A adoção do ensino remoto durante a pandemia gerou uma série de dúvidas e insatisfações entre pais e responsáveis. A coluna Questão de Educação, por exemplo, respondeu diversas perguntas que chegaram à caixa de e-mail do Desafios da Educação ao longo de 2020.
Atualmente, a principal discussão diz respeito ao retorno às aulas presenciais – previsto para fevereiro e março em várias regiões do país.
Uma pesquisa recente da Prefeitura de São Paulo revelou certa divergência em relação ao tema. Na maior cidade do Brasil, 65% dos pais ou responsáveis desejam o retorno, enquanto 34% são contra. Ou seja, não importa se a modalidade é virtual, presencial ou híbrida. Enquanto a pandemia continuar, é provável que uma parcela da população siga insatisfeita e confusa com o ano letivo.
Nesse cenário, uma pesquisa coordenada por professoras da Universidade de Michigan e publicada pelo portal Education Week, mostrou que a comunicação entre famílias e escolas é fundamental para mitigar as frustrações decorrentes da interrupção das aulas provocada pela pandemia.
O que diz a pesquisa
Em junho do ano passado, os pesquisadores ouviram 1,5 mil famílias na cidade de Forest Grove, no estado do Oregon, nos Estados Unidos. O objetivo era entender quais práticas foram mais úteis para pais e responsáveis lidarem com o período forçado de ensino remoto.
As famílias elogiaram as escolas que os mantiveram a comunicação sobre as aulas e que ofereceram maneiras de supervisionar o aprendizado das crianças em casa. Por outro lado, aqueles que sentiam falta de comunicação com a escola esperavam ter mais oportunidades de apoiar o trabalho dos professores.
Práticas robustas de comunicação com as famílias – e-mails semanais, descrições claras dos objetivos de aprendizagem e conversas por e-mail, telefone ou vídeo – foram consideradas tão úteis quanto práticas centradas no aluno, como reuniões de classe e atividades sociais virtuais.
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Um diálogo efetivo, entretanto, não depende apenas das ferramentas certas. É necessário levar em conta diferenças sociais e culturais entre as famílias. Ao reconhecer essas diferenças, aponta a pesquisa, fica mais fácil para a escola e os professores encontrarem a linguagem, o formato, a frequência e os propósitos do contato mais adequados a cada caso.
Além disso, parte do foco deve estar direcionado ao relacionamento, evitando que a comunicação esteja centrada apenas no currículo e no desempenho individual dos alunos. Afinal, o envolvimento dos pais, especialmente durante a pandemia, muitas vezes depende da demonstração de interesse no bem-estar da família. Isso pode ser feito por meio de perguntas como “O que sua família precisa?” ou “Como está a sua família?”.
7 maneiras de melhorar a comunicação entre família e escola
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Com base no estudo, os pesquisadores norte-americanos indicaram sete maneiras de ajudar escolas e professores a implementar uma comunicação focada no relacionamento com as famílias. São elas:
Mostrar carinho. Enfatizar a importância do bem-estar individual, familiar e comunitário, além de transmitir informações acadêmicas. Reconhecer que as experiências das famílias, especialmente durante a pandemia COVID-19, influenciam no envolvimento acadêmico dos alunos. Reconhecer as dificuldades das famílias com o ensino à distância e convidá-las genuinamente a compartilhar como estão se saindo.
Dar às famílias o benefício da dúvida. Quando as tentativas de comunicação falham, evitar tirar conclusões precipitadas de que as famílias não se importam. Reconhecer que as famílias têm vidas complexas que podem impedi-las de serem tão receptivas quanto os professores esperam. Entender quais meios de comunicação funcionam melhor para cada família e qual membro da família é o melhor ponto de contato.
Abrir várias linhas de comunicação. Certificar de que os pais saibam como entrar em contato com os educadores. Oferecer várias maneiras para os pais fazerem perguntas e fornecer feedback (telefone, texto, e-mail ou reuniões virtuais).
Ser consistente. Estabelecer um cronograma de comunicação regular para que a família saibam quando e como esperar atualizações da escola. Transmitir informações sobre o que está acontecendo na sala de aula, tanto acadêmica quanto socialmente, e descrever expectativas claras e específicas para os alunos. Também atentar ao esgotamento, pois a comunicação em excesso pode ser opressora.
Construir uma comunidade entre os pais. Incentivar os pais a compartilhar estratégias e recursos por meio de salas de aula virtuais, fóruns de discussão de e-learning ou redes de e-mail.
Oferecer maneiras flexíveis para as famílias apoiarem o aprendizado. Pedir aos alunos que compartilhem sobre suas famílias e incentivá-los a aprender com as suas famílias (por exemplo, entrevistando um membro da família sobre um tópico da aula).
Tornar a comunicação centrada na família. Convidar irmãos, avós e outros membros importantes da família para participarem de conferências. No caso de famílias com filhos em várias salas de aula, fazer conferências conjuntas para discutir a família como um todo, e não os alunos individualmente.
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