Considerado o maior evento do setor na América Latina, o Fórum Nacional de Ensino Superior (FNESP) celebrou sua 25ª edição com uma programação repleta de especialistas, representantes do governo e de organizações educacionais. As atividades ocorreram nos dias 28 e 29 de setembro, em São Paulo.
A Plataforma A marcou presença por meio do diretor de laboratórios virtuais Vinícius Dias, que participou de um bate-papo sobre a ressignificação das instituições de ensino superior (IES). Ao lado do diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, e outros nomes do setor educacional, ele debateu sobre o modelo ideal de IES na visão dos estudantes e como o ensino superior pode atender a essas expectativas.
Educação de qualidade
Ao abrir o evento, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a importância de valorizar o ensino brasileiro. “Independentemente da modalidade, precisamos somar esforços em todos os níveis educacionais, inclusive na formação de professores, para podermos caminhar juntos para uma educação atraente, que garanta o acesso da população ao ensino superior”, afirmou.
De acordo com o ministro, o Brasil precisa fazer um grande pacto pela qualidade da educação e garantir a qualidade da escola pública. “Só assim os jovens terão a oportunidade de fazer um curso superior que garanta oportunidades de emprego, adequando o aprendizado às novas tecnologias necessárias ao desenvolvimento.”
Para atingir esse objetivo, Santana propôs rever as questões curriculares, com cursos mais atrativos e focados no mercado de trabalho, para combater a alta evasão, inclusive na universidade pública.
Currículo humanizado
A importância do currículo humanizado foi outro tema de destaque no 25º FNESP. A presidente do Instituto Singularidades, Claudia Costin, explicou que esse modelo é vantajoso por ter flexibilidade e atender às demandas do mercado de trabalho.
“Também oferece uma formação profissional mais ética e comprometida com uma gama diversificada de abordagens e conteúdos contextualizados em relação à conquista da cidadania e de competências para viver numa sociedade plural”, ponderou.
Costin ainda defendeu a flexibilização de currículos por meio da aprendizagem baseada em problemas, a formação de pensadores autônomos e o desenvolvimento das competências socioemocionais nos alunos. “Não basta olhar para os que estão na escola, mas para os que já saíram, para oferecer competência técnica, aquisição de conhecimento e habilidades que proporcionem o desenvolvimento sustentável”, disse.
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IA na educação
Outro tema discutido no evento foi a presença da inteligência artificial (IA) na educação. Álvaro Machado Dias, professor da UNIFESP, e Annabella Laya, CEO da Acreditta, falaram como a tecnologia está revolucionando o aprendizado dos estudantes.
Para Dias, a inteligência artificial é importante não apenas porque ela representa um passo no desenvolvimento tecnológico, mas também porque quebra um paradigma na forma como transmitimos informações para as próximas gerações por meio de uma máquina. Ele destacou que um dos aspectos positivos da IA é a sua grande capacidade de transformação. “No campo do ensino, isso é fundamental porque permite o aprendizado customizado para cada pessoa, e com baixo custo”, apontou.
Foco no ensino
Professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), S.P. Kothari trouxe para o FNESP a discussão sobre a questão da aprendizagem e valorização do professor como peça fundamental para o sucesso do estudante. Coautor do relatório Ideas for Designing An Affordable New Education Institution, Kothari defendeu um realinhamento da ênfase entre pesquisa e ensino, com a ampliação da definição do que é pesquisa, por exemplo.
De acordo com ele, atualmente o cenário educacional vive um desequilíbrio, com as instituições de ensino superior focando 80% dos seus recursos para pesquisa e apenas 20% para a aprendizagem.
Essa dinâmica acarreta alguns problemas, como o alto custo da educação e do próprio foco do corpo docente, que acaba se voltando para a pesquisa porque é lá que estão os incentivos. “O desequilíbrio gera fatores limitantes para o aumento do acesso à educação superior”, disse.
Outro ponto destacado por Kothari é a necessidade de valorizar um corpo docente experiente, mas não necessariamente voltado para a pesquisa e produção de conhecimento. “Podemos ampliar a definição de pesquisa, englobando outras ações nesse escopo, como pesquisas orientadas a atividades práticas, projetos voltados à pedagogia e à aprendizagem”, acrescentou.
Aprendendo fora da sala de aula
Para fechar o evento, representantes de duas IES participaram de um painel que discutiu como o espaço do campus pode influenciar positivamente no aprendizado do estudante.
Maira Rios, diretora-adjunta da Escola da Cidade, especializada em cursos de Arquitetura, explicou que o entendimento do espaço como pertencente à cidade é fundamental. “É importante que os estudantes vivenciem a dinâmica da arquitetura das cidades, porque é nas cidades que eles irão trabalhar”, destacou.
Já Maurício Garcia, conselheiro acadêmico do Inteli, IES voltada para cursos de Tecnologia, disse adotar uma estrutura curricular diferente, que funciona a partir de projetos e módulos, o que agiliza a entrada dos alunos no mercado de trabalho. “Nossos estudantes estudam a partir de problemas apresentados por clientes, daí a importância de espaços onde possam trabalhar em conjunto.”
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