teóricas, eles preferem o ensino remoto.
Afinal, não faz mais sentido obrigar o estudante a sair de casa e se deslocar por quilômetros só para ter uma aula expositiva. No fim das contas, o aluno quer o melhor dos dois mundos – aprender num formato híbrido.
Leia mais: Quais são os modelos de ensino preferidos dos alunos?
Engana-se, porém, quem acha que a modalidade de ensino é tudo o que o aluno considera no pós-pandemia. Um uso mais eficiente da tecnologia, o desenvolvimento de soft skills e as novas formas de consumo também influenciam a nova geração.
Para explorar a mudança comportamental da nova geração de jovens universitários – entre outros temas relevantes do setor –, ocorre em 23 e 24 de novembro o EAD TALKS: Revoluções – Do legado à transcendência digital do Ensino Superior. O evento, online e gratuito, é oferecido pela Plataforma A para marcar o Dia Nacional da EaD.
O primeiro debate do EAD TALKS: Revoluções ocorre na terça-feira (23), às 15h.
A gerente acadêmica de EAD na Plataforma A, Daiana Rocha, se junta à professora Claudia Ruas, coordenadora do Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Unig, para conversar sobre as expectativas dos estudantes quanto à aprendizagem atual. Além disso, ambas prometem abordar a jornada de ensino de modo a tornar as vivências acadêmicas mais atraentes.
Leia mais: Como ensinar metodologias ativas para alunos passivos
Desafios à educação tradicional
Desde o começo da pandemia, as plataformas de cursos livres e até mesmo empresas começaram a atrair um número crescente de aprendizes. Eles se interessam especialmente pelos cursos voltados a profissões de alta demanda. É fácil entender o porquê.
Veja o caso da TI (Tecnologia da Informação), o mais emblemático. Estima-se que o déficit anual no setor é de aproximadamente 50 mil profissionais no Brasil. Não por falta de cursos: segundo dados da consultoria Educa Insights, mais de 100 mil estudantes ingressaram anualmente em cursos da carreira de TI desde 2011.
Acontece que poucos permanecem na universidade. Na última década, o número anual de formandos em TI jamais passou de 36 mil. Isso porque as empresas de tecnologia contratam os estudantes muito antes da formatura – devido ao excesso de vagas e à escassez de mão de obra qualificada.
Segundo um relatório do Instituto Semesp, com dados de 2020, o valor médio da mensalidade do curso de Engenharia da Computação é R$ 1.544; Ciência da Computação, R$ 1.458; Sistemas da Informação, R$ 850.
Muitos acham desnecessário pagar valores assim quando o salário médio de um desenvolvedor Python e um programador Java (linguagens de programação básica) é de R$ 4.500 e R$ 3.800, respectivamente. E há cargos de desenvolvimento, big data, infraestrutura e segurança onde o salário pode ser o dobro ou até cinco vezes maior, de acordo com o último Guia Salarial Robert Half.
Para surfar a onda da TI, algumas edtechs de formação profissional apostam no chamado Modelo de Sucesso Compartilhado (ISA ou Income Share Agreement, em inglês). Ele permite que o aluno faça o curso profissionalizante e só comece a pagá-lo quando estiver empregado.
Apesar da forte concorrência, que coloca a educação tradicional à prova, cabe destacar que a graduação superior ainda é um ótimo investimento.
Conforme pesquisa da OCDE, divulgada em setembro de 2020, um diploma universitário é capaz de garantir ao brasileiro uma remuneração média 144% acima da dos que terminaram apenas o ensino médio. E boa parte dos interessados pode estar de olho nisso: segundo uma pesquisa da Educa Insights com a ABMES, divulgada em junho, 43% dos entrevistados com condições de cursar uma graduação pretendem ingressar em uma faculdade em 2022.
Nesse cenário, os cursos da saúde, como psicologia e enfermagem, devem se destacar. Na pandemia, segundo levantamento do portal Terra, os processos seletivos da área cresceram até 200% em instituições de ensino superior (IES). No EAD, a Biomedicina se consolidou entre as graduações que mais crescem no Brasil.
Entender essas e outras necessidades que estão surgindo é essencial para planejar as IES do século 21.
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