Na última semana, tive o prazer de mediar uma mesa redonda no 25º Congresso Internacional Abed de Educação a Distância (Ciaed). Na ocasião, contei com a participação de três gestores que sabem na pele o desafio de desenvolver seu corpo docente para personalizarem suas trilhas de aprendizagem. São eles:
- Katia Ethienne Esteves Santos, professora da PUC-PR;
- Carlos Renato V. Caldeira, professor da Unifipmoc, de Montes Claros (MG);
- Andreia Schley, professora da Censupeg, de Joinville (SC).
Como estratégia metodológica da nossa mesa, antes dos gestores compartilharem suas experiências, propomos um desafio para aqueles que nos prestigiaram. Os 38 participantes foram separados em grupos. Durante 15 minutos, cada grupo tinha que desenvolver uma reflexão a partir da seguinte problemática:
“Com o crescimento significativo da EAD no cenário brasileiro, vivemos momentos intensos de aprofundamento e aperfeiçoamento de práticas didático-metodológicas junto aos nossos professores. Sabemos também que trilhas de aprendizagem bem desenhadas e instrumentalizadas se tornam um grande diferencial para a IES e podem proporcionar uma aprendizagem mais significativa e prazerosa.
Diante deste cenário quais são os desafios que vocês consideram mais complexos de resolver com o corpo docente quando se trata de criar ou personalizar trilhas de aprendizagem na EAD? Considere que você pode estar em uma IES que permite esta personalização a nível de criação de conteúdo ou apenas a nível de curadoria, selecionando conteúdos já produzidos.”
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Após a reflexão, tivemos as explanações dos representantes dos grupos. Eles levantaram questões como considerar as diferenças dos docentes e suas experiências, enfrentar as resistências e a importância das IES terem equipes multidisciplinares alinhadas e preocupadas com o perfil do egresso.
O relato dos grupos impulsionou os representantes da mesa a conduzirem suas falas de maneira mais contextualizada e colaborativa.
“Durante a dinâmica, foi possível perceber que o nosso público era variado, de pessoas de instituições com a EAD e o semipresencial já consolidados e outros que estavam iniciando o processo, o que possibilitou que durante a minha fala pudesse trazer a reflexão temas importantes”, diz a professora Katia Ethienne.
Ela continua: “Para mim, o mais importante (e o grande desafio) é o encantamento inicial de professores e gestores para que possa ser desenvolvido o sentimento de pertencimento para a construção e efetivação de todo o processo. Vários estudos mostram que o processo de aculturação demora até 5 anos, sendo assim a equipe gestora deve estar preparada para este processo, acompanhando, formando, apoiando e instigando professores e outros atores da EAD”.
As contribuições da professora permearam o relato sobre o desafio das trilhas de aprendizagem por competências e como eles conduzem a criação destas trilhas com apoio do conteúdo da SAGAH e de um árduo trabalho de curadoria docente interno.
O professor Caldeira, que tem vasta experiência em TI – não só no meio acadêmico, como também corporativo –, complementou trazendo um case completo de implantação de uma solução de aprendizagem adaptativa e os caminhos percorridos, indicando o que deu certo e o que deu errado e as aprendizagens construídas por seu time de docentes durante esta trajetória.
Para ele, “na formação dos professores para personalização de trilhas de aprendizado é necessário planejamento, sensibilização, incentivo e engajamento dos professores no processo”.
Já a professora Andreia Schley destacou a gestão estratégica da EAD da sua IES, e como ela está implementando junto ao RH o plano de carreira docente que prevê uma séria de competências docentes que estão atreladas desde curadoria de conteúdo até fazer diagnósticos cognitivos.
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“Poder compartilhar a proposta de formação dos professores do Censupeg no Ciaed, junto com os colegas da mesa, foi a oportunidade ímpar para disseminar e validar com outras instituições representadas nos participantes desse momento, de que estamos construindo um caminho possível onde o ator do processo de ensino passa a ser também o ator de um ciclo de aprendizagens essências para o sucesso da sua atuação profissional alinhado com o planejamento estratégico e o PDI da faculdade”, me escreveu a Schley.
Como mediadora da mesa, questionei-me ao final: será que temos como responder a esta pergunta? Como capacitar e desenvolver seus professores na personalização de trilhas de aprendizagem?
Certamente temos muitos caminhos a percorrer. Nossa contribuição no Ciaed foi para mostrar alguns destes caminhos e alertar para alguns “tropeços” que precisamos estar preparados para enfrentar – desde o encantamento dos nossos professores, na retenção de bons talentos, até o cumprimento de metas e ao entendimento de novos papéis que a docência está aprendendo a reconhecer, como a curadoria de conteúdo EAD.
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