Nos últimos anos, a educação a distância (EAD) disparou no ensino superior brasileiro. Entre 2008 e 2018, a expansão foi de 375%. Para efeito de comparação, a modalidade presencial cresceu 33,8% no período.
Além de aumentar a oferta de cursos e o número de estudantes, que chega a 2 milhões, a explosão da EAD gerou novas oportunidades para o segmento docente. Isso inclui vagas para professor, coordenador e tutor – profissional formado na área do curso, contratado parar tirar dúvidas dos alunos.
O crescimento da EAD vinha de maneira exponencial até 2017, quando foi registrado avanço recorde de 17,6% em comparação com o ano anterior.
Desde 2018, porém, a tendência é de desaceleração. Segundo análise da Hoper, consultoria especializada em educação, no ano passado a expansão foi de 13,8%. Para 2019, a projeção é ainda menor: 6%, podendo ser de 3% nos dois anos seguintes.
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A ordem, agora, é focar na qualidade da EAD e não no tamanho do crescimento. Daí os profissionais receberem ou procurarem capacitação específica para a modalidade a distância, tanto dentro quanto fora das instituições de ensino superior (IES).
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Formação para professor EAD
A formação do professor de EAD inclui o desenvolvimento de aspectos técnicos e comportamentais. Isso porque, para ministrar aulas online, o profissional muitas vezes precisa grava-las ou até mesmo transmiti-las ao vivo.
Aprender a se comunicar, posicionar-se em frente às câmeras, escolher a roupa correta e a se maquiar, portanto, são habilidades cada vez mais valorizadas pelas IES, embora o Ministério da Educação (MEC) não exija formação específica para os profissionais de EAD.
Na Universidade Paulista (Unip), os professores passam por uma capacitação antes de gravarem, inclusive para saber manusear a lousa interativa que é utilizada nos vídeos, segundo Fernando Di Gênio Barbosa, diretor de EAD da instituição, em depoimento ao jornal Valor Econômico.
A documentação e a entrega da aula, em outros formatos além do vídeo, é outra demanda.
“A EAD requer o desenvolvimento de habilidades para utilizar uma linguagem dialógica. Isso pressupõe técnicas de interação textual, o que nem sempre são de domínio dos especialistas”, diz Lana Crivelaro, gerente do núcleo de EAD da Faculdade Paraíso (FAP), do Ceará.
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A capacidade de trabalhar com alunos de diferentes realidades (a maioria dos alunos de EAD saem de escolas públicas, tem entre 26 e 40 anos e pertencem majoritariamente às classes C, D e E), bem como de empregar o uso de novas tecnologias, também é importante aos profissionais.
“Apesar da tecnologia ser o meio, e não o fim da educação a distância, os professores precisam se manter atualizados frente as ferramentas que intermedeiam e facilitam o ensino-aprendizado”, acrescenta Crivelaro.
A preocupação faz sentido. Segundo um paper científico, publicado em abril por pesquisadores de Minas Gerais, o professor EAD “assume funções para quais não foi preparado durante a sua formação inicial”, e por isso sua capacitação é “uma necessidade”.
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Onde buscar treinamentos
Além das IES, que podem oferecer oficinas e cursos voltados à prática docente na EAD, os professores e tutores podem buscar capacitação em plataformas de cursos livres, como Coursera e Udemy. Aqui, os conteúdos são genéricos – abordam roteiro, storyline, captação de vídeo, entre outros temas.
Instituições internacionais, como as prestigiadas Harvard e Massachusetts Institute of Technology (MIT), também capacitam para a ministração virtual. A maioria das aulas é em inglês, com opções gratuitas e, claro, a distância.
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*Reportagem publicada a partir do projeto A Educação a Distância no Contexto Atual: 50 temas e 50 dias, conduzido por Fernanda Furuno, do Grupo A, em parceria com a Abed e o Guia EAD Brasil.
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