Quando percebeu que o formato de aula convencional, quase 100% expositiva, já não atendia as expectativas dos alunos e tampouco se adequava à realidade do mercado de trabalho, Eric Mazur, professor de Física na Universidade Harvard, desenvolveu uma nova metodologia de aprendizagem. Isso lá nos anos 1990.
Mais de duas décadas depois, a peer instruction, metodologia criada por Mazur, é uma das principais tendências da educação ativa. Nela, o aprendizado é desenvolvido entre os próprios alunos – após uma breve introdução do professor, eles se reúnem em pares e se ajudam mutuamente no entendimento dos conceitos.
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Uma boa metodologia ativa, segundo Mazur, é pensada para toda a jornada de ensino e de aprendizagem. Isso inclui a etapa de avaliação – o que, para ele, precisa ser repensada.
“Qualquer tipo de métrica fácil é inútil”, afirmou Mazur durante o 21º Fórum Nacional do Ensino Superior (Fnesp), realizado em setembro em São Paulo (SP). “Como você pode classificar uma coisa complexa – como o ser humano – em uma letra ou com um número?”
Autor do livro Peer Instruction – A Revolução da Aprendizagem Ativa, Mazur afirma que os sistemas de métricas utilizados nas avaliações não são capazes de medir as habilidades profissionais. E muito menos de dizer quem será bem-sucedido ou não.
Para o professor, é preciso focar no feedback, não no ranqueamento. Daí a necessidade das instituições de ensino superior (IES) abandonarem as avaliações tradicionais.
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Eric Mazur diz que as avaliações por notas estigmatizam o fracasso, desencorajam o exercício da criatividade, isolam os indivíduos e os privam de prática salutar de recuperar informações através da consulta e do debate.
No lugar de notas, Mazur sugere que os professores criem relatórios sobre o desenvolvimento de cada estudante. O material contemplaria não só o quão bem ele memorizou o conteúdo, mas também a capacidade de trabalhar em grupo, o profissionalismo e o envolvimento em aula.
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“Se o professor der um feedback, um retorno mais explícito, em vez de dar apenas uma nota, o aluno se foca mais no feedback do que na nota. Do contrário, ele só vai se preocupar com o número ou a letra que recebeu do professor”, disse Mazur.
Como no peer instruction, em que o aluno ganha autonomia para aprender, Mazur defende que esse mesmo princípio se aplique às avaliações. “Os alunos também deveriam ter a oportunidade de se avaliar e avaliar seus pares”.
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