Confirmando a tendência observada em 2020, a maioria dos potenciais alunos vai adiar a entrada na graduação superior. Segundo a pesquisa “Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021”, 38% dos entrevistados têm a intenção de entrar na faculdade no segundo semestre de 2021. Outros 13% devem começar em 2022.
O levantamento foi realizado pela empresa de pesquisas Educa Insights, em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Foram entrevistados 1.024 potenciais alunos. São homens e mulheres de todas as classes sociais, entre 17 e 50 anos, com interesse de fazer um curso de graduação presencial ou EAD nos próximos 18 meses.
A pesquisa é uma continuidade do estudo “Coronavírus vs Educação Superior: o que pensam os alunos e como sua IES deve se preparar” realizada em cinco etapas ao longo de 2020. A divulgação dos dados foi realizada em uma coletiva de imprensa virtual na terça-feira (9).
À espera da vacina. E da nota do Enem
Entre outras razões, o aumento de casos decorrente da segunda onda da covid-19 provocou queda no interesse de começar a faculdade no primeiro semestre de 2021. Em novembro passado, essa era a intenção de 38% dos entrevistados. Três meses depois, em janeiro, só 25% manifestavam tal interesse.
A constatação é puxada pelo desinteresse na modalidade presencial. Era intenção de 33% dos entrevistados, no fim de 2020, ingressar em um curso presencial em 2021/1. No levantamento atual, o porcentual caiu para 14%.
Em cursos a distância, a queda foi de 46% para 38%.
Acredita-se que os indicadores melhorem à medida que a vacinação avançar.
Outro fator nesse contexto de desinteresse é o adiamento do Enem – que, na última edição, teve a maior abstenção da história. “Esse ano teremos menos alunos entrando no ensino superior privado pelo Enem e isso impactará as IES”, disse Daniel Infante, sócio-fundador da Educa Insights.
O desafio das instituições de ensino superior, segundo Infante, é criar mecanismos para facilitar o ingresso dos alunos na graduação. “Se não facilitar essa entrada no ensino superior, é perigoso empurrarmos essa demanda para mais um ou dois anos.”
Na avaliação do diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, esperar o fim da pandemia para se matricular em curso de graduação é se submeter ao risco de perder oportunidades. “O Brasil vai precisar de profissionais qualificados no pós-pandemia e as IES estão preparadas para oferecer a melhor educação, independente do formato”, afirmou.
No entanto, Niskier reconhece que o índice de desemprego prejudica a captação de alunos no ensino superior, principalmente no modelo presencial, onde o valor da mensalidade tende a ser maior.
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