Nas últimas duas décadas, ganhou visibilidade no Brasil e em outros países a educação STEM (sigla, em inglês, para ciência, tecnologia, engenharia e matemática). O modelo propõe a revisão das metodologias tradicionais de ensino, unindo as quatro áreas do conhecimento de forma multidisciplinar.
Mas com o avanço da automatização e da digitalização das atividades humanas, seria adequado que a STEM dividisse espaço com a chamada “HECI” (humanidade, ética, criatividade e imaginação). Quem defende a teoria é futurista suíço Gerd Leonhard, CEO da The Futures Agency – com um portfólio de consultoria que inclui mais de 300 empresas, entre elas Unilever, Mastercard e Lloyds Bank.
Durante passagem pelo Brasil – para participar de um evento do setor financeiro, em junho passado –, Leonhard defendeu que a sociedade invista em um “mix” da educação STEM com a HECI.
Para ele, valores como intuição, criatividade, empatia, consciência e humanismo devem ser impulsionados na mesma medida em que são desenvolvidas competências técnicas. Por uma razão sintomática: em áreas como lógica e cálculo, por exemplo, os humanos dificilmente serão mais competitivos do que as máquinas; já os robôs jamais alcançarão as virtudes humanas.
“Um computador pode ter todo o conhecimento médico, mas ele não consegue ter sabedoria e criatividade”, explicou o especialista, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
O estímulo à HECI, segundo Leonhard, também combate a defasagem de inovação – o que seria bem-vindo. Afinal, um estudo de quatro pesquisadores norte-americanos – três da Universidade de Stanford e um do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) –, publicado em 2017, apontou que a criatividade na indústria está em queda desde a década de 1930.
Às faculdades, Leonhard garante que disciplinas ou capacitações voltadas à HECI vão forjar profissionais mais preparados para os desafios impostos pelo desenvolvimento tecnológico.
E aos alunos? “Recomendaria ser mais humano, ao invés de procurar ser o mais inteligente.”
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