Na universidade pública, o número de estudantes negros passou, pela primeira vez, o de brancos. A informação é da pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, feita pelo IBGE e divulgada na quarta-feira (13), a partir da Pnad Contínua.
Em 2018, o Brasil teve 1,14 milhão de estudantes autodeclarados pretos e pardos (50,3% do total), enquanto os brancos ocupavam 1,05 milhão (48,2%) de vagas em instituições de ensino superior (IES) federais, estaduais ou municipais.
A diferença de 1,5 ponto percentual é de alunos autodeclarados amarelos ou indígenas.
Segundo análises verificadas pelo portal Desafios da Educação, o avanço da população negra na universidade pública tem algumas razões. Entre elas, a universalização do ensino fundamental, a redução da evasão escolar e as políticas afirmativas, como cotas raciais e sociais. A autodeclaração das pessoas de cor preta ou parda nas pesquisas do IBGE também influenciaram a proporção.
Na rede privada, brancos seguem sendo maioria. Proporcionalmente, eram 52,3% em 2018. Negros, 46,6%.
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Desigualdade permanece
Apesar dos pretos ou pardos representarem a maioria na universidade pública, eles permanecem sub-representados – uma vez que negros são 55,8% da população brasileira. Além disso, a desigualdade em relação a cor e raça persiste em outros campos.
Negros são maioria no desemprego: em 2018, eles representam 64,2% dos desocupados e 66,1% dos subutilizados.
Salários menores: o rendimento médio mensal das pessoas ocupadas brancas (R$ 2.796) foi 73,9% superior ao da população preta ou parda (R$ 1.608).
Menos cargos de liderança: no Brasil, a proporção de brancos (68,6%) em cargos gerenciais era maior que a de pretos ou pardos (29,9%). No Norte e no Nordeste, contudo, a proporção de pretos ou pardos em cargos gerenciais era maior em 2018 – 61,1% e 56,3%, respectivamente.
Segurança 1: negros têm quase três vezes mais chances de morrerem assassinados, segundo levantamento do IBGE.
Segurança 2: segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), mais da metade dos alunos pretos ou pardos estudavam em estabelecimentos localizados em área de risco – em termos de violência.
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