Por si só, a história do nascimento da Khan Academy é um exemplo e tanto para entusiastas do ensino a distância, especialmente do conceito de sala de aula invertida. Pensar que tudo começou com Salman Khan ensinando matemática para a sua prima, em 2004, com vídeos hospedados no Yahoo, e, depois, expandindo o alcance desse material para outros parentes e amigos pelo YouTube, é realmente inspirador. Formado não só em matemática, mas também em ciências da computação e engenharia elétrica pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Khan deixou o trabalho no mercado financeiro em 2009 para se dedicar integralmente à plataforma que criou. Mais de cinco anos depois, ele enfrenta o desafio de mostrar para o mundo que a Khan Academy se tornou muito mais do que ele próprio falando em seus vídeos.
Em uma recente conversa com o site Education Dive, Khan falou da importância dos dispositivos móveis e de aplicativos que sejam próprios para as plataformas mais populares como iOS, da Apple, e Android, e também da importância de refletir sobre as formas de avaliação dos alunos. A tecnologia deve permear o aprendizado e o ensino, ser mais do que uma ferramenta e deve fazer parte da sala de aula, seja ela virtual ou não. Por esse motivo, Khan destaca a necessidades de ir além do vídeo.
Salman Khan, fundador da Khan Academy
FONTE: Education Dive
Tomando como exemplo o aplicativo da instituição que leva seu nome, Khan sublinhou a diferença que aprender em um tablet pode fazer para estudantes, especialmente aqueles mais acostumados a ter um smartphone ou mesmo um tablet nas mãos. Ao contrário dos vídeos, o desenvolvimento de um aplicativo permite que as entidades criem algo interativo, adaptativo, verdadeiramente personalizável e no qual o aluno pode, de fato, praticar.
“No passado, fazíamos tudo pela web. Isso é ótimo, mas você tem que separar um papel de rascunho para fazer anotações e digitar suas respostas. Em um tablet, e isso é óbvio, é possível construir uma interface que permita que todo o trabalho seja efetivamente feito no tablet”, explica. Segundo Khan, um aplicativo desenvolvido para aproveitar todas as possibilidades que nascem de uma tela sensível ao toque, como o da Khan Academy para iOS, dá ao aluno a possibilidade de escrever com o dedo a raiz quadrada do coseno de x e deixar que o software reconheça esse conteúdo, por exemplo. “É o que nós sempre imaginamos que o futuro da educação seria”, afirma o CEO.
Ainda falando sobre mobilidade, Khan sublinhou a necessidade das instituições de ensino, inclusive da Khan Academy, de desenvolver também aplicativos para Android, o sistema operacional móvel com mais usuários no mundo, especialmente em países emergentes como o Brasil, aonde a educação a distância vem crescendo e se tornando protagonista. Ainda que o iPad seja um dos tablets mais vendidos no mundo, vale lembrar que é o Android a plataforma que roda na maioria dos dispositivos considerados de entrada ou intermediários.
Diferente da Blackboard, que possui produtos responsivos, isto é, que se adaptam a qualquer equipamento, algumas iniciativas precisam reconstruir suas plataformas quando migram da versão web para os dispositivos móveis. Não só por questões técnicas, mas para aproveitarem melhor as potencialidades desses aparelhos com tela sensível ao toque. É o caso da Khan Academy, que ficou conhecida pelos vídeos que não permitem interatividade. A solução Blackboard Mobile, por exemplo, oferece a toda sua comunidade, aos professores e aos alunos o acesso a uma completa experiência educacional de forma intuitiva e por meio de diversos dispositivos móveis.
Khan Academy já possui um aplicativo para iOS, sistema que roda no iPad
Por fim, Khan também chama atenção para as portas que se abrem com a tecnologia quando o assunto é a avaliação dos alunos. Com a tecnologia em mãos, não tem mais por que, na opinião dele, limitar-se aos métodos antigos, como provas. “Os testes tradicionais medem uma dimensão do aluno. Eles são uma espécie de imagem instantânea do conhecimento atual, por isso são imperfeitas. Para se ter uma ideia do que alguém realmente é, o melhor é conhecer o que essa pessoa criou, seu portfólio. Podem ser coisas que esse alguém escreveu, é claro, mas pode ser algo que ele programou, construiu ou pintou. Isso é muito mais poderoso. Em seguida, e em cima desse portfólio, seria importante fazer uma avaliação por pares: quanto um aluno ajudou seus colegas, sua capacidade de trabalhar em grupo, coisas desse tipo”, disse o executivo.
Mesmo na Khan Academy esse tipo de análise ainda está incipiente, mas Salman Khan acredita que, no futuro, os alunos possam ser avaliados até por uma música que compuseram. “Nosso foco não está na avaliação, mas na aprendizagem e na criação, que são temas caros ao nosso coração”.
Como a sua instituição encara o crescimento dos dispositivos móveis e a necessidade de adaptar alguns conteúdos no formato de aplicativo? E a avaliação, é uma tema recorrente? Compartilhe conosco sua percepção sobre as opiniões de Salman Khan.
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