Nota do editor: esta reportagem foi apurada e escrita no mês de junho. Conforme as semanas passaram, governos, instituições de ensino e o próprio MEC mudaram entendimentos e diretrizes que apoiaram o retorno das aulas presenciais em 2021/2. Por essa razão, esta reportagem foi levemente editada.
Dificilmente o sistema federal de ensino superior terá a volta às aulas presenciais no segundo semestre. Dessa forma, 2021 pode ser o segundo ano sem aulas e atividades presenciais na maioria das instituições de ensino superior (IES) brasileiras.
Mesmo com o tímido avanço da vacinação, que tende a acabar com as restrições impostas pela pandemia, boa parte das universidades, institutos federais e faculdades privadas brasileiras ainda não vê condições sanitárias para um comparecimento massivo aos campi.
A última previsão dada pelo Ministério da Educação (MEC) era de que a volta às aulas presenciais aconteceria no dia 1º de março de 2021. Entretanto, a portaria do MEC permitia às instituições postergarem a data, conforme o cenário da pandemia. Foi o que aconteceu, com raras exceções – como mostrou reportagem do Desafios da Educação.
Entenda a posição das universidades sobre a volta às aulas
No âmbito do ensino público, não há consenso sobre a volta às aulas presenciais. Através da sua assessoria de imprensa, a Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) afirmou que mesmo universidades federais que estavam prevendo o retorno para o segundo semestre deste ano decidiram dar um passo atrás.
Segundo a vice-presidente da Andifes, Joana Angélica Guimarães, cerca de 80% dessas instituições têm protocolos de biossegurança prontos para atender no presencial. Guimarães evita cravar uma data para que isso aconteça. A única certeza é que cursos que dependem de atividades práticas, como os da área da saúde, têm prioridade.
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Uma das dificuldades diz respeito às diferenças regionais no combate à pandemia. No Paraná, por exemplo, o governo estadual anunciou a destinação de 20 mil doses de vacina para profissionais da educação superior. A notícia dá esperança à PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Mas a migração, quando houver, será gradual e dependerá de avaliações constantes.
“Assim como na migração para o modelo remoto, em que pesquisas semanais seguidas de ajustes contínuos foram adotados até que estudantes e professores estivessem seguros da qualidade da formação em curso, também o retorno à presencialidade será gradual e pautado em avaliações e melhorias”, destacou a PUCPR por meio de nota.
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O Centro Universitário Eniac, localizado em Guarulhos (SP), adota uma postura parecida. Também por meio de nota enviada ao portal Desafios da Educação, a instituição explica que qualquer mudança no planejamento para o segundo semestre depende de fatores externos.
“Nosso planejamento é feito com base nos novos fatos relevantes sobre a pandemia, como o número de casos e ocupação hospitalar. Continuamos monitorando permanentemente a situação.”
A Uniasselvi espera pela vacina. A instituição, que oferece cursos semipresenciais em 743 polos, diz que as atividades presenciais serão retomadas quando toda a comunidade acadêmica estiver imunizada. “A plena segurança sanitária da nossa comunidade será item definidor para o retorno às atividades presenciais”, a instituição afirmou em nota.
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Segundo semestre será de ensino híbrido
Nesse cenário, o ensino híbrido ganha força nas IES. Na Eniac, por exemplo, a aposta é em um modelo de ensino híbrido no qual 35% dos alunos frequentam as aulas presenciais e o restante assiste online. A mesma porcentagem define o número de estudantes nas aulas práticas dos cursos da área da saúde.
Já a PUC-PR implementou no primeiro semestre deste ano um modelo batizado internacionalmente de Hyflex, junção das palavras hybrid (híbrido) e flexible (flexível). Mais uma vez, a ideia é que parte da turma esteja em sala de aula enquanto a outra acompanha as atividades remotamente, ao vivo, em um sistema de rodízio.
Os alunos podem escolher se desejam ou não ir à universidade. Quem comparece ao campus precisa obedecer as restrições sanitárias, como uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos. “Além disso, adotaremos outras formas de presencialidade, como a oferta de atividades em contraturno e agendamento de práticas laboratoriais”, informou a universidade paranaense.
A permissão para realizar atividades remotas no ensino superior segue até o fim de 2021, de acordo com resolução do CNE (Conselho Nacional de Educação). Enquanto isso, entidades do setor buscam a regulação do ensino híbrido junto ao MEC.
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