De acordo com o último Censo Escolar de 2020, a média de alunos por turma no ensino médio é de 30 alunos. Nos anos iniciais do ensino fundamental, a média é de 21 e nos finais é de 27 alunos.
Os dados do levantamento são referentes a 2019. Ano anterior a pandemia da covid-19.
Depois de mais de um ano de escolas fechadas, as redes públicas e particulares adotaram um modelo de retorno gradual das aulas presenciais. Com revezamentos de turmas e a mistura do presencial com o online, as salas de aulas estão com poucos alunos – garantindo o distanciamento físico ainda necessário.
Além do ensino híbrido, outro fator pode colaborar para a diminuta quantidade de alunos em sala de aula: a evasão escolar. Mas seja pela evasão ou pelas medidas de restrição, uma coisa é fato: as turmas estão com menos alunos. E os professores precisam adaptar suas formas de ensinar.
Sala de aula híbrida
Mariana Hunger é professora de turmas do fundamental 1 no Colégio Lumiar em Porto Alegre. Ela explica que a dificuldade não está necessariamente nas turmas com menos alunos. Mas em todo o contexto da pandemia.
Na escola onde ela leciona, algumas famílias optaram por enviar os seus alunos para a aula presencial. Outras preferiram continuar no ensino remoto. “A gente sabia que o planejamento seria diferente entre um grupo e outro”, diz Hunger.
Antes do start das aulas, no entanto, a professora fez um nivelamento dos conhecimentos de cada aluno – isto é, uma avaliação diagnóstica e formativa dos alunos. Esse processo, segundo o Conselho Nacional de Educação (CNE), ajuda a verificar “as lacunas do aprendizado e orientar o plano de recuperação dos alunos que não atingiram os objetivos propostos por meio das atividades não presenciais no período de isolamento”.
Para Hunger, o nivelamento possibilitou a criação de propostas, organizações de sala e dinâmicas de aula para promover a aprendizagem. Com parte da turma no presencial e outra no online, a escola precisou olhar para as potências de cada modalidade. “A partir daí a gente começou a trabalhar com os interesses dos alunos”, conta a professora do Colégio Lumiar.
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Confira, a seguir, outras dicas de como os professores podem ensinar em turmas com um número menor de alunos.
Adapte-se
O Colégio Academia, de Jaú (SP), precisou adaptar as aulas para a nova quantidade de alunos. A coordenadora pedagógica Maria de Fátima Pupo conta que todas as atividades, antes desenvolvidas para turmas com 25 alunos, foram reajustadas para grupos menores.
“Apesar das restrições da pandemia, é possível explorar os grupos e trabalhar discussões”, explica a coordenadora. O Colégio Academia tem uma metodologia de ensino onde o aluno é o protagonista da aprendizagem – e assim ele continua, mesmo em turmas menores.
Vale a pena também revisar o currículo acadêmico. Algumas atividades podem não fazer sentido em turmas com menos alunos e, talvez, a forma de dar aula precise ser alterada conforme a modalidade (presencial e online).
Tenha um plano B
Turmas com menos alunos normalmente são mais fáceis de se organizar em comparação com as turmas numerosas. E as atividades podem ser concluídas mais rápido. Então, não se preocupe se a aula terminar mais cedo do que você esperava. Nesse caso, uma atividade extra ou mesmo brincadeira pode ajudar.
Individualize a aprendizagem
Use esse tempo para atingir necessidades, grupos ou indivíduos específicos. Não se esqueça de que você pode incluir algum trabalho de desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Cada aluno aprendeu de uma forma durante o período do ensino remoto emergencial. Então, aproveite o momento com poucos alunos em sala de aula para entender quais são as necessidades de cada um.
Relacionamento
As crianças ficaram um ano em casa, sem ver os colegas. A falta do ambiente escolar causou impacto não apenas no ensino, mas também nas formas de interação entre elas e com os espaços de aprendizagem.
Nesse ponto, o número menor de alunos na sala de aula é positivo. O professor pode aproveitar a ocasião para desenvolver vínculos entre estudantes, e também consigo. Ele conhecerá a turma tão bem que será capaz de desenvolver um relacionamento realmente forte – um tipo de relacionamento que seria difícil de desenvolver com uma turma grande.
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