Estar antenado às tendências em educação é parte importante do trabalho de um gestor, especialmente se ele quiser garantir que a instituição em que trabalha siga sendo inovadora. Ou, mais desafiador ainda, que se torne um exemplo de inovação. Há alguns dias, falamos da importância das palavras de incentivo para a mentalidade acadêmica dos estudantes. Desta vez, o foco é no que a emoção pode fazer para ajudar os alunos em seu processo de aprendizado. Levante o braço quem nunca escutou um amigo falar que, se pudesse, faria a faculdade de novo. Isso não é uma pergunta… Para aproveitar ao máximo a oportunidade, às vezes é preciso mais do que vontade. E, em tempos de educação a distância, porque não uma ajuda tecnológica?
Esse é um dos pontos de Eric Horowitz, um pesquisador em educação que se questiona em um texto recente se a tecnologia deveria ir mais além e, em alguma medida, interferir nos sentimentos dos alunos no que tange à educação. À primeira vista, a ideia pode parecer um pouco assustadora – como assim mexer nas emoções dos estudantes? -, mas não é por aí. Não estamos falando de implantar um chip nas pessoas, mas de tornar a experiência de ensino mais atrativa com a ajuda da tecnologia, para que os alunos possam tirar um melhor proveito do conteúdo. Afinal, não é segredo para ninguém que muitos professores têm dificuldades em descobrir como cada estudante aprende melhor.
Professores e gestores poderão atrelar emoção à tecnologia em suas aulas multimídia
Fonte: Web Designer Depot
Para Horowitz, pesquisas sobre como emoção, aprendizagem e tecnologia se conectam é um terreno fértil, e dele pode sair uma solução para professores e gestores. Ainda que não interfiram diretamente nos processos cognitivos de cada estudante, imagens e sons das aulas multimídia podem ser ajustadas de forma que influenciem o estado de espírito de quem está do outro lado, tornando o processo todo mais atraente.
Os estudos nesse campo ainda estão começando, e alguns pesquisadores já mostraram que nem sempre mexer com os sentimentos colabora para o aprendizado. Algumas pesquisas sugerem que as emoções podem impedir a codificação e a recuperação da informação, enquanto outras afirmam que o ato de sentir algo requer um certo trabalho do cérebro, o que pode acabar deixando o órgão sem recursos para o aprendizado. Outras dizem que, ao induzir emoções nas aulas multimídias, a tecnologia poderia desviar a atenção do aluno. Há, porém, pesquisas que dizem o contrário e que acreditam que tudo é uma questão de ajuste.
Um estudo, bastante avançado e feito em diferentes países, provou que emoções positivas podem sim ajudar o estudante no aprendizado quando aplicadas na tecnologia, no nível do design, por exemplo. O experimento em questão queria entender o efeito da emoção positiva em uma tarefa e, para isso, levou em consideração, na primeira aplicação, os resultados de 188 alunos da New York University em uma aula de imunização. Os estudantes foram separados em quatro grupos. Um grupo teve uma emoção positiva induzida antes da aula; um segundo grupo teve a emoção positiva induzida pela lição, ou seja, durante a aula, por meio de um conteúdo feito com cores quentes, formas arredondadas e olhos em objetos inanimados; um terceiro grupo recebeu uma emoção positiva induzida antes e durante a aula; e um quarto grupo não teve nenhum estímulo, ou seja, acessou um conteúdo neutro, em cinza e com retângulos.
No futuro, câmeras dos computadores poderão reconhecer o estado de espírito dos alunos
Fonte: Gallery Hip
Qual não foi a surpresa quando os cientistas descobriram que a emoção positiva, antes e durante a lição, resultou em uma maior aprendizagem em relação à emoção neutra? Além disso, o incentivo durante a aula se mostrou muito mais eficaz do que aquele feito antes. Por durar mais tempo, teve o seu efeito prolongado, ajudando os alunos a fixarem melhor o conteúdo. Segundo os próprios estudantes pesquisados, seu desempenho melhorou porque graças à utilização de cores quentes, sons e animações no conteúdo multimídia, a tarefa parecia menos difícil, o que aumentava sua motivação em resolvê-las.
Pode parecer meio cedo para falar em induzir emoções pela tecnologia, mas o que esse estudo quer mostrar é que um conteúdo trabalhado da forma certa, com cores, formas, sons e animações, recursos que tornam um conteúdo multimídia realmente interativo, podem fazer muita coisa pelo aluno. E, se pensarmos no futuro, com a ajuda de câmeras, esse tipo de incentivo poderia fazer bem mais. Por meio delas, seria possível saber, por exemplo, o estado de espírito do aluno e, uma vez identificado nervosismo ou falta de atenção, o conteúdo poderia ser modificado afim de ajudá-lo no aprendizado.
E você, já pensa nesse tipo de estímulo para os seus estudantes? Acredita que a tecnologia possa fazer mais do que conectar instituições, professores e alunos? Compartilhe conosco suas ideias e assine nossa newsletter para ficar por dentro das novidades.
Comments