Desenvolver nas crianças o interesse pela leitura e pelos livros é um desafio para familiares e educadores, mas o podcast Maritaca pode os ajudar nessa missão. O ponto forte do podcast é a contação de histórias.
O programa foi idealizado pela produtora cultural e multiartista Mariana Piza. O programa apresenta contos, histórias, folclore, brincadeiras, dicas de livros, programação cultural e exploração da linguagem, entre outros recursos – que estão disponíveis no site, no canal Youtube ou no aplicativo para celular.
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A iniciativa mostra que é possível prender a atenção nas crianças apenas com áudio, a fim de instigar a imaginação do pequeno ouvinte. E que o hábito de ouvir histórias pode incentivar nas crianças o interesse pela leitura.
“Contar ou ouvir histórias desenvolve a memória discursiva afetiva da criança”, diz Idmea Semeghini-Siqueira, professora sênior da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). “Essa atividade, que propicia a constituição de letramento emergente, aproxima as crianças da história e depois dos livros e da leitura individual, abrindo caminho para a alfabetização.”
Quanto mais elas ouvirem histórias, defende Siqueira, mais as crianças vão desenvolver competências e habilidades para compreender e ler livros depois.
O Maritaca é direcionado ao público infantil, mas a presença dos pais é fundamental, principalmente no início, para responder perguntas, ouvir e dialogar. “É bom ter essa presença até a criança se acostumar com o meio. Depois ela mesma pode escolher os programas sozinha.”
A contribuição da família na alfabetização é um dos pontos centrais do caderno da Política Nacional de Alfabetização (PNA), lançado em agosto pelo Ministério da Educação (MEC). O documento é um desdobramento de um decreto assinado por Jair Bolsonaro em abril e, nele, a família já era reconhecida como um dos agentes mais do processo de alfabetização, constando em todos os itens.
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De acordo com o MEC, as práticas familiares têm especial importância até os 6 anos, ainda que a literacia familiar deva prosseguir ao longo do processo de aprendizagem. Entre as atividades recomendadas no PNA estão o manuseio de lápis e giz, o contato com livros ilustrados, jogos com letras e palavras e, por fim, a leitura em voz alta feita pelo adulto à criança e a contação de histórias.
Para deixar mais claro a intenção de fomentar o papel da família no letramento infantil, o MEC lançou em dezembro o programa Conta pra Mim, que incentiva os pais a lerem aos filhos. A iniciativa prevê investimento de R$ 45 milhões, que serão utilizado para implementar 5 mil espaços em creches, pré-escolas, museus e bibliotecas para receber as crianças e ensinar os pais a praticar técnicas de leitura. O programa deve ter início em 2020.
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Os educadores também podem fazer um trabalho de estímulo à leitura utilizando o Maritaca com um grupo de alunos. Além de incentivar a leitura, a atividade fomenta a convivência, a cognição e o pensamento crítico.
No Maritaca também é possível que as crianças contem suas próprias histórias na seção “Eu canto e conto”. Basta gravar a voz e compartilhar na plataforma, ficando disponível para outras pessoas ouvirem. Já para os pais, há a seção “Quando eu era pequeno”, em que podem relatar episódios de suas infâncias.
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