Empoderamento é um termo recorrente em textos sobre educação a distância. Aqui no Desafios da Educação, frequentemente falamos das inúmeras possibilidades que o acesso à internet e à tecnologia como um todo trouxeram para alunos, professores e gestores de instituições de ensino superior. Outro lado bom desse novo mundo que se encontra na web é descobrir que esse empoderamento pode ser dar em outras esferas, algumas inclusive cerebrais. A cada dia, novos estudos, agora publicados em sites e não apenas em publicações científicas, restritas ao universo acadêmico, mostram que o cérebro, esse grande responsável pelo nosso aprendizado, já acreditou em muito mito espalhado por aí, mas, com a ajuda da neurociência, está se tornando mais e mais poderoso.
Conheça a metacognição, a capacidade de pensar sobre os próprios pensamentos
FONTE:The Phoenix
Um bom exemplo do poder do cérebro está na metacognição, a capacidade de pensar sobre o próprios pensamentos. Em um texto publicado no site Edutopia, Donna Wilson, uma especialistas em ensino a partir do cérebro, compartilha com seus leitores alguns resultados de pesquisas recentes e também dá dicas de como trabalhar com esse importante conceito em sala de aula, virtual ou física. De acordo com ela, um estudo do University College London descobriu que indivíduos com uma melhor metacognição tinham mais massa cinzenta na parte anterior do córtex pré-frontal. Pesquisas para determinar exatamente como essa área do cérebro contribui para a habilidade da metacognição ainda estão em curso, mas reforçam a necessidade de desenvolvê-la.
Donna Wilson acredita que a metacognição não é um processo difícil para os estudantes entenderem. Uma das metáforas em que ela aposta é a do carro, de fazer o estudante imaginar seu próprio cérebro como um carro e a metacognição como o ato de dirigir. Alunos capazes de conduzir seu próprio processo de aprendizado mantém seu espaço de trabalho organizado, completam tarefas dentro do cronograma, fazem um plano de estudo, monitoram seu próprio caminho e são capazes de reconhecer quando é preciso mudar de rumo. Segundo ela, essa autocrítica é essencial para o sucesso acadêmico dos alunos, mas não só isso. A metacognição é o tipo de estratégia que, uma vez aprendida, pode ser utilizada para todo o sempre e nas mais diversas ocasiões, ou seja, na vida pessoal e profissional.
Além disso, alunos que não conhecem e não acompanham seu próprio processo de aprendizado tendem a ser mais dependentes dos professores. Ficam mais suscetíveis a contratempos, tornam-se desanimados e desvinculados com facilidade e podem acabar com um um desempenho acadêmico inferior. Em geral, esses alunos costumam ser os responsáveis pela maioria dos problemas de gerenciamento por parte dos professores. Ao desenvolver a metacognição, os estudantes ficam mais conscientes, reflexivos e cientes de como eles aprendem e o que é preciso fazer para melhorar esse processo tão importante para a vida.
Com a metacognição, os alunos decidem para onde vão seus cérebros
FONTE: Clipartbest
No texto, Donna Wilson dá dicas de como incentivar a metacognição nos estudantes:
1. Comece definindo o termo metacognição. Entender o conceito é importante para compreender o processo. Se a sua turma for de alunos muito jovens, opte por criar uma metáfora como a do carro, de que os alunos vão dirigir os próprios cérebros em busca da melhor forma de aprender. Em geral, os estudantes gostam da ideia de conduzir os próprios destinos.
2. Peça aos alunos que descrevem os benefícios e forneçam exemplos de uma boa condução de seus cérebros. É bom dizer, por exemplo, que tal qual em um carro, às vezes a gente precisa colocar o pé no freio. Ou seja, no meio de um revisão, parar e voltar para uma passagem do conteúdo para se certificar de que ela realmente foi compreendida. Ou, ainda, anotar e organizar o que é preciso abordar em um ensaio antes de iniciar um percurso. É preciso manter o cérebro em movimento e na pista correta para alcançar os objetivos que nos esperam no final do caminho.
3. Sempre que possível, deixe que os alunos escolham o que querem ler e os temas sobre os quais querem aprender mais. Quando estão realmente interessados e motivados os estudantes sustentam mais essa vontade, sendo capaz de desenvolver até projetos a longo prazo.
4. Procure oportunidades para discutir e aplicar a metacognição. Um exemplo dado por Donna é de incentivar os alunos a darem exemplos do que fazem em sala de aula nas interações com os amigos e a família. Transferir a metacognição para outras esferas é uma forma de exercitar a capacidade de pensar sobre os próprios pensamentos.
5. Mostre modelos de metacognição conversando com os alunos sobre seus problemas. Donna Wilson descobriu, em seus experimentos, que estudantes que escutam professores pensando suas estratégias em voz alta aprendem com elas. Eles costumam rir quando seus professores comentem erros, mas também aprendem quando seus professores param, reconhecem um equívoco e percorrem seu próprio caminho até a correção. Esse é, de acordo com ela, o momento em que os alunos percebem que os erros podem ser vistos como oportunidades para aprender e melhorar.
E você, costuma sugerir aos estudantes que escolham temas de estudo que lhes interessam? E quais são os métodos que você utiliza para ajudar a transformar seus alunos em aprendizes independentes? Compartilhe conosco suas experiências e assine nossa newsletter para continuar por dentro dos desafios da educação.
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