Quase 550 dias depois de suspender o ensino presencial pela primeira vez, em razão da pandemia, a cidade de Nova York reabriu as escolas públicas na última segunda-feira (13) para 100% dos alunos.
No ano passado, 60% dos estudantes não frequentaram presencialmente as instituições, optando pelo ensino remoto. Mas agora o híbrido não é opção – exceto para alunos com problemas médicos específicos. O distanciamento social é exigido apenas onde for possível, segundo o Chalkbeat.
Muitas famílias estavam felizes em mandar as crianças de volta à escola, já que mais empregadores estão exigindo trabalho presencial e a gestão do aprendizado a distância costuma ser difícil para pais e alunos. As salas de aula físicas oferecem mais suporte acadêmico, uma chance de socialização e acesso a serviços de educação especial difíceis de fornecer de forma virtual.
Outros, temerosos com a variante Delta mais contagiosa e com as taxas elevadas de infecção, voltaram à escola com sentimentos de ansiedade e frustração.
As autoridades municipais de Nova York prometeram proteger os alunos e educadores com uma combinação de medidas de segurança, incluindo uso de máscaras, melhorias na ventilação e dois purificadores de ar em cada sala. Pais ou quem desejar entrar nos prédios da escola são obrigados a mostrar um comprovante de que tomou pelo menos uma dose da vacina.
As lições da retomada
Este é o terceiro ano letivo pandêmico em Nova York. Quando o coronavírus desembarcou na região, pressionando o fechamento do sistema em março de 2020, o ano letivo de 2019 ainda não havia acabado. Então começou o segundo ano, entre agosto e setembro passado. Para este terceiro, ao contrário de 2020, não há um número específico de casos positivos entre alunos que force o fechamento da escola. Mas um único caso de vírus pode fechar uma turma do ensino fundamental.
Os alunos vacinados do ensino fundamental e médio não serão forçados à quarentena enquanto não apresentarem sintomas.
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Ainda é cedo para avaliar a retomada nova iorquina, mas é possível tirar lições do restante do país. Afinal, Nova York não foi a primeira cidade ou estado americano a permitir o retorno 100% do ensino presencial. Na verdade, há locais onde o ensino é totalmente presencial há várias semanas.
Os dados mostram que as reaberturas de escolas tendem a ter um bom desempenho (ou seja, não registrar surtos) em áreas com altas taxas de vacinação, de acordo com o jornal The New York Times.
O condado de São Francisco, na Califórnia – cuja taxa de vacinação é de 79% para pessoas acima de 12 anos –, não registrou um único surto escolar desde que as aulas foram retomadas em 16 de agosto. Isso é um bom sinal para Nova York, onde 70% daqueles com 12 anos ou mais estão vacinados.
Mas o quadro é outro em áreas com taxas de vacinação mais baixas.
Na Hillsborough County Schools, em Tampa, Flórida, 58% dos jovens acima de 12 anos estão vacinados. Resultado? Mais de 8 mil alunos foram obrigados a fazer quarentena após um surto em massa no mês passado. O governador da Flórida, Ron DeSantis, opõe-se veementemente à vacinação e à obrigação do uso de máscara.
Na Geórgia, um distrito escolar fechou temporariamente depois que dois motoristas de ônibus e um monitor morreram após contrair Covid-19 – isso após a reabertura escolar, em 4 de agosto. Outros estados do Sul dos EUA, onde as taxas de vacinação estão aquém da média nacional – incluindo Kentucky e Mississippi –, também relatam surtos escolares.
Com base nessas experiências, é razoável dizer que vacina no braço e máscara no rosto não salvam só vidas. Também salvam o ano letivo.
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