O pensamento crítico é essencial ao aprendiz. Mais do que absorver o conteúdo, é preciso que o aluno possa formar uma opinião sobre ele e, inclusive, questioná-lo sempre que possível. Em tempos de grandes volumes de informações chegando ao estudante por diversas vias (e muitas das quais têm fontes questionáveis), é necessário que o aluno seja capaz de olhar criticamente para os dados que recebe, a fim de não apenas checar sua veracidade, mas compreender sua relevância para seus estudos e posicionar-se diante do tema. O site Edutopia falou sobre a importância do pensamento crítico na educação e como estimulá-lo em seus alunos.
Para assumir essa postura, é preciso: entender a conexão lógica entre ideias; identificar, construir e avaliar argumentos; detectar inconsistências no raciocínio; solucionar problemas sistematicamente; identificar a relevância de ideias; e refletir sobre a justificativa de seus próprios valores e crenças. Parece uma lista simples, mas cada um desses itens demanda esforço, tanto por parte do educador quanto por parte do aluno. Podemos exigir que o estudante apresente todas essas características diante de uma simples aula expositiva? Provavelmente não.
Uma das possibilidades para desenvolver a capacidade crítica é com a proposição de debates entre alunos, nos quais cada um deve assumir um lado de uma questão e defendê-lo. No entanto, até mesmo a “derrota” no embate de ideias é proveitosa, pois permite uma revisão de conceitos pessoais. Além disso, criar erros intencionais em testes (no estilo: descubra o que está errado e comente o motivo) permitem ao aluno não apenas mostrar que decorou a matéria, mas que é capaz de argumentar com seus preceitos e aplicá-la em uma situação mais próxima da vida profissional.
O uso dessas técnicas para promover o pensamento crítico exige que se explicite o que está sendo feito. Muitos estudantes não percebem o quanto estão sendo bem sucedidos na questão até que se mostre a eles a sua conquista. Assim, é importante explicar seus métodos antes de utilizá-los e mostrar os resultados aos alunos após a experiência. Uma reflexão após um debate ou um teste, por exemplo, continua trabalhando o pensamento crítico da turma e é possível que eles possam fazer ajustes e perceber inconsistências no próprio exercício. Essas ações empoderam o estudante e lhe dão a oportunidade de mostrar seu conhecimento não apenas em situações controladas e estressantes, como provas finais.
Bons questionadores
Se há algo que o pensamento crítico exige é uma boa dose de questionamento. Mas de que adianta tentar indagar sem saber de que forma fazê-lo? Aqui estão reunidas algumas dicas para encorajar o questionamento por parte dos alunos e torná-los perguntadores de primeira:
– Segurança para começar a perguntar
Fazer indagações para o próprio professor ou tutor não deveria ser algo complexo e assustador, mas, muitas vezes, é. Para que a pergunta torne-se para o aluno tão natural (ou necessária) quanto a resposta, é preciso estimulá-lo. Alguns exercícios sugerem que o aluno crie questões sobre o tema proposto. Por exemplo: “faça dez perguntas interessantes sobre o conteúdo da disciplina”. Não é um exercício de fácil execução, mas é muito rico, pois, ao criar a pergunta, o estudante provavelmente refletirá sobre a resposta além de, é claro, treinar seu pensamento crítico. O que é relevante sobre esse conteúdo? Essa pergunta invariavelmente deverá ser respondida por esse exercício. A prática levará o estudante a se sentir mais seguro para se tornar um questionador.
– Um desafio a mais
Exercícios e aulas práticas sempre podem trazer desafios e, por que não, alguma diversão para o aluno. Aplicar o conhecimento e testar sua própria capacidade pode ser uma experiência enriquecedora. Alguns exemplos de exercícios são propor que o aluno tente transformar respostas em perguntas, tornar mais ampla uma pergunta específica ou, ao contrário, especificar mais uma pergunta muito aberta. Uma ideia emprestada do mundo corporativo é a estratégia dos 5 Porquês, técnica surgida nos anos 1980 entre os empresários da gigante japonesa Toyota, que encorajava seus funcionários a perguntar “por quê?” cinco vezes em sequência a respeito de outras ideias, a fim de chegar a fundo no problema.
– Uma vez questionador, sempre questionador
Dizem que saber as respostas certas nos ajuda na escola, mas saber as perguntas certas nos ajuda na vida. Se a intenção é que essa capacidade permaneça acompanhando o estudante muito tempo após o final da graduação, ensine seus alunos a fazer do questionamento um hábito. Incentive-os a olhar sempre de uma forma nova para tudo o que é familiar. Tudo pode e deve ser questionado, principalmente o que já está estabelecido. E lembre-se de repassar essa máxima: não existe pergunta boba.
E você? De que forma trabalha o pensamento crítico de seus estudantes? Sua instituição se propõe a formar grandes questionadores? Continue inquirindo sobre o futuro da educação conosco e não deixe de assinar nossa newsletter.
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